Classe!
Não queria, não gosto e pouco me apraz recorrer a figuras ou temas costumeiros como Espanha e Portugal e suas figuras. Não gosto demasiado de espanha nem de seus encantos castelhanos, salvo Uma grande excepção, não me deixo enamorar pelos touros, o sol, o flamenguito, as copas e as coisas espanholas, conheço-os bem fruto de convivÊncias pessoais acompanhei durante anos a actualidade e política, contudo não posso deixar de fazer o elogio, Espanha é um grande.
No final da Governação Zapata depois conversamos, contudo hoje é a 8ª economia mundial, uma potência emergente, com indústria, marcas etc...
Espanha têm classe porque investiu nisso, não somente nas calles de madrid, do Bairro Salamanca, mas também classe porque os serviços (nao wc) são bons, restaurantes, bares, as ruas mais limpas e seguras etc... Como , é lógico trabalho, trabalho e trabalho, melhores salários e qualificações, um estado dinâmico e que incentiva o fomento sustentável (q.b.), regulador mas não estrangulador, uma banca e sectores financeiros pujantes, telecomunicações idem, rivalizando com as maiores empresas da Europa. Ora nunca, desde o ouro Americano conheceu Espanha tamanha prosperidade com a vantagem de ser sustentado. Why?
Não conseguiria explicar, mesmo que quisesse, mas posso certamente dizer que tal se deve a um homem entre outros, Aznar! Não obstante a buçal jornalista, sempre opinativa qual porteira do prédio, Aznar distribuiu classe. Num programa sobre relações bilaterais, a Fatima aproveitou a borla (Aznar prescindiu de seu cachet habitual) e marterizou o convidado estrela com perguntas, do Iraque à ETA entre outras sempre interrogando de dedo levantado, sinal de sua educação doméstica, mas também sempre em tom absurdo, escondendo no seu monopólio da palavra uma ânsia em mostrar conhecimentos e tentar, através de perguntas de jornal de liceu conduzir uma entrevista com uma grande figura internacional.
Coisa rara não sem dúvida aqui no pequeno circuito mediático nacional que na maior parte das vezes espelha a grandeza da figura e a ignorância atávica do jornalista, cujo entendimento de política é o mesmo que de futebol ou outros temas mais triviais. Apontando a marreta ao crivo novamente....
Aznar, com Classe deu a sua lição, uma lição de política para quem não conhecia o estilo, de liderança, perseverança e convicção. Num tom sempre corrosivo e duro explicou que os milagres económicos não são produto do Estado, de ministros ou partidos, são desígnios nacionais, em nenhum ponto da entrevista foi vincadamente partidarizado. Com classe explicou o que poucos cá no burgo percebem, que o proteccionismo é normal dentro dos Estados e com respeito a leis e regulamentos. Nada de novo? Parece que por cá as coisas não passam com tamanha facilidade...
Continuando Aznar, também em política externa deu cartas... Contudo foi no momento de falar da grandeur de Espanha que se vê a diferença, Espanha é um grande na Europa, de pleno direito, sem perder de vista os mercados oferecidos pela potencialidade linguística e afinidades culturais a Espanha, prossegiu uma política de grande, sempre pautada pelo seu interesse nacional e não assente em miríficos projectos de integração política. Quanto às relações com Portugal explicou que a rede viária Ibérica é uma realidade fruto de consensos, que o mercado ibérico é único, mesmo que não implique comermos tapas e dançar flamenguito uns com os outros, em suma e numa perspectiva castelhana mostrou que soube prosseguir o interesse de seu país e empresarios, ora recomendando uma postura low profile e não agressiva ao penetrar em Portugal, sem nunca deixar de exercer pressão do lado de cá da raia quando estes eram prejudicados.
Porque gostava eu de Aznar, sendo português e sabendo que o vizinho não é tonto, porque este nos obrigou a andar nas pontas, atentos e desconfiados, palmadas nas costas sim, amigos e tal mas olho aberto.
Aconteceu com a política externa de Durão BArroso, com o Prestige, com outras que fomos menos comidos que o costume, sim até com o Guterres. Muitos erros se apontam internamente a política portuguesa contudo, durante os consulados Aznar ganhou também Portugal, quando nos associamos a eles, caso Cimeira dos Açores, tratado de Nice e no assalto aos Fundos de Bruxelas, mas também quando polarizamos outros enquanto segundo foco de poder ibérico e servimos de contrapeso, apoiados pela Inglaterra Holanda e outras potências.
Aljubarrota já la vai, também os Filipes, mas a política e a conveniência de interesses ora nos juntam, ora nos separam, daí por ora se ter invertido o clássico sonho português, da desagregação de Espanha, não nos serve, pelo contrário, fragmentar a Península e causar uma perda de influência no nosso papel de contraponto, união muito menos, perdemos a nossa identidade histórica e poder de contrapeso a Espanha crescentemente grande, ao mesmo tempo que consagramos um mercado que nos invade mas também nos dá saídas, quanto maior a Espanha, melhor para nós se jogarmos os nossos trunfos, é caso para que se diga:
Nunca estivemos tão bem assim, as nuvens sobre o futuro de Espanha não pressagiam nada de bom, fazer reformas com forças que servem outros propósitos que engrandecer Espanha, ao mesmo tempo que se rompem
Voltando ao título, muita classe Sr. Aznar, não resistindo como monárquico ao ver a forma como falou do Rei:
«Pues el Rey es una instituicion....» É muita classe, quantos dizem em Portuga que o PR é uma instituição em vez de o confundirem com expedientes e bafos de urna que cheiram sempre a partidinho e cacique?
Pues Sr. Aznar tienes mucha classe! Olé!