(i) Bandalheira total I
Embora o estado putrefacto de (a)moralidade pública seja desencantador a grandes prosas seria bonito analisar o discurso do menino José ao lado da árvore. Quis o destino tristemente que de se criar a tradição dos governantes se diriguirem aos governados no periodo das festas de ano novo e Natal. De Natal saiu-nos josé, o engenheiro, de pose estudada e discurso propagandístico.
É o ano III Sócrates, ano da gloriosa vinda do messias tecnológico que mais uma vez realizou um discurso deprimente, senão mesmo ridículo por ser de um pais que não existe. Começou com sangue suor e lágrimas, o do objectivo 3% conseguido com sacrifício por todos! Conseguimos! Mais pobres, mais deprimidos e mais tributados mas conseguimos. O momento de auto exaltação nao estaria completo sem falar do programa novas oportunidades que nada mais é que uma forma de passar certificados de frequência e termino de anos de escolaridade.
Recentemente um escrevia um detrator desse programa (categoria na qual me incluo) que a certificação do 9º seria feita em menos de 25horas lectivas.
O programa novas oportunidades é distribuir diplomas sem qualificações, servindo somente para desqualificar grosso modo. Como, porque havendo uma distribuição tout court e sem critério ou exigência de diplomas e honrarias a unica coisa que se consegue é desqualificar pois desvaloriza o diploma. Ou seja se todos, burros, espertos, analfabetos e menos analfabetos tiverem o mesmo diploma é somente menos abonatório para todos. Qualificações que não correspondam a capacidades, valências e educação valem tanto como um diploma da Universidade Independente ou afins... Óbvio que a estatistica essa nao mente. Um analfabeto com o 9º ano é pior que um analfabeto sem o 9º ano! Não obstante se confiada a mesma tarefa a ambos nenhum deles a realiza com competência e portanto de nada serve, além claro de propaganda.
Qualificar por decreto nao é nem será a solução e tristemente, com novas oportunidades ou não um indivíduo não será capaz de ler e apreender um texto ou mesmo realizar raciocínios lógicos mais complexos uma vez que não tem simplesmente capacidades para ta. Por mais qualificado ou prendado que seja em diplomas e honrarias. Só não entende quem é burro ou pior é intelectualmente falso ou vive para um expediente político de cabotagem.
Claramente este governo não vale muito mais.
(ii) Bandalheira Total- II Cowboiada na Banca
O folhetim BCP que se arrasta há já longo período e conheceu diversos episódios é um caso amostra do que Portugal se tornou. Um antro, uma piolheira ou somente um estado no qual os partidos políticos são como a Mafia, como existem merecem alcavalas e honrarias, a expensas dos privados. Além dos impostos claro, a extorsão legalizada e institucionalizada.
Começando pois no facto de durante anos terem perorado práticas completamente ilegais no tocante a vendas e créditos dados por conta de aumentos de capital e acções do BCP. O esquema de compra de acções próprias e prestação de crédito a clientes através de offshores é um exmplo claro. Entre 2000 e hoje aonde andou o Banco de Portugal e CMVM, nos seus sucessivos conselhos? A famosa supervisão prudencial e o papel dos reguladores de mercado que hoje e de forma imaculada crucificam os corpos dirigentes, curiosamente os mesmos que antes mereciam louvores e crédito de idoneidade e que hoje recebem o cold shoulder do mesmo regulador?
Mais uma vez somente quando rebenta a Bernarda é que a malta acorda, até lá andou tudo a bolinar ao sabor ao de boa imprensa ou de outras estratégias de comunicação. Sr. Constâncio aka "I'm a legend!"?
Continuando e porque o assunto é sério, em que país do mundo é que é visto com normalidade parte do conselho executivo transitar de um Banco para o seu maior concorrente em termos de mercado com o à vontade denotado na transferência entre a CGD e o BCP. A questão diz respeito primeiramente aos accionistas do BCP(que sou) mas também ao papel que o accionista Estado, detentor de 100% da CGD permite que o seu gestor de topo e aposta estratégica (c/menos de 3 anos de mandato) transite de maneira impávida e serena, sem quaisquer obrigações de concorrência ou confidencialidade por algum tempo para o BCP.
Qual o papel do Estado em tudo isto? E já agora a piece de resistance, o Sr. Vara, licenciado em relações internacionais pelo reputado estabelecimento de ensino que dá pelo nome de... Universidade Independente. Provavelmente terá sido colega do sr. bacharel, revenrendíssimo etc... e tal José Sócrates! Quele blague como dirão os franceses!
O Curriculum do Sr. Vara iguala o de tantos outros com diferentes graus de sucesso, um início profissional banal, uma ligação partidária, um passeio por diferentes cargos e honrarias, inclusive deputado da nação, uma passagem pelos consulados guterres, mais uma vez reputada com prevenções e afins e finalmente uma passagem ao honrado cargo de gestor público, ou seja a administração de uma empresa de capitais exclusiva ou maioritariamente públicos. Pelo caminho e com destino ao BCP ficamos todos maravilhados com o percurso do caixa da CGD, alias rendidos seria o caso!
O caso é sério até porque enfim, deixemo-nos de rodeios, o Sr. Vara parte da política e o seu CV não ombreia em termos de experiência no ramo com nenhum dos seus antecessores ou mesmo homologos. É um facto, alias o DNA comum de muitos gestores públicos de hoje, nascidos e promovidos com ligações fortes a partidos políticos. Ocorre-me uma obra de Eça, a do Conde de Abranhos.
Curiosamente a mobilidade social em Portugal é, salvo excepções, a maior parte dúbias, reputada à política e ás novas oportunidades criadas pela experiência obtida por anos de militância política.
Ao bom leitor deixo a interpretação e conclusão.
Bandalheira total III - Qual é coisa qual é ela?
Quem julgue que o belo ar que respiramos hoje e o acesso aos escalões mais altos do estado é livre e igualitário engane-se bem.
Há uma quadrilha montada nos escalões superiores do Estado, elas até têm nomes ou siglas se preferirem.
Os curriculuns, os modos de agir e tudo mais são conhecidos, um talhão do Estado, qualquer que seja demonstra muito claramente as cumplicidades entre partidos políticos, empresas e pessoas que gravitam nestes meios, muitos deles iguais e so distinguiveis pela sigla ou corporação ou confraria que adoptaram.
Citando o filme Call Girl:
«e não se esqueça de dar 20% ao partido!» senão nada: ou seja é a Máfia pura e dura e como existe deve ser alimentada por todos nós...
Daí uma coisa portanto, o pais está bom é para emigrar! Arrivederci!
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