Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

quinta-feira, novembro 30, 2006

Chorrilho de palavras vãs

Ao ler o trabalho publicado na revista TIME, proposto pelo meu co-bloguer PT, fiquei boquiaberto pela simplicidade da análise, pela falta de espírito crítico e pela mais que denotada parcialidade do discurso desse "democrata" autor do texto.

Explico porquê.

Bush alienou a Palestina. Bush prejudicou Israel. Bush errou ao invadir o Iraque. Bush não percebeu o barril de pólvora que era o Irão. Bush alienou os Arabes. Bush cheira mal da boca. Bush basta pum basta à la Almada Negreiros.

Chorrilho de palavras com cara, cara de democrata ressabiado com tendências a ganhar a presidência dos EUA. É claro que qualquer análise feita nestes termos tem dois problemas de base (um pouco como a propaganda da RTPN previamente referida):

1. O mundo não começou nem acabou com Bush. Com os democratas clintianos tivemos primeiros ministros israelitas assassinados, atentados em Israel, tortura em Iraque, atentados em Africa e sobre soldados americanos. Acordos optimos mas nunca assinados nem levados a cabo. Encontros na Sala Oval. Juras de amor eterno.

Se isto é ter a situação controlada... risos, e muitos. Mas enfim, se os democratas tem a solucção, by all means...

2. Que Bush cometeu erros. Pois claro! Como todos. Que a abordagem que propos e executou foi a errada parece-me prematuro saber. Passaram 6 anos desde 9/11 e não me parece que seja possível atribui todos os males do mundo ao Sr. Bush.

Ademais, existe uma questão que o "democrata" da Time não refere. Não mais existiu um atentado nos EUA.

E isso sim é responsabilidade Bush.

Os democratas muito gostam de pazes podres. Podres no Afeganistão, na Palestina, no Libano, na Somalia. Depois quando as coisas explodem a responsabilidade são daqueles que lá estão...

Boa teoria. Irresponsável, mas boa.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Os erros fatais de Bush no Médio Oriente

Para quem quiser perder uns minutos a ler, está no site da Time uma análise sobre a política Bush no Médio Oriente e a identificação, pelo seu autor, do que considera ser os cinco maiores erros cometidos pela administração na forma como lidou com os diversos problemas surgidos na região.

O problema é sempre a solução!

Numa inversão de toda a lógica, inclusivamente a terapeutica, a grande Bandeira do Ex-Comissário contra a droga dos tempos de Guterres Vitalino Canas, essa cabeça, as salas de chuto avançam, acolhendo todo o unanimismo da esquerda, recomendando até a sua extensão a prisões, mais adianto eu, a medida deve ser extendida a espaços públicos, tribunais e esquadras de polícia.

O maná demencial do BE, era capaz disso, alias mais tarde ou mais cedo chegariamos ao absurdo de serem obrigatórias em empresas, pois os "Belmiros" deste mundo querem impedir os trabalhadores de se drogarem, aviões e comboios. Ademais se puxar de um cigarro é um ilícito (contraordenacional creio) dentro de um restaurante e outros espaços, uma sala de chuto é modernidade e progresso. Risos, muitos, no alegre passeio para a parvoice.

Mas enfim indo a assuntos mais sérios, a prevenção ou estratégia contra a toxicodependência em Portugal é um dispendioso absurdo, subsidiado pelo contribuinte que serve para por em prática teorias de engenharia social absurdas do qual o título deste artigo é bom exemplo.

A Câmara Municipal de Lisboa a breve trecho irá substituir os Gabinetes de Apoio aos Toxicodependentes pelas Instalações de Consumo Apoiado para a Recuperação. Ou seja os GAT's pelos ICAR's. Já dizia o Brito Camacho que mudam as moscas mas a merda é sempre a mesma, neste caso muda o nome mas a porcaria é toda igual.

Ora a CML anda a subsidiar com o dinheiro público instalações aonde se pratica a expensas públicas o consumo de drogas, por ora somente os necessários instrumentos, seringas, uma caminha, uma equipa de bananas, perdão técnicos de apoio social e psicologos, entre outras coisas para que os toxicodependentes possam consumir para recuperar.

A fórmula mágica é esta consumir para recuperar. Óbvio que bastantes médicos repetidamente avisam que consumir nunca é a solução pois a cura têm de partir dos toxicodependentes, deixando estes a dependência em prol de uma vida diferente, com outras companhias e estilos. Repetidamente vemos casos de toxicodependentes que saem do consumo para voltar a cair neste, precisamente pelos estilos de vida e amizades. Ora em demonstração de humanismo o que faz a CML, criar recintos de consumo de drogas, o toxicómano não deseja em caso algum recuperar, este em poucas palavras vive para consumir e orienta toda a sua existência para esse fimm . A tristeza da droga é esta, a negação do ser, da liberdade e sua individualidade, sua sociabilidade e inserção social para consumir, há quem diga que por causa da ressaca, em bom rigor creio que não apenas, mas também pelo transe de consumir, ignorar esta realidade é entrar no libelo carpideiro da "engenharia social".

Tão sub-humano é este fenómeno que os toxicómanos estão dispostos a tudo para mais uma dose, os percursos são já conhecidos, de uma casa ou família á rua, da rua ao sistema judicial, do sistema judicial a um concurso de crimes até que finalmente são encarcerados em prisões que toleram o consumo. Tudo isto numa sociedade que considera normal e até pouco censurável boa parte do percurso. O sistema judical responde com tolerância permitindo sucessivos pequenos delitos, infrações pouco importantes que vão sendo julgadas. Os toxicómanos são sempre "vítimas", "doentes" ou desfavorecidos, curiosamente com gaúdio reparamos que as molduras penais são frequentemente superiores às dos crimes e mesmo contraordenações (estes não a moldura penal que não se verifica) praticados na estrada nomeadamente a condução sob o efeito de alcool que é reprimida com severa e especial violência, enfim curiosos contrastes...

Ou seja a luminosa estratégia de criação de ICAR's levará a um crescente consumo uma vez que o toxicomano não irá ao referido centro para se curar, para ouvir psicólogos, mas sim para consumir, empregando para esse efeito meios pagos pelos contribuinte. Enfim do palanque de autismo em que boa parte da esquerda se colocou em Portugal parece correcto defender disparates e coisas que são em todo o caso avessas à própria natureza humana. GAT's e ICAR's são para além de trazer inconvenientes aos moradores da zona que têm de tolerar com o triste cortejo de criaturas que se despojaram de humanidade, formas de continuar a resolver droga com droga.

Continuando assim o cortejo de estupidez, servido com relativo unanimismo persistimos em manter uma política light de prevenção à toxicodependencia, pontuada por crescente proliferação de drogas entre adolescentes. Ano após ano vemos taxas de consumo a aumentar, ano os orçamentos aumentam e também o consumo, contudo com a criação de gabinetes, centros e psicólogos sem quaisquer justificação de entidades responsáveis ou melhorias sentidas.

Este tema é nauseabundo e em boa verdade não tenho animus de escrever mais, salvo que a única política viável será a que atacar qualquer especie de consumo, a qualquer título e colocando a enfase nos malefícios, enquanto dissuassor. O mais são floreados de engenharia social que redundam em mais consumo, mais toxicodenpendência e crescente delinquência.

Mais uma marretada da indústria musical

Recentemente, a editora Universal conseguiu que a Microsoft lhe pagasse 1 dólar por cada leitor Zune por esta vendido. O Zune e a loja online Marketplace representam o novel contra-ataque da MS ao binómio iPod-iTunes que tem o sucesso que se conhece. Para oferecer uma alternativa credível, a MS estava condenada a aceitar quaisquer termos leoninos que lhe fossem propostos pelas grandes editoras.

Hoje, o presidente da dita editora achou por bem dizer que pretende obter a mesma gratificação por parte da Apple. A troco de quê pergunto eu?

Se bem me recordo as K7 (não me lembro se também para suportes mais recentes) e aparelhos gravadores vendidos nos anos 80 e 90 pagavam uma taxa semelhante à cobrada pela Universal tendo em vista remunerar os artistas pela pirataria a que serviam. Mas pelo menos tinham uma contrapartida: podia-se grava K7s à vontade sem medo que um bicho papão como a RIAA ou as diversas associações fonográficas nacionais nos caíssem em cima.

Mas a Universal quer ter o bolo e comê-lo ao mesmo tempo: manter que considera a cópia e troca de ficheiros musicais como forma de pirataria e remunerar-se por cada aparelho mp3 vendido. Dinheirinho a entrar por um lado e dinheirinho a entrar pelo outro. A mão esquerda da Universal saberá o que faz a direita? Desconfio que sim.

Já agora, tendo em consideração que os leitores de mp3 não permitem verdadeiras trocas de ficheiros, necessitando de um computador para que se multipliquem as cópias digitais da música, por que não cobrar também uma taxazinha aos fabricantes de computadores?

Por muito que goste de música, quanto mais tempo passa menos vontade tenho de comprar CDs novos e encher os bolsos a esses xupistas.

E também gosto cada vez menos de comprar música on-line, pese embora tenha alguma comprada no iTunes. Uma avaria num disco rígido, a impossibilidade de transferir a música tranquilamente para outros computadores (só se pode até um máximo de três se não me falha a memória) e as definições regionais (estilo DVDs) que me impedem de me re-registar no itunes com um cartão de crédito português e uma morada espanhola a isso levaram.


terça-feira, novembro 28, 2006

Mais umas linhas numa qualquer tarde!

Reune na Letónia a primeira cimeira da NATO em territórios da Antiga URSS, vulgo «paraíso traído dos trabalhadores» para os letrados do PCP e outros, em que as populações eram alimentadas a propaganda em vez de géneros alimentícios. Em vez de embarcar por mais uma deriva socialista, trataremos da NATO, o seu papel passado futuro e presente.

Saudosos tempos do muro não são somente sentidos pelos melancólicos comunistas, em vários países europeus e americanos devem ser sentida uma nostalgia dos tempos da Guerra Fria, das simplicidades estratégicas que então se levantavam e do unanimismo em torno de organizações internacionais como a NATO ou do lado de lá, do Pacto de Varsóvia. A NATO, como é conhecido foi fundada em 1949 com um propósito muito simples, o de juntar numa mesma organização vários países, através de um desígnio estratégico comum. No conhecimento da história julgo que a NATO e seu acervo de tratados foram dos mais generosos de sempre, dos mais solidários e dos mais interessantes. A razão é simples, em '49 as hordas soviéticas poderiam varrer a Europa até ao Canal da Mancha em duas semanas sem grande oposição, a Europa estava de joelhos e a quinta coluna comunista estava em forte, colhendo grande aclamação e unanimismo entre intelectuais e proletários. Aliás comunismo e unanimismo sempre andaram de mãos dadas...

Continuando, foi de desígnio estratégico comum que as sortes de boa parte da Europa Ocidental e dos EUA Canadá e Turquia se juntaram, os franceses sempre foram franceses e intermitentes e conduziram sempre os seus interesses noutros planos. Tão forte foi o dissuassor e a gravidade do momento que o maior número de países na história assinou um tratado que previa a circunstância de, caso um fosse atacado, os remanescentes considerar-se-iam atacados e portanto obrigados a cooperar. A par disso no quadro NATO formaram-se gerações de militares, a Europa e os EUA partilharam, dentro do possível, tecnologias e integraram estruturas de comando, dentro de um quadro mais estritamente militar, contudo sem descurar o lado político, alias como é impossível uma vez que tensões diplomáticas se fazem sentir dentro da aliança, como hoje podemos observar.

Sem embargo contudo, no quadro NATO estabeleceu-se sem reservas que no quadro Europeu e Americano um ataque a um membro, seria um ataque a toda a aliança. Em bom momento foi promovida a adesão da Turquia, por forma a colocar uma base avançada e um respaldo contra a esfera socialista de influência. O caminho foi longe de pacífico, sendo que em 1975(6) as tensões escalaram quase a um conflito militar entre dois membros, a Turquia e aGrécia, assim como durante anos sucessivos de Gaulismo de aturaram os «arrufos» amorosos do General e posteriormente de seus sucessores. Durante os anos foram engrossando sucessivamente detratores deste belíssimo sistema internacional, fora por serem olharapos a soldo de Moscovo, seja por uma vez terminado o soldo de Moscovo sobrava o ódio ou inveja que frequentemente se entrelaçam enquanto sentimentos. A esses pergunto se alguma vez a NATO promoveu intervenções sanguinárias como a realizada em '68 na Checoslováquia, em nome da «solidariedade socialista», ou sucessivas ameaças posteriores, como na Polónia em '80 entre outras? Pois caros camaradas, nunca a NATO foi instrumento de chantagem e os seus tratados constituintes serviram como os do Pacto de Varsóvia para a institucionalização de ingerências em nome de solidariedade socialista, ou seja imprimir aos seus aderentes o expediente político de Moscovo, ou seja tudo caladinho e vermelhinho.

Caído o muro, mudou o paradigma estratégico, o inimigo com quem se dividiam fronteiras ruiu por dentro e as ameaças mudaram, para os mais desatentos, desde o dia 11 de Setembro, para os outros um pouco antes. Mais ainda a Europa, um dos lados têm ambições que ninguém entende muito bem, a começar pelos iluminados de Bruxelas que ora dispõe mas nada põe. Utopias como projectos estritamente europeus de defesa e tudo mais disfarçam uma ingratidão latente aos EUA, mas também um ciúme forte, uma vez que se no modelo «Guerra Fria», a Europa seria um teatro fundamental, logo gozando de peso em face dos EUA, para instalação de operações mas não só enquanto parceiro político, no mais recente futuro, a teoria das alianças varáveis está em voga, também as ameaças simétricas e outros eufemismos empregues pelos cada vez menos pragmáticos teóricos das relações internacionais.

Uma análise sem eufemismos e palavreado de trazer de livros diz o seguinte, a Europa não têm a importância de 1989, militarmente não projecta força para além dos seus limites estratégicos, em termos separados os países europeus, sendo potências médias têm boas vantagens culturais e económicas, perder tempo com os de Bruxelas não vale a pena, ademais sendo as ameaças outras, a quem interesse, ou seja aos EUA interessa procurar outros parceiros regionais, tal como o Paquistão, a Índia ou outros que se imponham consoante as circunstâncias. Óbvio que a análise não é assim tão simplista, contudo quem se encontra na encruzilhada é também e principalmente a Europa. A ameaça norte americana está bem definida é o terrorismo, aonde este se encontre, ja o disse W. Bush há muito tempo.

Lógico que os EUA não podem descurar os aliados europeus numa lógica meramente de transacção, ou seja uma vez que não sendo necessários serem descartados, contudo a Europa não poderá ser o bastião da moralidade e costumes ou outras causas mais ilusórias, enquanto projecta fraqueza aos olhos de todo mundo. Alias talvez o erro seja falar de Europa, uma vez que em caso algum os seus membros representam uma frente concertada e interessada em promover e manter as finalidades do tratado do Atlântico Norte. Assim sendo o papel da Europa não deve ser o de contraponto aos EUA, tal é errado em última instância levará à destruição da massa que une os nossos destinos de defesa, devendo optar por uma via pragmática ou seja encontrar maneiras de cumprir a agenda que prometeu respeitar salvaguardando os seus interesses, alias as melhores parcerias são estas. De menos não se pode exigir aos EUA que apreciem a Europa a cotações de 1989, nem esta estar à espera dos tempos que já passaram.

A riqueza de uma parceria estratégica reside para além de valores comuns na utilidade que os diversos membros têm reciprocamente, ou seja mostrando-se a Europa demasiado cara para os seus benefícios ou os EUA demasiado exigentes, tal só poderá resultar no término do encontro de vontades que até hoje juntou ambos.

Igualmente não resulta útil para a Europa, para além da necessária concertação estratégica buscar consensos com a Rússia que joga noutro plano, a par não será bom jogo procurar aprofundamentos políticos e económicos por um lado e depois colocar as fronteiras da NATO o mais a Oeste possível de preferencia bem encostadas ao império de Putin. Primeiro por ser absurdo e pouco credível e segundo por não ser aconselhável pois por diversas vezes os russos demonstaram uma capacidade inexcedível para recuperarem e melhor ainda se aproveitarem das fraquezas das potÊncias europeias quando aliadas entre si. Não perdendo tempo com os que acham que nenhuma aliança querem e entendem que o que vêm dos EUA é nefasto, somos propensos a que a NATO continue a ser a primeira linha estratégica militar europeia e nacional, isto sem prejuízo da UE encontrar consórcios e formas mais concertadas de intervenção desde que nem prevalentes nem coincidentes com o escopo NATO. Não foi por acaso que os EUA invocaram a famosa cláusula 5ª do tratado NATO aquando o 11 de Setembro, foi também um aviso aos estados europeus para mudarem de "modelo" estratégico, a luta futura é contra o terrorismo e outras formas de ameaças.

A Europa compreendeu e reconhece o papel da NATO, sem embargo dos mirabolantes discursos de Bruxelas da utopias francesas ou outros, melhor prova ó Afeganistão, teatro longínquo de operações, bem fora do âmbito originário dos founding fathers de '49, ou mesmo do momentum histórico de 1989 ou 1992. Não é de menos verdade que a Europa quer o sol na eira e a chuva no nabal, ou seja o chapeu americano de defesa, a par do papel de "grilo falante" da moralidade.

É com o lamento de não conseguirmos ter aflorado o tema a que nos haviamos proposto que terminamos, com o ensejo de que a NATO seja daqui a 50 anos fruto do mesmo debate, era bom sinal, de que existia.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Música? Toca a pagar e o paradoxo da pirataria

Como se não bastasse os CDs serem caros, virem cheios de "protecções" que apenas prejudicam o imbecil que compra o disco e a qualidade do material editado em Portugal ser terrível a malta do microfone descobriu nos direitos conexos um novo filão para garimpar umas migalhinhas.

Basicamente querem atirar-se a quem passa música, sejam DJs em discotecas, centros comercial com música ambiente ou a lojeca da esquina que mete uma musiquinha para animar a clientela.

O que interessa é cobrar.

Se até agora a luta era apenas contra o papão da pirataria (que tal discos mais baratos e música mais variada?) e quem passava música só tinha de se preocupar em comprar os originais da música que passava, agora nem isso chega.

Ou seja, pagam pela música quando a compram (o cd) e pagam por ela quando a passam.

Amanhã se derem por mim a cantarolar uma música que gosto ou ficar com um refrão na cabeça também terei de pagar?

Comparemos agora esta atitude com a posição da indústria de moda quanto à pirataria das suas criações artísticas.

Ao contrário da indústria fonográfica que quer defender cada vez mais "direitos" seus e dos ditos "artistas" a alta costura apenas se preocupa em proteger a marca. E espantosamente, dão-se muito bem com isso. A explicação é muito simples: a pirataria de desenhos e padrões acelera a obsolescência aparente da roupa e a necessidade de as pessoas comprarem nova roupa para se manterem na moda.

A cópia directa, ao invés de destruir a criatividade (como alega a indústria fonográfica) pelo contrário incentiva o seu desenvolvimento.

Chamam a este efeito o paradoxo da pirataria.

Sendo certo que muito distingue ambas as indústrias é de realçar a abordagem totalmente distinta ao problema comum da "pirataria".

Sobre este tema recomendo vivamente a leitura do estudo de dois académicos das Universidades da Califórnia e Virginia disponível aqui.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Real Madrid ou o atirar de dinheiro pela janela

Diz o ditado que quanto mais se tem, mais se gasta.

Uma máxima que se aplica como uma luva aos clubes de futebol e em especial ao Real Madrid.

Ramón Calderón assinou recentemente um contrato de cedência de direitos televisivos para os próximos 7 anos pelos patacos de 1000 milhões de euros. Repito, mil milhões de euros. Trocos, portanto. Ainda o contrato não estava assinado já dava conferências de imprensa a dizer que vinha aí uma pipa de massa.

Como aqui em Espanha se continua a discutir ao fim de seis meses a legalidade ou ilegalidade da sua eleição e antes que seja ejectado da cadeira de presidente, nada como torrar já boa parte do dinheiro.

Os jogadores do plantel principal foram os primeiros a fazer fila na casa de partida do Monopólio: Guti, Roberto Carlos (aos 35 anos) e Sérgio Ramos (com contrato assinado o ano passado) já estenderam a mão a pedir umas migalhinhas desse manancial para as suas contas bancárias.

Calderon acedeu imediatamente ao pedido dos primeiros. Quanto ao terceiro pouco tempo deverá faltar.

Depois, declarou publicamente o interesse por dois jogadores argentinos Higuain y Gago. Resultado os presidentes dos clubes respectivos fecharam-se em copas e passaram a exigir umas migalhas maiores. Algo como 15 milhões de euros. Petty change para alguém com a bolsa pesada.

Mas isso não é torrar dinheiro dirão V.Exas, e com razão.

Torrar dinheiro como um novo rico é oferecer 140 milhões pelo Kaká (mais 10 milhões/época LIMPOS) antes que fuja.

Quem, o jogador? Não, o dinheiro!

Faz-me lembrar aqueles vencedores de prémios de lotaria que em 6 meses - 1 ano desbaratam a sua taluda com contratações sonantes para a equipa da sua terra. Mas esses, ao menos, desfazem a sua fortuna.

Por este ritmo daqui a 3-4 anos vamos ver outra vez o discurso de coitadinho do então presidente do RM a dizer que o passivo é alto, que não têm dinheiro etc etc.

Business as usual.

Mais uma prosa da Sra Câncio

Numa semana fértil em eventos vários, com diversos assuntos, desde "passeatas militares" à revisão do modelo de financiamento da OTA, esconço que ainda não iniciado ou sequer decidido já irá sair mais caro que o inicialmente previsto, as peripécias de Carmona que entrou numa vertiginosa espiral de idiotice crescentemente efeverescente para prejuízo dos munícipes somos à 6ª como de costume brindados por mais uma prosa da Câncio, a primeira jacobina da nação.

Infelizmente parece ter Câncio uma fixação religiosa com a Igreja, o Vaticano e certamente o Cristianismo, uma vez que, semana após semana, na gazeta do PS, leia-se o Diário de Notícias, versa temas de religiosidade, aborto, sempre em tom jacobino, denotando, para além de uma patológica obsessão um tom moral superior, certamente do alto do seu Olimpo socialista, estando o Zé do povo, não o outro, cá em baixo.

Começa a ronçeira prosa, com o título «Habemus sexo, não preservativo». Só o título diz tudo para além de ser um xiste de teatro de revista dá imediatamente uma lamiré do que para aí vêm.

Continuando, «Não se esperam decerto milagres do Vaticano - instituição vocacionada para os validar, não para os operar - e muito menos sobre temas "fracturantes». A piada está muito divertida, nem os malucos do riso se lembrariam de tal jogo de palavras, mau grado ignorante, seja pelo Vaticano não ser nenhuma instituição mas sim um Estado, seja por os Estados ou instituições não conseguirem fazer milagres pois são coisas e não pessoas. Mas enfim o jacobino exercício certamente ilustra a pobreza de espírito, os temas "fracturantes" para a Senhora Câncio não vão além da cama, ou outras divisões ou locais conforme preferencias. Ora a Igreja não endossou, nem por motivos de saude pública o uso de preservativo, ao arrepio da primeira deusa do firmamento socialista, ao arrepio do primado em absoluto e sem reservas da vida como primeiro e mais importante valor humano .

Infelizmente a Câncio não entende mais nínguem a não ser a própria e lamentavelmente têm um estranho fascínio por padres, freiras e a Igreja, a prova é as esperanças depositadas no Vaticano, a Câncio não é certamente iletrada ou inculta, mas faz-se pois o bias com que escreve apenas denota que estaremos perante uma pessoa que deliberadamente quer manipular eventos, factos e palavras. Em boa razão críticas destas devem-se em minha opinião ao facto da Igreja existe, em edifícios mas mais importantes nos corações e cabeças dos homens, com existÊncia física é a bandeira e estandarte permanente levantado de uma concepção valorativa de valores como a vida, liberdade, a dignidade humana, a unicidade do ser humano e da alma. O socialismo como doutrina do século XIX vêm vender uma chusma de velhas ideias, tentando vender uma ideia de humanidade e solidariedade que para além de ser decalcada do cristianismo, é uma sua perversão ou mero produto de um recalcamento mental de vários.

Continuando, brinda a cronista o povo com o seguinte dislate: «As consequências desta atitude, que chegou em alguns meios ao ponto de se transformar numa espécie de "filosofia de vida" que faz do sexo sem protecção uma roleta russa, estão plasmadas nos números que a Onusida apresentou esta semana».

Palavras para quê?

Termina a autora com o seguinte parágrafo:
« A grande explosão de diagnósticos dos últimos anos é nas mulheres, sobretudo nas com mais de 50 anos. Muitas "culpadas" de um único comportamento de risco, o de terem sexo desprotegido com um único homem- aquele com quem partilharam a vida, não raro nos laços do sagrado matrimónio. E isto num país em que a maioria se diz, sem hesitar, católica, e tanto incensa o valor da vida. Que o seu deus lhes perdoe. »

Faltava pois, para terminar a coluna proto-sentimental, o relambório das pobres mulheres que iludidas pelos terríveis machos, que sob a capa do matrimónio e com benção da Igreja praticam as piores pilhérias nas pobres mulheres que nada são para além de meros olharapos, sem liberdade ou direitos face à lei, sociedade ou seja lá o que for.
Os vis machos, fornicadores, promíscuos, maldosos não se coibem de, após impregnarem a torto e a direito tudo o que podem, vir a casa, atacar as quasi-santas mulheres que fieis não ousam enfrentar a estreiteza de uma sociedade com pudores falsos e cristãos destas espera este comportamento e vêm com estranheza o divórcio, condenando as que a estes expedientes recorrem ao ostracismo e à censura social.

Contudo não deixem estas de saber que no ombro da Sra. Câncio gozam de protecção e amparo, um irónico que deus(propositadamente escrito pela autora desta forma) lhes perdoe.

Enfim, palavras para quê?

quarta-feira, novembro 22, 2006

O General Cansaço!

Napoleão e Hitler foram parados às portas de Moscovo pelo infâme "General Inverno", o gélido Inverno russo que levou a que suas tropas fossem paradas.

Hoje segundo resenha de imprensa, foi o General Cansaço que ditou a derrota dos russos. Em minha opião o Porto ganhou pois para além do show de bola que montou foi sempre a equipa superior ao campeão russo.

Generais ficam na bancada, não entrando em campo, tal como os jornalistas e demais "opinadores".

Moral da história, levaram banho de bola e não gostaram, jogaram na retranca e ficaram sem tranca.

Como dirá um amigo meu 2-0 e não podem fazer nada, bastando somente não perder com o arsenal... Parabens também ao SLB pela vitória sobre os Vikings, resta somente o SCP cumprir a árdua tarefa para que a jornada de champions seja de tripla!

terça-feira, novembro 21, 2006

Continuar a educar para comprar?

Substituido recentemente por leituras mais lúdicas, a obra "Iron Kingdom"Christopher foi das leituras mais interessantes que realizei. Em 687 páginas o autor conta-nos a história da dos Hollenzollern, desde os seu início, em 1415 como família menor no rico mosaico de principados germânicos, passando por crises e momentos de grande desenvolvimento. A compreensão da história deste Reino, desde 1713 chamado de Prússia é fundamental para entender o processo de formação da Alemanha, mas também de parte da sua psique colectiva, e mais importante de 500 anos de balanço de poderes na Europa Central.

Essencial para esta percepção estratégica, que perdurou desde 1648, ano em que o Reino foi quase destruído por hordas de invasores de diversos paises, com especial destaque para os Suecos, Austriacos (na altura sem este nome) e outros é essencial. 1648 com a paz de Westfalia significou quase em simultaneo o início do reinado do Grande Eleitor, ora a história que se segue e conhece o seu ponto alto na fundação do Império em 1871, e o seu reconhecimento como potencia de primeira linha no continente europeu suplantando a França e ombreando com a poderosa Russia, é longa, sangrenta e forjada em sangue, valerosas famílias militares e aristocráticas cujos apelidos curiosamente são repetidos longamente por centenas de anos de história, até 1945, na maior parte das vezes com respeito à mais integra e valerosa tradição militar.

Esta imagem é já conhecida e amplamente vista, a Prússia, potência militarista e agressiva com intenções territoriais agressivas, sem dúvida que tais factos são em parte verdadeiros, mas também se conhece a Prussia e Brandenburgo antes como terra de filósofos, de intelectuais, de artistas, pensadores políticos e homens de diversas artes. Curiosamente durante o reinado de Frederico o Grande e no de Frederico Guilherme II, a Prússia granjeava uma reputação europeia de erudição e liberdade de pensamento, suplantando a livre Inglaterra e a França, mesmo sendo uma monarquia do Antigo Regime.

Não sendo o nosso desiderato resumir mais de 500 anos de riquíssma história chamamos a atenção ao bom leitor, que provavelmente ao momento responderá com um bocejo ao interessante facto de desde a primeira década de 1700 a escolaridade mínima ser obrigatória em todo o reino para toda a população, excepto os servos cujo estatuto terminou somente no século XIX. Curioso paradoxo sem dúvida... Contudo as taxas de literacia foram desde então das mais altas do mundo, daí ao surgimento de classes literadas, consumidoras de cultura, de debates e da criação de um substrato cívico foi um instante, a par disso foi lançado desde pelo menos o reinada de Frederico Guilherme I um sistema de recrutamento de diversos súbditos, sistema que depois da débacle de 1810, na qual o reino sucumbiu à ocupação Napoleónica e ao temido jogo entre as potências da europeias cimeiras, foi o espartilho para a fundação da Alemanha sob auspícios de Berlim.

Curioso, entre outros é a questão da literacia, sempre uma preocupção de sucessivos monarcas e demais entidades administrativas, sendo este um dos suportes de criação de uma forte burocracia, organizada e eficiente, á medida da época.

Aportando este paradigma aos nossos tempos, somos forçados a reconhecer que em Portugal, quanto maior for a prosápia e a retórica do discurso mais se destapa a careca do facto da ileteracia fazer parte do DNA da nossa história. Vejamos pois que a escolaridade mínima foi tornada obrigatória desde o início do século XX ( quase 300 anos depois) e só implantada seriamente desde a sua segunda metade. Verdade seja dita a convergência verifica-se, as taxas de literacia são as mesmas que os remanescentes povos europeus, contudo importa distinguir da literacia o colher dos benefícios a esta relacionados, ou seja a erudição da população, a aprendizagem, a transmissão de valores sociais e de verdadeira abertura mental e liberdade de pensamento que hoje em dia verdade seja dita não conhece ainda o país.

O discurso da qualificação profissional é importante, mas também o de cultura, uma verdadeira cultura de massas no bom sentido, que partilhe um substrato comum cultural e uma verdadeira afinidade de civilização portuguesa, de perenidade e evolução. Ora precisamente o que denotamos é o contrário, somos literados q.b.,é possível aceder à cultura e a outros bens, contudo em vez de apostar nestes, na formação das crianças, numa erudita educação, clássica q.b., com conhecimento de artes, ciência, literatura e cultura persistimos em modelos desadequados à nossa realidade. Um esforço colectivo deve começar nas famílias, quais são os pais que educam verdadeiramente os seus filhos, que se preocupam com uma educação séria, viva e completa, muito poucos. Contudo os mesmos que vituperam o estado, professores e seja lá quem mais for são os mesmos que investem e se endividam bem acima do seu rendimento em bens de consumo, cedendo à tentação de educar os filhos de fronte à televisão e à escola que mais não faz que espelhar as crescentes desigualdades sociais.

Continuando, o falhanço educacional português, latente desde a atitude profissional, ao comportamento na estrada, ao acesso a serviços públicos, ao serviço da res comum é atrasado para não dizer primata.

Tendo adquirido uma benvinda prosperidade, a classe média preferia ter um culto de mediocridade ou de simples inveja pelas suas próprias frustrações, verdade seja dita que desde pelo menos há 30 anos subiu de pleno poder incontestado ao controlo dos desíngnios nacionais, contudo com o voto, ou a participação em sociedade não adquiriu um sentimento colectivo de erudição e levantamento de expectativas, pelo contrário, descarrega no estado e em bens de consumo o tempo e rendimentos que devia dispender num culto de exigÊcnia próprio com as ambições do país e em investimento em bens colectivos.

Voltando à comparação que os próprios dirigentes políticos fazem com a Europa é aí que falhamos, na atitude cultural, na erudição e no sentimento colectivo, optando pelo fácil, o barbarismo de agitar umas bandeirolas por ocasião desportiva, ao mesmo tempo que terminadaa festa se deixam as ruas sujas, não é solução, pelo contrário é prova de retrocesso de um povo emocionalmente imaturo. A literacia não é formar centenas de milhar de jovens em más universidades ou liceus de terceira categoria, mas sim criar mentalidades livres e cientes do que é a sociedade,a vivência e valores comunitários. Educar para comprar parece ser o luso apanágio que há muito deveriamos alterar.

segunda-feira, novembro 20, 2006

A revista de semana!

Ao jeito do Professor Marcelo, caso o bom leitor perdure no bravo desígnio de levar a leitura destas linhas até ao fim, trataremos de levantar uma resenha dos diversos eventos de mais um fin de semana que, como muitos outros antes termina de forma rápida e agoniante...

O Eng. Sócrates já reuniu com o novo procurador, de forma a elucidar o mesmo acerca das prioridades de investigação e certos casos. Velhos hábitos morrem tarde pois claro, sendo certo que Souto Moura era qual piñata mexicana alvo para pauladas de todos os lados, desde o Engº Socrates ao puppet master Sampaio, que a seu bel prazer manipulou e teve como refem o PGR. Parece que o assunto foram as buscas no BES, pois pasme-se o offshore da madeira foi utilizado para fins ilícitos segundo a CNVM castelhana. Alias a mediática busca em Madrid apanhou patacos, somente 0,5% dos montantes envolvidos, os restantes 99,5% estavam em entidades financeiras espanholas que não mereceram a atenção que o BES teve. Em mais uma demonstração de inteligência indígena os media deram honras de primeira página cumprindo o velho adágio de quando é notícia lá fora é para vender cá dentro... Estranhamente a Banca espanhola passa incólume por tudo isto, estranhamente a CMVM e o Banco de Portugal andam a apanhar bonés e o MP nem vale a pena falar disso. O único com desculpa é o Dr. Constâncio que certamente anda a"cozinhar" mais um esfíngico relatório com boas e más notícias e formulações cripticamente elaboradas sempre honrando a sobejamente conhecida independência do Governador do Banco de Portugal...

Bens do Veiga, parece que o Sr. Veiga ex-director do Benfica viu os seus bens arrestados em processo que o opõe ao Banco Dexia. Pior ainda viu o seu mau gosto de interiores exposto na TVI, que infelizmente não tendo nenhum programa de "Casa e Decoração", têm um super maganize sentimental, de fait divers, de sexo, violência, crime e informação para os amigos do Forrest Gump que dando pelo nome de Jornal da Noite deveria passar a Borda D'Água ou outro. Voltando ao Sr. Veiga, não satisfeito com a exposição pública de seus belos "maples" floridos e demais mobília certamente adquirida no Conforama do Luxemburgo aquando a sua passagem pelo Grão Ducado, retorquiu em prime time perante a nação no que era mais uma campanha contra ele e contra o Benfica, alias por conta disso demitiu-se, deixando uma das suas fontes de rendimento. O Velho fadinho do caloteiro que não tendo dinheiro, beneficia da useira e vezeira prosápia lusa de contar histórias de chorar as pedras da calçada... Sr. Veiga, depois de 1 hora de TVI jornal creio que pouco possa já impressionar alguém, a surriada de emoções é tão grande que á terça feira o Miguel Esteves Cardoso passa por soft e o choradinho já costumeiro no mau gosto...
Sem prejuízo fica contudo o notado para a posteridade o mau gosto e o belo do maple florido...

Qual professor Marcelo estamos pois já aquecidos não obstante a fresca manhã, passando assim a temas mais quentes, o livro do Dr. Santana Lopes, infelizmente correm meus olhos a sua leitura que se recomenda ao leitor por ser deliciosa, o estilo uma mescla de Margarida Rebelo Pinto com as memórias de Sir Winston Churchill, o tom ora «institucional», como o autor se descreve, ora «emocional», serve diversos propósitos, nomeadamente a possibilidade do mesmo apresentar o seu testemunho pessoal que ultrapassa em termos de interesse práctico a história de La Fontaine do «sapo e do escorpião», que marca o tom das memórias do Prof. Cavaco e suas relações com o Dr. Soares. Alias recomenda-se mais uma vez como boa leitura, que não estando por terminada têm o benefício de colocar várias perguntas sobre o carácter da efémera dupla Sampaio-Santana e do papel presidencial do mesmo, desde a sua hesitação, demorando mais de 10 dias a nomear novo governo, ao seu papel desde o dia 1, marcando severamente o papel do XVI governo Constitucional, ao arrepio dos diversos precedentes criados pelo mesmo e da Constituição macaca que nos governa. Fica a dúvida no ar? Porque Dr. Sampaio, desde o dia 1 negar o menino guerreiro com base em motivos políticos?
Mais ainda é interessante testemunhar com base na súmula de Santana o papel do PR na nomeação, indigitação e escolha dos diversos ministros para um executivo formado em poucos dias. Ontem o Prof. Marcelo em mais uma diatribe resolveu falar sobre este assunto, dizendo duas coisas, uma certa outra errada, como frequentemente acontece. Primeiro que o Dr. Santanta deveria ter ido para eleições, sem prejuízo de seu Governo ser inteiramente legítimo, politicamente e democraticamente face à Constituição,legitimado pelo empossamento Presidencial e pela sua opinião em Programas da TVI da altura e pelo precendente "Guterres-pântano". Mais ainda disse o jurisprudente que Santana se pôs a jeito, aí endosso a opinião deste, coisa que alias é comprovada pelo tom de ingenuidade com que Santana escreve seu livro, especialmente acerca de Sampaio que contrasta com a sua apreciação nua e crua dos factos e suas opções, se a análise presente de Santana hoje é bastante mais clara e lúcida porque na altura foi tão naif? Não querendo ser injusto, creio que somente a tese da aceleração e rodopio causado pelo exercício de função de Primeiro Ministro não sera suficiente.

Círculos socialistas nos media levantam também o fantasma do Dr. Barroso, clamando com espanto que o mesmo persegiu activamente a indigitação como Presidente da Comissão Europeia a par de declarar procurar a nomeação do Dr. Vitorino, ora não fizessem tais notícias parte de demarcação e preparação de terreno para futuras hostilidades tal não merecia dois comentários, contudo, por ser mais uma viciação das regras da liberdade de expressão política, ou seja da batota, primeiro, tal espanta alguém? Segundo o Dr. Vitorino teria algum peso político? Terceiro o trabalho como comissário foi assim tão bom, aí bom leitor julgo que não, alias em boa opinião é somente mais uma onda de espuma socialista para o mau perder que demonstram pelo facto de Barroso ser uma ameaça credível em termos políticos, seja para futuras legislativas, seja para presidenciais depois da monarquia de boliqueime.

Continuando, parece que Carmona Rodrigues, esse cavalheiro pouco «político» nas palavras de seu antecessor decidiu por fim à coligação com CDS na Câmara de Lisboa, na origem de mais um profundo celeuma ideológico no poder local esteve a nomeação de algumas pessoas para certos e determinados cargos que vão gerir uma boa bolsa de milhões, assim e de penada termina-se a coligação que garnantindo estabilidade partilhava um projecto e trazia alguma seriedade à fandanga edilidade de Lisboa. Os círculos socialistas agradecem o facto de Carmona se ter colocado a jeito para iniciar a reconquista de Lisboa, com o famoso vereador Gaioso no papel de Martim Moniz... Já se começa a falar em eleições antecipadas, hoje em sussuro, daqui a meses em surdina em pouco tempo episódios concelhios partidários e nomeações, orçamentos ou influências levaram à sua queda e à de uma das maiores vitórias do PSD que se deu nas autarquicas de 2002 e diga-se por seu mérito próprio.
Grosso modo mais uns pontos para o caciquismo, o Dr. Carmona não poderá seguramente dar a imagem de impoluto e de pouco politiqueiro, em jeito de eulogia fúnebre, augura-se pouco sucesso a esse tribuno do povo.

A governação socialista segue de vento em popa, o crescentemente distante Sócrates, decide, fazendo jeito da sua boa gestão de imagem brindar-nos com os seus sounbites a seu bel prazer, resolvendo falar de lado para os jornalistas, atropelar alguns ou simplesmente ignorar os arautos do povo, etc...
Nos tempos de outros primeiros ministros estes seriam considerados distantes, arrogantes, pouco comunicativos ou outra baboseira qualquer, que contrastando com a genial gestão de imagem e arrojado estilo governativo são mais do mesmo ou seja a antítese da antítese, ou seja duas negativas fazem uma positiva...
A par disso ficamos a saber que a ligação Porto Vigo de TGV, custará 2 mil milhões de euros e demorará 1 hora, pois claro que depois para chegar a aLisboa serão outras duas ou três mas enfim, who cares?

Na la la land socialista, vulgarmente conhecida como Portugal ou quintal do Engenheiro, vai tudo bem sem prejuízo do tribunal de Contas, certamente a contra gosto consegiu descobrir uma falha de 300 milhões de euros no orçamento, mérito seja feito ao Engenheiro, acabaram as receitas extraordinárias, o aumento de impostos é para efeitos de classificação de despesas receita ordinária e em vez dos infames proveitos extraordinários temos a maquilhagem fiscal ou simplesmente mentira pura e dura... Mais uma marca do arrojado estilo do "Gladiador" das Beiras que substitui o "menino guerreiro"... è um facto. Há muita violência neste país...

Para o final um docinho, o Dr. Coelho vai-se reformar, o Público deu-lhe honras de estadista em artigo publicado na revista dominical, na qual realiza uma brevíssima súmula de sua carreira e achievments. Nascido em Magualde e filho de um membro da União Nacional do distrito, em pueril idade militou na oposição anti fascista, o país à época tinha 8 milhões de habitantes e 80 milhões de antifascistas... Cedo descobriu a inclinação para as políticas, tendo militado na UDP, sendo homem de diversos contactos e ofícios, depois conheceu o ex-vermelho Murteira Nabo, tendo em '84 sido secretário geral da Carris, seguidamente passou por Macau, ahh Macau pérola do Oriente e local de orientais vícios e costumes, depois regressou, eleito deputado, ministro do PS, homem que controlava as finanças partidárias e o aparelho de Guterres, Rodrigues e Sócrates, enfim linhas e páginas sem que reputassem ao nativo de mangualde uma ideia, um projecto, uma filosofia política, um credo nada... Ou seja mais um homem luso dos sete ofícios, dos expedientes e de outras coisas que assumindo-se como homem do povo e de parcos costumes enriqueceu em Lisboa ao serviço da causa pública, enfim um docinho tirado dos livros de Eça e um produto do jardim inaugurado pelo rotativismo de Abril...

sexta-feira, novembro 17, 2006

The departed - Entre inimigos

Duas palavras acerca do novo filme de Martin Scorcese, com Jack Nicholson entre outros:

Grande Filme!

A perfilhação e linhas soltas de pouco nexo....

O PR decidiu participar em programa na SIC-Notícias dando uma entrevista a Mª José Stock. Como ainda não estamos em época de bolo rei, não tive o belo prazer de a acompanhar integralmente, assim como a de Pedro Santana Lopes, concedida ao canal 1 (ainda se diz assim?),na qual a sapiente jornalista queria rivalizar em tempo de palavra o entrevistado, mas para essa "profissional" já não há saco.

Felizmente só tive tempo de apanhar os soundbites da entrevista, que sem prejuízo de terem passado no crivo da comunicação social do PS, foram fracos para não dizer secantes. Cavaco, fiel a si próprio vendeu uma nova versão do discurso seco de "deixem-nos trabalhar". Neste caso foi polvilhado por tiradas como «estamos a trabalhar para o bem estar dos portugueses», ou que «A cooperação silenciosa é aquela que pode produzir resultados. Não é importante que se fale alto».

Com a constituição fandanga deste país o PR pode fazer tudo, dizer tudo a viciar todas as regras do jogo a seu bel prazer. Exemplos, os mandatos de Sampaio e Soares que foram, hinos à Legística portuguesa, conseguindo até o fenómeno de «anunciar intenções de dissolução de Assembleia da República». Anunciar uma intenção, algo que certamente encontrará espaço na macambúzia cabeça dos mediocres constitucionalistas deste país que decidiram fazer uma melange de cretinices ao produzirem a CRP vigente e suas sucessivas e bácoras revisões. Prova disso, as sucessivas crises constitucionais de 1981 a 1986, e os anos Soares e Sampaio.

Cavaco contudo, qual protagonista esnobado decide carregar por escolha própria a cruz que Sócrates escolheu, agravada por uma fraudulenta campanha política e de imprensa, contudo tendo o «Homem», costas largas decide inaugurar uma nova linha de «cooperação estratégica» ou seja mandamos os dois para que ninguém mande... Transvestindo-se de presidente à francesa, esse grande país, decide o PR dar a mão ao Governo que conduz grandes reformas, tendo assim Sócrates o ombrinho amigo e a retaguarda protegida.

Continuando, Cavaco sendo traumatizado pelo nefasto Soares decide corrigir a mão do seu algoz, especialmente depois de 1992, que em manobra política o suplantou muitas vezes, fazendo gato sapato do menino franzino de Boliqueime. Decidido a evitar erros do passado Cavaco inaugura então assim a cooperação estratégica, mesmo que isso implique renegar aos «seus», que em bom rigor nunca o trataram muito bem.

Sócrates delira, respira e transborda em projectos, megalómanos ou não, sabendo que a consciência social do PR é coincidente com a sua. Óbvio que «consciência social» é um eufemismo para manobra política, ou seja Soares e Sampaio promoveram sempre as suas manobras do QG de Belém, Cavaco pelo contrário, mau jogador de poquer, já mostrou a mão, não agirá tão depressa para colocar em S. Bento um governo mais simpático, provavelmente com Ferreira Leite ou Marcelo à cabeça (mais dificilmente o segundo claro!).

Pior ainda deu a iniciativa total a Sócrates, as reformas promovidas e a modernização são já velhas glórias do Cavaquismo, projectos megalómanos ibidem. A ideia do bom menino europeu ainda melhor. Contudo, onde se encontram os dois é na concepção de Estado e serviços públicos, Sócrates e Cavaco são domadores de elefantes, ou seja mantendo o Estado, grande e gordo, com largos poderes e funções é a sua linha. Ambos jogam em manter uma pleiade de prestações sociais, muitos funcionários públicos, carga fiscal dispare, ou seja o presente estado de coisas.

Porque domadores de elefantes? Porque ambos conhecem um facto inegável que quanto maior for o elefante, maior a atenção, protagonismo e permitindo continuar a governaçao de um estado com séculos de clientelismo, alimentando os meninos dos partidos e os indigentes inqualificados que encontram nos braços do estado um compagnion de route. O retrato é uma rábula demasiadamente exagerada sem dúvida, contudo os traumas de Cavaco são profundos e condicionaram sempre a sua manobra política, o seu final último, ser maior que Soares e obter votações unanimes, ser maior e ainda tentar um malabarismo no qual o PS nunca cairá, o de ser o único candidato credível às futuras presidenciais, reeditando a manobra que significou o seu obituário antecipado, as famosas presidenciais de '92.

Esta é a única linha que fará sentido, caso Cavaco nos decida surpreender, tentando em 2º mandato fazer monobrismos políticos... Em todo o caso, persistindo assim, assistimos em entrevista a mais um momento inédito, ou seja o primeiro acto de perfilhação em directo. Com Sampaio e Soares os PM's Sociailistas eram tratados como bastardos rabinos que apreciados e favorecidos discretamente levavam palmadas cada vez que saiam da casca. Cavaco apoiou convictamente Sócrates por achar que é o correcto num tom paternalista do velho "deixem-nos trabalhar", a ver se têm estômago para Sócrates... Uma coisa é certa pôs-se a jeito para não ter grande sucesso.

Eu, contribuinte, quero apresentar uma reclamação!

No passado dia 15, efectuei o devido pagamento do imposto de valor acrescentado referente à minha actividade de profissional liberal.

Larguei 21% do meu rendimento trimestral de modo a que o Estado preste os serviços de estado social que, de acordo com a Constituição, lhe compete.

No entanto, e uma vez que nesse dia saí do trabalho perto das duas da manhã, pensei nos milhares de funcionários públicos, cujo o horário expira às 4 da tarde ("e já é muito, que as dores nas cruzes matam-me" (frase verdadeira para os lados do Ministério do Trabalho e Segurança Social, piso 1, Biblioteca) e naquilo que eles ganham.

Ganham salário. Ganham Segurança Social. Ganham horário de trabalho de risos. Ganham em ineficiência, em falta de avaliação, em desinteresse e falta de rigor.

Enfim, ganham em ser calões.

E nós, aqueles que temos de trabalhar todos os dias como se fossem os últimos pagamos 21% do nosso rendimento.

Não percebo qual é a solidariedade do sistema. Muito menos a justiça.

Mas mais. Vou a um hospital e pago taxa. Tenho um acidende e sou hospitalizado, pago taxa. Peço uma cópia de uma certidão pago. Compro uma casa pago várias taxas. Pago a conta da luz pago taxa do audiovisual. Paga a água pago a conta dos serviços de esgotos.

Eu pergunto. Afinal para que servem os impostos, se tudo é pago à parte?

Adiante, que o post vai longo e ainda não cheguei onde queria.

Esta situação de desconforto e tristeza pelo Estado que temos apenas se agudizou com a nova campanha da RTP N (paga com o dinheiro de todos nós), presente em todas as paragens dos autocarros ou escaparates e que versa "Verdade ou Consequência".

Ilustrando com fotografias... uma certas com a poluição e o degelo. ou uns arbitros e o martelo do juiz (calculo do apito dourado mas não tenho a certeza).

Mas as restantes. Meus amigos! As restantes são propaganda esquerdista ao nível de Fidel e Chavez. Condolezza Rice e o líder da Coreira do Norte!?!?!?!?!? Bush e bandeiras queimadas no Médio Oriente!?!??!?!?!

Pergunto: Que os meus impostos pagam incompetentes eu já sabia, já me entristecia mas enfim ainda é como o outro. Agora pagar campanhas do BE, sem atenção à realidade e fazendo deduções que além de falaciosas e perigosas são falsas, faz me perguntar:

Posso deduzir no IVA ou IRS?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Fim do preço fixo dos livros?

Uma das coisas que sempre me fez confusão é saber como foi possível numa economia de mercado como a nossa permitir uma política de preço fixo a um bem (o livro) que deveria estar entregue às forças da concorrência. Estranhamente os discos não sofrem igual tratamento (mas por outro lado levam com o papão IVA a 21%).

Mas em 1996 o legislador achou por bem "defender" o preço fixo dos livros impondo um desconto máximo de 10% durante os primeiros 18 meses (!) de edição de uma nova obra. Com que intuito oficial? Não faço ideia. Mas o intuito oficioso é fácil de descortinar: colocar artificialmente o poder de controlo dos preços nas mãos dos editores e livrarias e não na dança da oferta e da procura.

Hoje os livreiros já não têm a certeza de que essa política seja benéfica. Fez-se-lhes luz na torre de marfim que é a sua cabeça quando perceberam uma série de coisas.

Por um lado, há n novas editoras em Portugal, todas a competir por espaço. E para competir, é preciso haver alguma elasticidade de preços.

Há também o aparecimento da FNAC (1998) e o relançamento/expansão da Bertrand, também ela hoje na mão de estrangeiros.

E, melhor ainda, descobriram os editores que o trancar de preços afinal de contas não os favorecia a eles, mas sim às grandes cadeias de hipermercados que os espremiam para obter preços mais baixos e assim guardarem uma simpática margem de lucro.

Ou seja, o proteccionismo a jusante (na venda ao público) não evitou que o mercado funcionasse a montante, beneficiando em grande medida os armazenistas.

Claro que na óptica dos livreiros isto é uma injustiça e como tal pretendem a revisão da actual lei. E não são pobres a pedir: limite do preço fixo a 6 meses para facilitar o escoamento de stocks e (risos!) impedir por via legal os descontos comerciais oferecidos a retalhistas durante esse período.

Ofereço uma sugestão extra a essas luminárias: que tal venderem os livros apenas em farmácias e com receita médica?

terça-feira, novembro 14, 2006

Valha-nos o DN!

Em mais um artigo daqueles livres de pressões, influências e em geral descomprometidos a jornalista "Jacinta Romão" brinda-nos com a sua interpretação da mais recente reunião da conferência episcopal portuguesa, de título "Igreja radicaliza posição no referendo sobre o aborto".

Ora o grosseiro artigo vêm inquinado desde o título, «radicaliza», seguindo por extractos do mencionado comunicado. Define a independente periodista que o radicalismo é definido por oposição à posição do Cardeal Patriarca D. José Policarpo que considera que a questão é de foro de consciência de cada indivíduo cabendo a este fazer a escolha.

Oh Madame Jacinta, ao contrário da redacção do Diário de Notícias onde quem mais ordena é o António José Teixeira e a Fernânda Câncio, a Conferência Episcopal é um orgão plural e dialogante, onde os clárigos dele pertencentes debatem e elaboram em conjunto comunicados que por vezes espelham verdadeiros compromissos entre as diferentes susceptibilidades. Óbvio que o radicalismo e imparcialidade não são de esperar da Conferência Episcopal que formada por clérigos, debatem as questões e enquadram as mesmas não só de acordo com as suas susceptibilidades mas também de acordo com a doutrina da Igreja que mantém um coerência que obviamente não se compadece com a análise primária e costumeira de agrupar tudo em radicais e moderados, como se as pessoas se enquadrassem somente em modelos de pensamento binários.

O vício não é do DN mas sim dos media em geral, radicais são os que determinado pensamento politicamente correcto abomina e os moderados, os que defendendo igual pensamento levantam menos celeuma ou mais simpatia à inteligenzia que comenta. Fenomenos como generalização e ignorância, para além do personalismo e primado da consciência individual são meros pormenores no básico agrupamento entre «radicais» e «moderados».´

Continuando, parece que o radicalismo da mencionada Conferência, para além de ser avesso ao pluralismo interno que a Igreja vive e têm, para além do seu diálogo interno, é considerada radical a posição da Igreja que o referendo é errado desde o primeiro momento, uma vez que cumpre a "veleidade" de dizer que há matérias e issues que não devem ser colocados à discussão, ou seja a vida humana.

Ou seja é argumento da Igreja que a vida humana existe desde o primeiro momento, desde a concepção, e existindo vida humana, seja com 1 dia, 1 semana ou 1 mês esta não deve ser colocada em perigo ou simplesmente "interrompida" por tal não ser proibido. A questão é profunda sem dúvida, contudo é inegável pela ciência que desde o momento de concepção há uma vida distinta que não é um apêndice da mulher e sobre a qual esta não pode decidir livremente como se fosse prerrogativa sua. A disposição incriminadora no aborto destina-se também a proteger o feto. Em bom rigor são argumentos que inteiramente válidos não chocam em questões de direito da mulher ou outras ficções que para o efeito são criadas.

Mais ainda, reduzir tudo e mais alguma coisa a referendo ou democracia é reducionista e errado intrinsecamente pois ignora não só realidades humanas naturais per si, mas também valores comuns a todos os humanos. O critério do número poderá servir para muito, mas não certamente para definir o que é a vida humana, a morte ou outras coisas, e é também esse o radical pensamento da Conferência Episcopal que de radical nada também mas sim de prudente e humano.

Deixando a Jacinta para trás chegamos à Fernanda [Câncio], que do alto da sua moralidade dá lições aos que habitam o sopé da montanha de conhecimento que esta subiu. Ora o oráculo de modernidade em mais um manifesto, neste caso intitulado "Dos Bispos e da Tirania", vitupera os membros do clero que decidiram emitir o comunicado, que nada mais reflete que o pensamento longo da Igreja sobre esta matéria, recolhendo em súmula diversos argumentos que são já de conhecimento geral ao longo dos anos. Pelo tom de suas palavras adianto que mais tirânica deve ser a redacção do DN, sem que mal venha ao Mundo.

Sem pejo nem o mínimo de cabimento é tudo varrido pelo furacão Câncio que nos seus turbulentos pensamentos poucas subtilezas conhece, se o clero diz que há coisas que não são sujeites a votação é porque é pouco democrático e se, «Votar, mesmo que seja no "não", é admitir que pode ser um poder democrático a decidir sobre algo que, de acordo com a sua doutrina, só a divindade», ou seja uma surriada de tudos e nadas, pautando a questão por uma amálgama de pensamentos, com regras de jogo em que vale tudo, até ser bestialmente ignorante e intelectualmente falso.

A Igreja condena justamente o referendo, por colocar em discussão assuntos que se encontram para além de discussão por serem realidades humanas básicas, não se podendo reduzir ao número o que é vida com dignidade legal e vida sem dignidade legal. Tal pensamento leva a que assuntos como a pena de morte ou outros possam ser referendados com igual leviandade e ao sabor das conveniências do momento. Reconhecendo que existem duas esferas distintas, a da religião e política a Igreja não exorta os fieis a votarem, mas também não promove o oposto, apenas indica a sua orientação que em ultima análise será sempre uma posição de consciência individual.

Claro está contudo que as realidades humanas ou naturais são imutáveis, ou seja uma vida é sempre uma vida...

Como respondem então os adeptos do não aos casos já admissíveis em lei para aborto? De forma serena e consciênte, que se fundam em casos de força maior ou saúde pública que constituindo excepções legais ao princípio inelutável da vida são tolerados ou constituem na opinião de muitos e ao avesso do pensamento da Igreja excepções que uma vez preenchidos os seus pressupostos devem ser salvaguardados e conhecem ´já há muito no direito legal salvaguarda.


Terminando há muito escrevo e digo que a questão do aborto se encontra viciada por uma inteligenzia urbana que simplesmente não se conforma nem com o facto do país todo não se deixar irradiar pela luminosidade de seus pensamentos...

Hospital Barça

Aqui em Espanha as séries médicas estão na moda. Anatomia de Grey, Dr. House, Hospital Central (um "original" espanhol) etc., são presença assídua nas televisões.

Sugiro que rodem uma nova série ali no Camp Nou onde não há falta de casos médicos estranhos no plantel do Barça, desde as lesões recorrentes de Motta e Edmilson até ao joelho do (não, não é o do Mantorras) Eto'o, passando pela má forma de Deco e Ronaldinho (ainda que este pareça ter voltado às grandes noite) e pelo quinto metatarso do Messi.

É que com tanta lesão - especialmente no ataque onde Eto'o, Messi e Saviola estão no estaleiro até ao início do próximo ano - não há plantel ou rotatividade que resista.

Sobra-lhes o mal-amado Gudjohnsen, insuficiente para as encomendas.

Recomendo desde já que SCP e SLB se solidarizem com a crise culé e emprestem Carlos Bueno e Mantorras ao Barça.

Se o desespero se agravar os catalães podem sempre ir buscar o Jardel ao Beira-Mar...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Quantos advogados há em Espanha?

Segundo os números mais recentes, o universo dos causídicos abrange mais de 130 mil profisssionais. Feitas as contas, per capita dá um advogado para cada trezentos habitantes.

Em Portugal, os números são mais modestos. De acordo com um estudo fresquinho da OA há qualquer coisa como 23 mil advogados a exercer. Feitas as contas, temos um advogado para cada quatrocentos e trinta habitantes.

Aqui - como em Portugal - agora para aceder à profissão não basta o canudo da licenciatura em Direito. "Finalmente" existe algo semelhante ao nosso estágio de advocacia deste lado da fronteira. As massas aplaudem de pé este triunfo do progresso.

E naturalmente os argumentos pró-estágio são os mesmos. Os jovens lobos saem mal preparados das faculdades, não prestam bons serviços e é uma honra (!) no final do período de estágio estarem melhor preparados comparativamente aos advogados não avaliados.

A hipocrisia não conhece limites.

Ao menos sejam honestos: há estágio para limitar o acesso à profissão, para que o poder da escassez se mantenha nas mãos do advogado e não na do cliente (como se passa com os médicos em Portugal).

Há estágio para que a Ordem (e eventualmente o Colégio de Abogados) possam cobrar valores pornográficos pela "formação ministrada".

E principalmente há estágio para que os advogados/escritórios possam diminuir a sua estrutura de custos contratando estagiários que fazem o mesmíssimo trabalho que outros pouco mais velhos mas por preços inferiores ou gratuitamente (a troco de uma "formação prática").

O final do glorioso período de estágio é igual ao que se lê nos frascos de champô: "Wash, rinse and repeat".

Refer suburbanos

É com este singelo título que o Banco Europeu de Investimento identifica o simpático empréstimo que efectuou à nossa Refer para a modernização de quatro linhas de suburbanos: Sintra, Douro, Porto-Braga (suburbanos estes?) e Lousado-Guimarães.

São 255 milhões para modernizar estas quatro linhas, com os objectivos de diminuir o tempo das viagens, aumento de segurança, modernização de estações e a sempre badalada interligação com outros meios de transporte.

Segundo o comunicado do EIB estes investimentos vão permitir a descida dos custos operacionais destas linhas e aumentar a competitividade das mesmas. A pergunta que eu faço é: feitas as obras os bilhetes descem? Ou a mais-valia económica realizada fica toda no buraco sem fundo que é o orçamento da Refer?

A ver vamos se o dinheiro deste empréstimo é efectivamente aplicado nos objectivos para o qual foi requerido. A ver vamos se não acaba a tapar despesas correntes da Refer. A ver vamos se não vai dar uma ajudinha às obras da linha do norte. A ver vamos se não acaba a pagar um viaduto do TGV.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Tony Soprano e o "Pussy"

O debate do Orçamento continua a surpreender, numa tirada «peronista» o Engº Socrates resolveu com a já exuberante flama que se lhe reputar abrir a guerra à Banca. Parece que a tributação efectiva das referidas instituições é demasiadamente baixa quando comparada a demais ramos de actividade, assim sendo impõe-se um maior aperto pois a Banca também deve pagar os sactifícios, como todos nós (mais uns que outros mas enfim)...

No Hemiciclo resolveu o Engº na sua vituperante e portentosa voz empunhar o sabre contra a Banca, ahh esses vis capitalistas, à medida do expediente e do seu verdadeiro alcance consubstancia essas medidas num rotundo zero, ficando por larachas como o planeamento fiscal ou maior supervisão sobre as operações de off shore. TAl qual Sancho Pancha, também o ministro das finanças quis ajudar à quimera contra os «moinhos» da banca, adiantando que em 2007 a Banca terá de pagar mais 200 milhões de euros.

Zás Tras!

O planeamento orçamental do Governo segue com a careca à mostra... Assim de decreto seguem logo duas, uma das quais geniais e que em pouco abona à forma como o rigor orçamental se atinge, o Sr. ministro, tal e qual no restaurante «Nilo» fez a conta como um empregado de mesa, ora são duas coca colas, o pãozinho, a manteiga, uns filetes e um bitoque, sobremesas? Ahh sim uma mousse com natas! Ora aí está a Banca é dos sectores mais modernos em Portugal e modelo de virtudes de gestão, a par de alguns expedientes mais dúbios como as indexações ou arredondamentos, consegue, muito também em virtude de um aumento exponencial nos sectores do crédito e não só lucros que teram certamente uma dimensão mais ética que os dos industriais de calçado (quasi falidos de ferrari), os canalizadores, oficinas e etc que vivem no limbo fiscal e em situação de semi marginalidade, pese muito embora algum esforço nesse sentido.

Continuando, não que a Banca seja modelo de virtudes, mas é fiscalizada nas suas actividades financeiras e de crédito pelo Banco de Portugal, CMVM e DGCI, mais ainda é auditada por ROC's e entidades avalizadas, sendo os seus resultados publicados periodicamente. A isto acresce o facto de por serem sociedades abertas e cotadas em bolsa estão sujeites a critérios de compliance muito mais rígidos que a Empresa de Calçado Patrizé de Felix Teixeira Lda. (existe mesmo e esta em processo de falencia no Porto), contudo o Governo decide tratar tudo por igual, a Banco uiiiiiii esses capitalistas vão levar uma rabecada... Oh Teixeira dos Santos, isso é coisa para que?

200 milhoões Sr. PM!

Assim seja, a Eles!

Sobre a perenidade fiscal nacional já tinhamos falado, ou seja esta não existe, é inconsequente e inexistente, sendo as medidas tomadas ao sabor das necessidades, a banca facturou bem... 200 milhões! Assim de chufre ás três pancadas! Racionalidade, previsão orçamental, expectativas de contribuintes, nada é 200 milhões! arrematado. Portugal país atractivo de investimento, menos se o Sr. PM acordar mal disposto... A lusa credibilidade é absurda, não há nem planeamento nem tutela de expectativas, sendo que em caso algum o estado é pessoa de bem... A vontade de divulgar resultados ou planeamentos fiscais dará por certo com os "burros na água" uma vez que quem sabe sabe...

Contudo é a própria lógica subjacente, não a de combater a evasão fiscal, não a de procurar desvios ou ilegalidades praticadas pela Banca, de colmatar subterfúgios legais que permitam aproveitar lacunas ou buracos. De construtivamente procurar novas medidas que permitam certas e determinadas prácticas que sejam pelo governo consideradas com abusivas entre outras medidas.

Pelo contrário a lógica governamental é a de Tony Soprano, o negócio é bom, rende por ser bem gerido e administrado, ora o mafioso da zona quer um corte maior, torna-se por necessidade, ganÂncia, aperto ou simples perversa lógica fiscal mais ganancioso fixando aos negociantes o preço para continuar a fazer negócios... 200 milhões! Se Tony Soprano é o PM, atão o seu fiel e acrítico ajudante será "Pussy" Teixeira dos Santos... Pussy é uma figura esguia e que não se comprometendo faz o serviço do Capo. Tony e Pussy fazem uma bela dupla...

Pasmemo-nos se os motivos não fossem para além da necessidade, mas também pelo preconceito ideológico, a aviltada soberba socialista nunca foi bem à bola com a Banca? Não creio, julgo que estamos em desespero fiscal, e em caso de fracasso de muitas medidas ditas "estruturais será mais fácil fazer a consolidação do deficit no lado da despesa ou seja com um qualquer acréscimo "inesperado" seja pela via de impostos, taxas ou demais expedientes. Neste caso a fava saiu à Banca que em país de invejosos é alvo fácil...Será?

Fundos europeus para 2007-2013

Afazeres profissionais obrigaram-me a debruçar-me sobre o labirinto que são os fundos europeus. Basicamente, o carcanhol que vai de Bruxelas para os países menos desenvolvidos da UE15 (olhando para o mapa, vê-se logo que são os suspeitos do costume: Península Ibérica, sul de Itália e Grécia) e os novos inquilinos do edifício europeu.

Com siglas tão apelativas para os diversos programas de ajuda como ERDF, ESF, EGTC, JASPERS, JEREMIE ou JESSICA (!) estamos bem entregues.

E estes diversos programas mexem com muito, muito dinheiro. Em termos sucintos e com pinceladas rápidas, a União prevê gastar com a coesão europeia e o relançamento da Estratégia de Lisboa para o crescimento 308.041 milhões de euros, no período de 2007 a 2013. São 44 mil milhões de euros ao ano.

Portugal não ficou nada mal, com 19.147 milhões, virtude de quase todo o território nacional (à excepção de Lisboa e Algarve) possuir um PIB inferior a 75% da média europeia (em linguagem técnica Regiões NUTS II). Ou seja, em 20 anos de fundos comunitários, a bonança não deu para mais. Deu para umas pontes, auto-estradas, ETARs e basta.

Em comparação, das 15 regiões de Espanha, apenas 4 acompanham a maioria do território nacional. Mas os espanhóis também não se podem queixar, pois a fatia do bolo para eles é bastante razoável: 31.356 milhões de euros.

Veremos se em 2013 o mote de "convergência" que levou à aprovação do presente quadro comunitário de apoios foi cumprido ou não.

Para os próximos dias ficam alguns comentários mais específicos, como sobre os projectos prioritários da rede transeuropeia de transportes. Um deles é o TGV. Da OTA nem sombra.

Mid Term Elections - The Aftermath!!

Os Republicanos perderam o controlo das duas Câmaras do Congresso nos EUA. O Presidente Bush perdeu, foi a Guerra do Iraque, o ror pacifista venceu! Brilhante, nem o Louçã o diria melhor. É o regresso do conhecido cartaz do BE, no qual estavam Durão Barroso, Bush, Blair e Aznar. "Eles mentem, eles perdem", será?

Os votos podem ser interpretados de diversas formas, para isso terá contribuído certamente o Iraque, os escândalos mais recentes, o realinhamento estratégico dos democratas, o factor de erosão da imagem do Presidente Bush etc...

Ao contrário dos spin doctors que se dizem democráticos mas depois fulanizam o voto individual de milhões de pessoas, voto de protesto etc... verdade é somente não foi a política iraquiana ás urnas, prova disso é a falta de alternativas para o Iraque demonstrada pelo partido Democrático ou a falta de discussões sérias, para além de sair ou continuar, felizmente creio que a presente Administração americana têm alternativas mais sérias em mesa e em estudo e para a qual mentes brilhantes estaram a contribuir. (O louçã, o rosas,a j.amaral dias e chavez estão out claro!)

De rescaldo, o povo, em diferentes estados optou por votar nas propostas diversas do Partido Democrático.
O monismo partidário clássico esbarra na riqueza e diversidade dos Estados Unidos, daí que Democratas e Republicanos de diferentes estados votem de forma diversa. Não é estranho o realinhamento dos democratas em termos sociais, levando à criação do libelo "neo-democratas", cujo interesse para mim se demonstra reduzido.

Facto 1, Bush não se candidatou.
Facto 2 o Iraque foi issue nas eleições.
Facto 3 outros issues foram também tocados em campanha, imigração, impostos, sistema de saude, etc...
Facto 3, cada cabeça sua sentença.
Facto 4 o povo votou.

Estranho por vezes certos escritos, é óbvio que o Iraque contou, não deve contudo ser sobreavaliado nem subavaliado. Repito o que disse na 2ª o Iraque não têm ainda o potencial fracturante que o Vietname teve como se demonstra no clima social americano, por oposição ás decadas de '60 e '70, por mais que o Michael Moore e o BE o digam e repitam...

Caro PT, acerca da tua entrada no blog apenas repito o título que lhe colocaste «Com que entao o Iraque nao interessava...», bitola pela qual acertaste o teu discurso.

Alias tão falso é o juizo que te devolvo o mesmo, embrulhado na mesma lógica, «Só o Iraque interessava?» Claro que não... Estamos conversados!

Em 2008 há mais!

America Votes 2006 - o rescaldo

Pois é. E o presidente Bush perdeu as eleições. E perdeu o controlo da Camara dos Representantes. E do Senado.

Rolam cabeças. Aquelas que deviam ter rolado há tempos. Mas que erradamente ficaram no sítio para ser sacrificadas no dia das eleições. Não foi mal pensado, mas de facto revelou frieza e tacticismo só ao nivel de Rove.

No entanto, caro PT, queria relembrar uma coisa. Ninguém neste espaço é pró ou contra Bush. Tentamos dar a nossa opinião quanto aos factos (Iraque e outros) e face a eles apoiar quem estiver mais próximo das nossas ideias. Digamos é olhar para o mundo (americano, in casu) e pensar que ele gira à nossa volta.

No caso concreto, continuo tal como à três anos a pensar que a invasão do Iraque foi uma boa medida, concretizada de forma brilhante, mas com falhas graves quanto à gestão do país após prender e retirar do poder todos os membros do Baas. É por esta má gestão, nunca assumida até à poucos dias atrás, que o governo Bush tem penado com baixas taxas de aprovação e que atingiu esta derrota eleitoral (uma das muitas razões).

Os americanos foram maioritariamente a favor da guerra, conforme votação no Senado e na Camara dos Representantes. Mas os 3.000 mortos que ela já colheu fazem a sua mossa, e por isso, a tendência pacificista da sociedade ocidental nomeadamente das grandes metrópoles americanas tem o seu peso.

No entanto, nunca lhes foi transmitido aquilo que aconteceria se a invasão e a batalha pela democratização não for vencida. Essa discussão, que os democratas (tal como Clinton) não querem ter, optando pela solução mais fácil de por e simplesmente tirar de lá todas as tropas, tem de ser tida, e suportada pelo governo americano. Pensar que recuar do Iraque, vai soluccionar o problema é não ter em consideração a proximidade com o Irão, a Síria e os inúmeros grupos terroristas que estão ansiosos por essa saída para poderem ter mais um aliado de peso.

Mas enfim. A mob votou. Votou nos candidatos que entendeu serem melhores para o futuro do país. Votou condicionada por um quarto poder que nos EUA o assume. Votou sem ter resposta ao Iraque. E pelos vistos, votou na Paz.

É sempre bom, quando os pacifistas somos todos nós.

É apenas mais um passo para a vitória do Califado.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Com que entao o Iraque nao interessava...

Antes de mais, o Partido Democrata, como se esperava, ganhou as eleições (não obstante aqui no blog haver quem tivesse esperança num resultado distinto).

E ganhou porque conseguiu colar as desgraças do Iraque ao Partido Republicano.

Entendiam os meus co-bloggers que os resultados eleitorais das intercalares de ontem nos EUA não reflictiriam uma opinião negativa dos eleitores quanto às políticas de Bush e, em particular, às sucessivas más notícias vindas do Iraque.

Não obstante os factores locais terem sempre influência nos resultados eleitorais deste tipo de eleições, neste caso a motivação dos votantes não assentou em questões de mera política local ou estadual.

Aliás, o mesmo aconteceu recentemente duas vezes em Portugal (autárquicas do pântano de 2001 e europeias de 2004) e também no Reino Unido (locais de 2006). Em todas estas eleições assistiu-se a um voto de protesto contra as políticas governamentais e não (como se poderia pensar) a uma mera ponderação de interesses municipais ou de qualidade intrínseca dos candidatos.

Não há qualquer casulo isolante quando um partido de governo concorre a outras eleições: se as coisas lhe estão a correr bem, aproveita um vento favorável; se as coisas não estão a correr de forma positiva, os seus candidatos são penalizados por esse facto. Desta feita o beijo foi de morte.

Mas isto agora não interessa nada. Mais vale mesmo ouvir directamente da tromba do elefante: "I recognize that many Americans voted last night to register their displeasure with the lack of progress being made in Iraq."

"I'm obviously disappointed with the outcome of the election and, as the head of the Republican Party, I share a large part of the responsibility,"

Segundo a CNN, Bush dix it.

E a prova que Bush está a tirar efectivamente estas ilações é a demissão hoje de Donald Rumsfeld, depois de anteontem os editoriais das publicações militares representativas dos três ramos das forças armadas - Army Times, Navy Times, Air Force Times e Marine Corps Times – terem pedido a sua cabeça.

Esta rolou tarde, mas rolou.

terça-feira, novembro 07, 2006

A revolução de Potemkin!

Ontem em mais uma edição do programa Prós e contras, estiveram frente a frente o Ministro das Finanças (vulgo Lanterna Vermelha, que nem por coincidência trajava com adereço burguês de igual cor, ou seja gravate rouge!), Daniel Bessa, Medina Carreira e Octávio [apelido que desconheço, pelo PCP].

Comeeçando por Daniel Bessa, traçou este um bom diagnóstico, vincando bem erros e vícios do caminho adoptado nos mais recentes anos, lamentavelmente quando Guterres iniciou esta alegre marcha, lá estava o Sr. Bessa, no Governo, ou deste próximo... O diagnóstico é bom sem dúvida, com números, estatísticas e modelos, fornecendo a lúcida análise que é somente possível na sociedade portuguesa que permite a pessoas com responsabilidades opinar em praça pública sem quaisquer pudores em relação à obra feita... Com o Sr. Bessa a coisa nem é muito grave creio, já com o Engº Guterres, Pina Moura e outros, o caso muda de figura, quando nos vendem criaturas como Vara ou o Gomes do PS Porto então, estamos como de costume, entregues à bicharada...

Continuando, pois a memória histórica não é algo que se interesse cultivar entre o luso gentio, presentes estavam também Medina Carrreira e o Sr. ministro das Finanças. Entre ambos se travou o melhor do debate.

Medina Carreira (MC) puxou de argumentos de peso, entre os quais salientamos o facto do pais se endividar alegremente à razão de 8.000.000.0000 € (ou seja oito mil milhões) de euros por ano, que os sacrifícios ora suportados por um constante agravamento fiscal se encontram no limite, a par de que o Estado levar tributariamente fatias cada vez maior dos rendimentos pessoais.
Igualmente apontou que o peso dos salários dos funcionários públicos era insustentavel, se compararmos tudo isto à eficiência dos serviços públicos que, pagos por todos (mais por uns que outros) ´para pouco servem,para além de alimentar muitas bocas.

O Sr. Ministro retorquiu, apontando em primeiro lugar que o nível de salários públicos no PIB português é identico ao da Finlândia (15%), ahh boa finlândia, porto de abrigo e oasis socialista, a par disso reiterou que as culpas não são imputáveis aos Governos Guterres mas sim também aos do PSD, a par disso aflorou temas como o PRACE, a reforma da função pública, as novas leis de finanças locais e regionais, o esforço quimérico do governo, etc...

Tristemente foi omisso à avidez e gula fiscal estatal, assim como ao crescente peso que impostos e taxas ocupam para os portugueses. Desagravamento fiscal nem ouvir falar e acima de tudo, as coisas vão bem pois estamos como a Finlândia... A ostensiva fixação finlandesa é algo que não me para de surpreender, em minha humilde opinião preferia ter como modelo de comparação outros paises mais parecidos com o nosso como o Senegal, o Burkina Faso ou outros, nos quais o estado certamente terá a identitica credibilidade à da nossa República.

A constante e pecaminosa vontade de copiar A B ou C é sinal de um retrocesso endémico e de uma constante falta de visão do verdadeiro papel de Portugal no mundo, das suas capacidades e vantagens relativas.

Assim sendo, a Finlândia esta igual e os Portugueses que durmam descansados, ademais cá a carga fiscal e bastante inferior logo ainda se devem dar por contentes. Algo vai errado neste hábito imemorial luso que somente pela negativa tende a fazer valer a "excepção lusa".

A receita do Sr. Ministro quer se goste quer não esbarra nas primeiras dificuldades impostas pelas forças do bloqueio da função pública, pelos sindicatos, pela comunicação social e pelos velhos do restelo (não o autor deste post claro).

Não sendo o momento de advinhar, em 2007 teremos um ano com muita conflitualidade social, greves, protestos, aborrecimentos etc, a par de um insucesso governamental, as avaliações, as bolsas de trabalhadores, os PRACES, e tudo o mais continuará na boca do mundo e na gaveta do Ministro, optando-se pela costumeira receita de aumentar a gasolina, o tabaco e o imposto do selo, a recorrer a expedientes perversos e demais meios mantendo as coisas na melhor das hipoteses na mesma e o deficit abaixo de 3%, como se isso fosse o desígnio nacional.

É engraçado ver como os episódios se sucedem, sempre da mesma maneira, óbvio que o Governo não deseja em caso algum proceder a um realinhamento do papel do Estado na vida comum, tornando-o mais pequeno, eficiente e humilde, ao invés de embarcar em delírios socialistas que em última instancia mais mal fazem que bem, pois quem precisa de recorrer a serviços públicos não é servido de forma digna e eficiente, e quem a estes não recorre paga duas vezes o mesmo serviço, o público e o privado.

A revolução de Potemkin de Sócrates, ou seja, uma aparência de socialismo reformista para um estado velho e com hábitos caros. Os restantes argumentos do Sr. Ministro são os de sempre, propaganda, retórica e imagem de duro para mais do mesmo que nos levou aqui...

Amigos como dantes (Tripartito v 2.0)

Como havia dito a semana passada, por estes dias haveria novidades aqui na Catalunha sobre a formação da próxima Generalitat.

O tripartito de esquerda que caiu e deu origem a estas eleições antecipadas vai ser reeditado. Tanto o PSC e a Esquerra recusaram qualquer coligação pós-eleitoral com a vencedora CiU. E pela segunda vez em três anos Mas vence as eleições mas não forma Governo.

Na CiU o ambiente oscila entre a frustração e a raiva. Frustrados por ficarem de fora novamente e enraivecidos por entenderem que o pacto entre PSC, Esquerra e Iniciativa já havia sido acordado antes das eleições, pese embora as três formações tenham ido a votos separadas.

De forma aparente incrível o PP está felicíssimo com esta "vitória" da esquerda na Catalunha. Mas afinal, tem motivos para isso.

Consequência imediata do tripartido é a CiU retirar o apoio a Zapatero nas Cortes. Para o ano, o PSOE não poderá contar com os votos dos nacionalistas catalães moderados para passar o orçamento. Este ano, recorde-se, o orçamento só passou com estes votos. Rajoy esfrega as mãos de contente.

Rajoy poderá agora montar nova ofensiva contra o PSOE em Madrid, especialmente continuando a bater na tecla do terrorismo, pois Carod Rovira (líder da Esquerra) há dois anos teve um encontro com responsáveis da ETA, reunião que acabou por destruir o tripartito original.

E, por fim, tem um sabor doce de vingança a CiU ficar fora do poder depois de se ter comprometido publicamente a não pactar com o PP.

Assim como assim, ontem já houve uma caçarolada aqui em Barcelona, bem ao estilo sulamericano.

segunda-feira, novembro 06, 2006

America Votes 2006

Recomendo aos caros co-bloguers e aos restantes amigos a consulta e análise do site America Votes da CNN.

Para além de insuspeito (a única coisa que me falta dizer é que a CNN é pró-republicana) é extremamente documentado quanto às várias corridas em aberto.

Da sua análise, caros PT e DML, o que resulta é que a democracia americana existe. é viva. é multipla. Temos estados que votam democrata para a camara dos representantes e para o senado, e vota num governador republicano. e vice versa!

E temos... é claro, corridas em aberto até à última. Muitas. Tantas que ninguém ainda sabe se os Democratas vão conseguir (finalmente) vencer e reganhar o congresso.

Fulanizar a questão no Presidente é actuação à la Bloco de Esquerda. Ganham as pessoas em concreto, as ideias que defendem. Iraque, Quioto e Médio Oriente valem o que valem ou seja, para o americano médio do Arkansas, Wisconsin ou Tennesse o mesmo que vale para nós. Nada de nada.

E feitas as contas tudo está em aberto e quem não se vai armar em Marcelo sou eu.

Que ganhe o Arnold na Califórnia já fico satisfeito!

P.S. Apenas uma achega quanto ao Bloco de Esquerda. Eu, que nas palavras do seu líder, sou "terrorista", "radical", "fundamentalista" por ir votar não no referendo do Aborto (juntamente com outros milhões de pessoas que pelos vistos também são terroristas) entendo chamar-lhe a partir de agora o Palhaço da Capital. Penso que é mais carinhoso do que terrorista. Pena é que não existe um verdadeiro terrorista (das FP 25 por exemplo) que lhe meta o sapato (de palhaço) num sítio onde o sol não brilha.

Já que estamos numa de farpas...





Aqui ficam três cartoons de Mike Luckovich.

Mid Term Elections!




Uma das belezas, várias do sistema constitucional americano são as mid terms, gravitando em torno do Presidente todo o executivo e um crescente legislativo é muitas vezes comum considerar o Presidente o centro de poder nos EUA, quando este se localiza no Senado e Congresso de Represantes, que dispõe de enormes poderes legislativos, especialmente no que toca a política fiscal, algumas prerrogativas em política externa etc...

A inteligência local e europeia, julga que o Iraque será um elemento decisivo para as eleições e que após 12 anos os democratas têm uma hipótese de inverter o controlo republicano. Mais uma vez o acertamento das prioridades norte americanas através dos interesses ou pensamentos politicamente correctos europeus criam uma disfunção entre a o a que para efeitos do presente post chamaremos de distorção estratégica e política ou somente distorção.

A distorção leva tipicamente aos europeus a medirem a temperatura política nos EUA pelo New York Times ou outros jornais, em vez de verem as coisas com olhos sérios. Primeiro qualquer maioria de 12 anos encontra-se numa democracia fértil, plural e viva sujeite a alterações, alias não será nenhuma novidade se em qualquer sociedade europeia ou americana (excepto Cuba e Venuzuela) que quanto mais longo for o mandato maior será o desgaste...

Posto isto, cabe igualmente salientar que os republicanos há muito são os paladinos de baixa fiscal, redução de deficit federal e reforma de serviços sociais e de saude. Ora em bom rigor o que sucedeu não corresponde às expectativas criadas, não houve um sério desagravamento fiscal e o deficit não diminuiu, quanto as reformas internas estas não têm eco na comunicação social europeia, salvo no tocante ao relambório costumeiro da ausÊncia de estado social e o proto-socialismo europeu que como se sabe é moralemente superior e mais humano a conversta mole costumeira.

A questão do IRaque é sobreavaliada na Europa, alias o americano não é nem mais nem menos ignorante que o europeu médio, logo ao invés do Iraque, interessa-lhe são empregos, crescimento da economia e desenvolvimento, ponto no qual os EUa estão bem, pese não estarem como se esperava e conforme as expectativas inicialmente criadas.

Aí é que vencem as eleições e não haverá animo derrotista e choramingueiro que o resolva. As pessoas no momento do voto querem saber como lhes tocará, o Vietname criou verdadeiros problemas na coesão interna dos EUA, a par de outros movimentos que inflamaram as tensões sociais. Ora o Iraque para além dos iluminados de NY e Boston também não mobilizam como outros tempos, a comparação com a ofensiva do Tet de '68 foi certa em várias coisas, noutras nem se aplica, a verdade e que o Tet foi uma derrota no terreno que virou vitória mediática para o Vietname do Norte, mas enfim, não entremos por ai.

Os democratas continuam como sempre fieis a um programa de estado social, mais impostos e aumento de deficit, que certamente irá contra os desejos do average joe, e ainda mais se considerando que os anos Clinton não foram nenhum Eldorado, pois terá sido por isso que os democratas perderam durante 12 anos e mais ou menos igual número de ida às urnas em sucessivas eleições. Depois de tanta derrota, qualquer melhoria dará a sensação de vitória.

Tão bem vão os democratas que todos os candidatos às proximas presidenciais se encontram muitos pontos atrás dos republicanos, sejam eles McCain ou Giuliani, portanto inferir que Bush condicionará demasiado as próximas será errado.

Sem prejuízo de 4ª estar errado, quem irá a votos seram os membros de senado e C. Representantes, ganhando-se ou perdendo-se com assuntos políticos e com as verdadeitas aspirações dos cidadãos, não por longas tiradas absurdas e aborrecidas sobre o Iraque. Em momentos de delírio contra os Republicanos muitas mentes brilhantes esquecem-se que o povo é soberano e quem está bem não vota em quem promete aumentar impostos, salvo em Portugal aonde quem os paga e quem deles beneficia nunca coincide.

4ª Feira veremos, com esperança minha, o regresso dos argumentos useiros e vezeiros da america do mid west, dos contrastes entre as costas e o interior, da pretensa superioridade moral dos democratas, das trapalhadas do IRaque e os velhos libelos carpideiros anti americanos... Enfim business as usual, nos cá torcemos pelo elefante, que é de longa memória e um animal possante e majestatico...

Terminando com uma provocaçãozinha....

domingo, novembro 05, 2006

Eleições nos EUA

Na próxima Terça-Feira, os EUA vão a votos para um terço do Senado e toda a Câmara dos Representantes. Pela primeira vez em 12 anos, os Democratass têm reais hipóteses de recuperar pelo menos a Câmara dos Representantes e, eventualmente, também o Senado.

Para tal tem contribuído a sequência longa de más notícias para os Republicanos: a guerra no Iraque, os pecadilhos sexuais de elementos chave e a consequente desmotivação do seu eleitorado tradicional.

Neste segundo mandato Bush apostou em governar centrado essencialmente à direita, ao contrário da opção de Bill Clinton no final dos anos 90. Controlando ambas as câmaras do Congresso com mão de ferro, optou por não fazer quaisquer concessões ao Partido Democrata ou ao centro. As coisas correram-lhe bem até as más notícias no Iraque se avolumarem. Três anos e meio depois do seu discurso de vitória num porta-aviões ("Mission Accomplished", lembram-se) o objectivo está tudo menos conseguido: violência sectária, democracia disfuncional e uma incapacidade de as forças americanas conseguirem corrigir os erros cometidos no início da ocupação. Sobre estas mudanças, como dizem os bifes "to little, to late".

A situação é tão grave que o próprio Bush admitiu recentemente numa entrevista que a situação no Iraque poderá ser considerada semelhante à ofensiva do Tet em 1968-69. Para quem deu a guerra como ganha, é uma grande mudança. Não lhe fica mal a humildade de finalmente, ao fim de três anos a fazer orelhas moucas ao óbvio, isto é, inexistência de armas de destruição maciça, inutilidade na destituição de Saddam e a previsível implosão do Iraque (que o seu pai, sabiamente, evitou em 1991).

A chatice de haver eleições a meio do mandato tem destas coisas, obriga os políticos a não poderem descurar a sua defesa. Bush fez o possível nesta campanha, mas as coisas não lhe têm saído bem. Há até senadores e representantes republicanos com o lugar em risco que preferem a ausência do Presidente nas suas campanhas. Longe vão os tempos das eleições intercalares de 2002, em que a popularidade de Bush serviu de muleta em muitos comícios.

Depois há aqueles azares que aparecem quando tudo corre mal. É que num eleitorado tão conservador e polarizado como o republicano hoje em dia, a moral é um elemento essencial aos políticos associados a este espectro político. A demissão do hipócrita pedófilo Mark Foley (que ironicamente se bateu pelo reforço da perseguição a abusadores de menores) e da estrela evangélica Ted Haggard causou profunda mossa no grosso do eleitorado republicano. É o preço a pagar quando se a política e a moral religiosa andam de mãos dadas. Também com as suas aventuras sexuais e perjúrio, Clinton salvou-se de idêntico descalabro ao assentar a sua base de apoio num eleitorado totalmente distinto.

Assim, do lado republicano temos um baixar de braços que há anos não se via.

Já no partido do burro a moral está em alta. Depois de sucessivas derrotas e anos a ver os comboios passar, as tropas acreditam na vitória. Cheira a poder. E quando cheira a poder as massas agitam-se e os potenciais beneficiários salivam como cães de Pavlov.

Os democratas finalmente conseguiram alinhar posiçõs no que toca à guerra no Iraque. Têm a sorte de as coisas estarem a correr mal e (ao contrário de 2004) ser politicamente correcto bater no ceguinho do erro da invasão.

Têm também a nova bandeira do aquecimento global que irá ser aproveitada pela esquerda moderada nos próximos anos, seja nos EUA, seja no Reino Unido, como provaram o filme de Al Gore e o Relatório Stern divulgado esta semana.

Por outro lado, também têm estado ausentes da campanha democrata os erros que lhes custaram caro no passado, tirando a recente e habitual gaffe de John Kerry. Este, uma vez mais, não conseguiu evitar um comentário infeliz que lhe saiu caro.

Deste modo penso que as eleições de Terça-Feira irão assinalar um momento de viragem na política americana, com uma ou duas vitórias dos democratas.

A confirmarem-se, os dois anos finais do mandato de Bush serão complicados para a Casa Branca.




sexta-feira, novembro 03, 2006

"Há vida para além do orçamento!"

Ai que saudades se tem do Presidente Sampaio e suas frases míticas.

Míticas porque parece que já ninguém se lembra delas. Parece que aconteceram noutro planeta, onde o povo era verde e falavra apenas em sons... enfim... ficção ciêntifica.

No entanto, finalmente percebi o que o Presidente queria dizer... era uma dica ao Presidente Lula.

Recêm vitorioso no Brasil, este marco da democracia latino-americana, comprou os votos. Comprou os votos dos excluidos, dos marginalizados, dos iletrados, dos pobres, enfim... de 50% do povo brasileiro. Juntamente com este, os restantes 10% são os intelectuais de esquerda que, como em todo o lado, polulam alegremente à procura do próximo Che para idolatrarem.

Portanto, a economia que crescia a 7% quando ele chegou cresce agora a 3%, culpa obviamente do capitalismo sem rosto e não do Presidente que entre mensalinhos e mensalões, ocupações nas explorações petroliferas e de gás na Bolívia e Venezuela, tem metade do partido preso e a outra metade implicada nos escandalos e por prender.

Pergunto:

O Presidente não sabia de nada? Não sabia que o Presidente do Partido era corupto. Que o presidente da câmara dos representantes era corrupto. Que o partido recebia dinheiro em troca de favores políticos. Que os deputados recebiam dinheiro para votar em certas medidas ou sentidos.

Se sabia é ladrão e mentiroso. Se não sabia é honesto mas incompetente.

"Either way, Brasil loses"

P.S. Gostava ainda de perguntar a todos aqueles que se queixam da classe política e vangloriam o presidente/torneiro mecânico, com que cara vão exigir mais transparência e luta contra a corrupção se andam a lutar por um homem que dá a cara por um partido de corruptos?

P.S. Casos com o brasileiro, existem em países terceiro mundistas mas também em Portugal. Lembro apenas o caso do Sec Est Armando Vara e o Saco azul ou mais recentemente o Estudo das Scut.

Costuma-se dizer que quando estes trapaceiros ficam muito tempo, "caiem de podre".

Alberto João Jardim

Já em tempos falei da duplicididade desta figura, por um lado régulo ainda incontestado da Madeira, senhor da ilha verde que joga de sua posição de poder com a região usando de 30 anos quase de domínio incontestado para alimentar camarlhas locais e negócios.

Por outro lado, figura de bonomia indiscutível, dotes políticos certeiros, acutilância verbal e bastante cultura no vocabulário. AJJ conhece bem a região, mas melhor ainda os políticos de Lisboa.

Se AJJ e o PSD-M são régulo inconstestados da Madeira, não é menos verdade que o Bloco Central é o senhor da comunicação social e consequentemente dos desígnios do continente. Eu cá não tenho dúvidas, é isso o que irrita ao PS, ser durante 30 anos despojado do domínio de uma parcela do pais e suas riquezas.

O assomo de moralidade das contas da Madeira induzido pela corte socrática também deverá ter como agenda escondida, mais uma tentativa de assalto ao BAstião social democrata, mas mais importante ao seu "corte", "parcela" ou porção do bolo...de mel ou do caco conforme as preferências do bom leitor.

Com estudos como as SCUT's faz bem AJJ em apontar baterias a Sócrates, com Governadores como Constâncio faz bem em não considerar o Banco de Portugal como entidade credível, a luta é bem suja e de expedientes baixos, mais por parte do Governo que tenta por um frontespício respeitável para um projecto de total controlo e manipulação dos desígnios da nação ao PS.

Para bem da nossa lucidez a teoria da Pequena Aldeia na Gália (ou no Atlântico) da qual AJJ é o paladino contra um projecto expansionista socialista também não pega, em casos específicos, conseguiu obter do continente concessões, inclusive de governos do PS.

Nem um lado nem outro estão certos, mais ainda por serem a mesma face de um sistema político envelhecido e dominado por cassiques com bolor, contudo por a personagem ser interessante oferecemos para fim de semana uma resenha por tópicos de temas interessantes focados pelo S. Jardim:
-Reforma de sistema "fandango" constitucional

-Banco de Portugal não ser entidade credível

-A situação das contas da Madeira não é tão simplista como o Governo PS a pinta

-Há expedientes políticos claros entre a actuação de governo e o PS Madeira

-A comunicação social encontra-se controlada pelo PS e seus algozes

-As Empresas públicas são mal governadas e causam prejuízos ao erário público que em última instância são suportados pelos contribuintes

-O Primeiro Ministro não hesita em manipular expedientes contabilisticos a seu bel prazer ou fins

LAmentavelmente só vi os últimos 15 minutos de uma entrevista que foi acima de tudo franca, aberta e pouco politicamente correcta. Estranhamente para além de postura sempre militantemente agresssiva de jornalista, os ecos na comunicação social de hoje foram fátuos...

Ainda há coincidências?! Não creio!