Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

quarta-feira, janeiro 31, 2007

O Aborto

Não tencionava tomar posição sobre este referendo que para aí vem para nos interromper o entrudo, mas a campanha começa a ganhar contornos de surrealismo.

De um lado, temos os "Câncios". Homens e mulheres livre no pensamento, mas plenamente engajados com uma doutrina e ideologia: tornar o país moderno. Pelo vistos, um dos aspectos que define o estado de desenvolvimento de um país, é a possibilidade de uma mulher abortar por estar"baralhada", "confusa" ou simplesmente por não ter planeado.

Resta saber, como planear o inesperado... planear não ser atropelado, não sofrer um acidente de carro.

Quanto aos argumentos apresentados pelo não, entendo que todos eles apenas pretendem enganar os indecisos ou não engajados (que são a larga maioria da população), afirmando fundamentalmente a necessidade de deixar de prender mulheres pela prática do aborto.

Respondo de forma simples:
1. Não existe qualquer mulher presa pela prática de aborto.
2. Existem penas e punições para quem faz dinheiro com esta prática e se aproveita da vulnerabilidade física e psicologica destas mulheres.

Alguém concorda que o aborto clandestino deve ser combatido? Da mesma forma que o tráfico de droga o deve ser, julgo que estamos todos de acordo.

Condições para ter filhos?

O presidente da camara do Porto, Rui Rio referiu-se num debate que preferia não ter nascido se a sua família não tivesse condições para o criar... fácil de dizer para quem já nasceu. Condições criam-se, fomentam-se. Quando existem dificuldades, não se desiste.

Despenalizar?

Pois sim... mas não através de uma liberalização indiscriminada até às 10 semanas. Se queremos uma sociedade moderna, temos de defender os direitos dos pais, o direito à vida, a defesa do código deontológico dos médicos, o direito a uma gravidez responsável e acompanhada por profissionais.

A pergunta que faço aos defensores do sim é simplesmente a seguinte:

Se é assim tão importante despenalizar até às 10 semanas o aborto num estabelecimento de saúde legalmente autorizado, ou seja, se é possivel à mulher/mãe abortar uma criança cujo património genético, que eu saiba, foi criado por ela e pelo parceiro sexual (de sexo diferente, convém salientar para alguns defensores do sim), e se isto a deixará de definir como criminosa, se ela o realizar às 8 semanas numa clinica não autorizada ela estará a cometer um crime? e às 12 semanas num hospital... ? igualmente criminosa?

É por estas razões, por defender a vida de quem direito de nascer, por defender o direito do pai a poder ver nascer o seu filho sem estar completamente dependente da vontade da mãe, por entender que uma mulher que pratica o aborto, não encontrou a resposta que a sociedade está obrigada a conceder, penso que todos nós temos de ajudar a formar, educar e ensinar pessoas responsáveis.

Responsabilidade é uma palavra que não se ouve nesta campanha.

Responsabilidade é o centro da discussão. Introduzamos a palavra na discussão.

Se queremos ser "modernos", respeitamos uma vida que começa desde a concepção. Por duas pessoas de sexo diferente. Duas pessoas que devem ser responsáveis. Rodeadas por famílias responsáveis. Integradas numa sociedade que defende o seu futuro, e os valores pelos quais vale a pena combater.

Disse.

All win cenario???

Carmona Rodrigues ao optar pela táctica do cerco face ao rodopio de diligências processuais está a fazer o jogo do PS em Lisboa e do que se encontra montado no Governo da Nação.

Primeiro Facto, há indícios suficientemente graves que justificam que a vereadora do Urbanismo (eterno pecadilho), tenha suspendido o seu mandato por 8 meses, prazo previsto para a duração do inquérito judicial.
Em segundo lugar, foram tornados públicos elementos que denotam cumplicidades para além do normalmente aceite entre autarcas, directores municipais e construtores civis.
Alegadamente, a Bragaparques terá tentado corromper um outro vereador pela módica soma de €80.000(pais mixuruca) à viabilização de determinados empreendimentos, ou pelo menos em troca de uma postura menos agitadora quanto a estes. É ainda sabido que as negociatas camarárias de Lisboa e de todo o pais são águas turvas, nas quais nadam os caciques, vulgo os broncos das concelhias, e que fazem das Câmaras o seu feudo privado e do pais seu caixote do lixo.

Não é de menos salientar que como todos os inquéritos mediáticos, começando surriadas de canhão acabam encalhados no labirinto judiciário que se erge cada vez que um advogado à séria começa a esquadrinhar com olhos de ver os diferentes diplomas legislativos aplicáveis, o seu confronto com a prática e o trabalho dos diversos intervenientes que participam nos inquéritos judiciais. Mais ainda em Portugal pode-se ser arguido por dá cá aquela palha, e até a pedido do próprio.

Conhecendo contudo os vícios e as praxes dos nativos o inquérito na Câmara de Lisboa irá prolongar-se por muitíssimo tempo e terminará, lá para o ano 2011 ou assim num julgamento com centenas de sessões ou algo do género.
Se a fibra de uma nação se visse na salubridade da sua vida pública, então Portugal é o meio caminho entre um Gulag estalinista e um campo de concentração hitleriano, sempre claro na perspectiva do utilizador.

Os mais cépticos até já se habituaram, a pergunta que interessa em negócios com as Câmaras é sempre quem come quanto?

Nas boas comem todos os do Centrão, nas más só o partido do presidente, nas abaixo de cão, come o presidente e sua entourage e um ou dois vereadores da oposição que se abstem ou dão o seu voto. O povo comenta em surdina, olha aquele, vê o outro, era pobre quando chegou à Câmara e agora têm aquele Palácio ou outra coisa qualquer, brega à 15ª potência pois claro.

E em bom rigor nada mais faz, alternando o seu enfado e agastamento com ainda melhores comentários como «se la estivesse fazia o mesmo». Assim vai a moralidade, outros, os zelotas dizem são todos uns bandidos e uns corruptos, este pais precisava era de um Salazar em cada esquina, outros dizem, aahhh os comunistas e os bloquistas esses é que são amigos do povo. Outros ainda nos píncaros das suas cátedras afirmam princípios de direito penal e outras coisas, obviamente quando lhes convém. Os jornalistas escarafuncham abundantemente no puído lago que é a vida pública portuguesa.

Caindo na real, na minha opinião Carmona, se é independente, tecnocrata e aquele pacote de vacuidades com que se fez vender só têm uma solução eleições antecipadas, o PS está de rastos o resto não conta pro campeonato.

E o que faz o independente professor?

Agarra-se, como uma lapa, independente em todo o caso, à rocha, quem ganha, todos os outros, menos os munícipes. A mácula está feita e só se limpa com eleições que, síndroma do estado catatónico deste pais não dissipam ambiente nenhum, nem o clarificam, pelo contrário, agastam somente a imagem dos políticos para enfado colectivo.

Quem ganha neste caso é o eng. Sócrates, havendo apito dourado e CML não se discutem outras coisas como a incapacidade governativa de suster o monstro. Melhor ainda contudo, o cenário de eleições em Lisboa introduz um elemento adicional de instabilidade contra o PSD e Marques Mendes, obriga-o a estar na defensiva e a sair em defesa da sua escolha que se encontra tocada pela corrupção. É um all win cenario?
Sócrates entende que Lisboa é Portugal, agitar em Lisboa e atacar Mendes no seu ponto mais forte, é praticar uma guerra de erosão e ainda mais é colocar o PSD e seu líder na defensiva.

A teia de Sócrates está bem urdida, ademais porque conhecendo os partidos do centrão, qual é o partido dos do "tacho" que convoca eleições antecipadas antes do final da primeira metade do mandato?
Nenhum, o prego-mestre de Mendes está colocado, a demissão não irá suceder, salvo se Carmona for implicado, arrastando o líder do PSD para o fosso. É portanto um imperativo que CArmona se demita e convoque eleições antecipadas, só assim se poderá afastar esta mácula que não parará de alastrar até ao final do mandato. Os abutres já rodeiam a caravana e não pararam até que haja sangue.

Um elogio a Sócrates, aplica uma táctica fenomenalmente simples e parecida com a de Zapatero isto é a de governar paulatinamente contra o líder do partido alternante. Zás nos olhos! A "crise"(soundbite número 423 da vida política portuguesa) serve aqueles a quem não toca, e o estado putrefacto do PS Lisboa não afecta Sócrates, alias o pior cenário é este para as hostes do PSD, a Mendes interessariam eleições sem dúvida, é uma cartada de risco, mas a aposta do independente Carmona também. O fenómeno de corrupção que parece ser a cruzada de Mendes necessita de posições claras e inequívocas, eleições em Lisboa significam hipoteticamente o primeiro embalo para as legislativas futuras, sendo o melhor contra ataque. Mas também o menos provavel.

Digam que sim e que não, as presunções de inocência e o "diabo a quatro" como diz o povo, o certo é que a mácula ninguém a limpa e esta alastra.

O resto são peanuts.!

O munícipe de Lisboa esse... não é para aqui chamado.

Lisboa a arder

Nos últimos meses têm sido muitas as notícias desagradáveis sobre a Câmara de Lisboa e afins. Prémios de administradores de empresas municipais, EPUL, corrupção, terrenos, Parque Mayer, enfim um chorrilho de desgraças para os lados da capital.

A mais recente é a constituição da vereadora do urbanismo como arguida no processo do Parque Mayer e, eventualmente, também do vice-presidente da autarquia. Os habituais guardiães da moral e bons costumes (i.e, jornalistas e oposição) tudo têm feito para que haja eleições intercalares.

Porquê, pergunto eu?

Em primeiro lugar, o processo do Parque Mayer, independentemente de envolver ou não um escândalo de corrupção, assenta num erro grosseiro dos autores das normas do concurso para a alienação dos terrenos remanescentes da Feira Popular. Quem desenhou o programa de concurso? Quem cometeu a asneira? Não foram políticos...Mas Sá Fernandes, que tem feito suas as dores de o departamento jurídico de uma empresa municipal, é omisso quanto a essa questão. Asneiras essas não totalmente corrigidas no primeiro concurso do Vale de Santo António, facto também nunca referido por Sá Fernandes nas suas cruzadas contra o executivo camarário.

Mas há que ser justo. As asneiras desses concursos devem-se, em grande medida, ao simples facto de as normas terem sido elaboradas por juristas. Ou seja, juridicamente até podem estar correctas, mas do ponto de vista económico cometeram barbaridades.

Pena é que os autores das asneiras, ainda assim, não tenham sido responsabilizados, preferindo a comunicação social e as cliques partidárias atirarem aos alvos mais fáceis: os políticos. Ainda que se deva escrutinar o trabalho destes...

Em segundo lugar, por que raio querem agora eleições intercalares? Bom...talvez seja porque Carrilho finalmente saltou fora. Não faço ideia.

E em terceiro lugar, faz sentido haver eleições agora? Claro que não! Ainda que dois membros do executivo camarário tenham sido constituídos arguidos, tal facto não impede a Câmara de Lisboa de governar. Por algum motivo existem suplentes nas listas. Precisamente para substituir eleitos que tenham de suspender, ou perder por algum motivo, o seu mandato. Aqui em Espanha recentemente foram detidos (e estão em prisão preventiva!) dois presidentes de câmara das Baleares por eventuais delitos de corrupção e ninguém, repito, ninguém, pediu eleições antecipadas.

Mais uma vez, as vicissitudes dos mandatos dos órgãos autárquicos têm solução na lei eleitoral respectiva.

Por fim, em que pé fica Carmona? Fica desgastado e sem grande margem de manobra. É o preço que se paga por ser independente numa lista essencialmente constituída por aparelhistas. Nas listas para as câmaras mandam concelhias e distritais. É sempre assim. O "partido" (tanto PSD, como PS) morreria se não tivesse os seus "homens" nas câmara municipais. Os últimos 30 anos de poder local, têm demonstrado à saciedade quais os resultados.

Pena é que Marques Mendes, tão rápido a impedir a recandidatura de Valentim e Isaltino por serem arguidos em processos de corrupção não tenha pedido a cabeça dos vereadores já constituídos arguidos. Ai essa coerência...

Modestas vantagens de um IVA baixo

Em Portugal o IVA encontra-se instalado numa confortável taxa de 21%. Resultado, tirando as empresas que necessitam *efectivamente* de fazer negócio em Portugal, nenhuma vai utilizar o nosso país para efeitos puramente fiscais.

No Luxemburgo a taxa do mesmo imposto é de apenas 15%. Vai daí que empresas com distribuição na Internet como Skype e Apple (já lá vamos) tenham estabelecido neste país a sua base europeia.

Portanto, quando compramos crédito no Skype para ligar a telefones fixos ou móveis, é aplicada à venda uma taxa de imposto de 15%. Na página da compra é referido o Luxemburgo como país para efeitos de determinação da taxa aplicável.

De acordo com algumas notícias que circulam na net, a Apple prepara-se para fazer uma jogada semelhante com a venda de videos na Europa. Ao contrário do que se passa com a venda de música - efectuada em "lojas itunes" nacionais - parece que a venda de videos será efectuada através de uma única loja europeia. Domiciliada onde? No Luxemburgo, pois claro.

Tendo em atenção que o modelo itunes pressupõe a venda de música a todos os europeus (pelo menos os da zona euro) ao mesmo preço de 99 cêntimos, é natural que para filmes a Apple escolha o país com a menor taxa de IVA aplicável a esses bens. Assim aumenta a percentagem de receita em cada video vendido.

Desconhecendo os mecanismos do IVA em profundidade, lembro-me, no entanto de nas vendas intracomunitárias a consumidores finais ser aplicável a taxa do destinatário a partir de um determinado montante. Um bom exemplo é a compra de artigos na Amazon inglesa que nos são facturados com a taxa de IVA portuguesa.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

O assalto continua...

Meus caros, mais uma notícia que podem ler aqui.

Parece que para além da taxa mais elevada de IVA, as portagens mais inflacionadas, electricidade mais cara, o Governo em conjugação com os Autarcas (doravante designados por "LADRÕES") estão a pensar em colocar portagens à entrada das cidades para impedir a entrada da populaça nas urbes.

Os LADRÕES não pensam em melhorar as condições de vida da população. Muito menos, trabalhar para transformar os miseráveis transportes públicos (com milhões de euros de prejuízos) em empresas funcionais, eficazes e minimamente rentáveis.

Pensam em sacar.

Nem mais nem menos. Sacar em impostos. Em taxas. Em dinheiro que não lhes custa a ganhar, e que faz falta a quem vive com pouco porque o Estado já lhe tira muito.

Os embasbacados

A comunicação social e os indígenas deste belo pais vivem em constantes estado de espanto, estupefacção ou embasbacamento. À populaça, servida pelos seus nobres jornalistas é servido um buffet de notícias do coração, histórias de interesse humano e embasbacamento, seja pelas dunas da Caparica, pela "menina de torres" ou outra historieta qualquer.

Uma mente embasbacada não pensa, não reage a estímulos, nem critica o que está em redor, vive em semi-consciência, da qual digamos também que não convém despertar o "average José". Os três F's de ontem, outros três F's de hoje, Fofoca, Futebol e Ficção Nacional. Com bastante ironia acrescento, nem de propósito e nada martelado. É notório que os portugueses pouco se interessam com temas que ultrapassem a sua esfera de interesses, ou seja o que lhes toca, a mudança de horário no centro de saude, as "carreiras" dos autocarros, a neve, o sol, o frio, as greves, as meninas de "torres", alguma pequena corrupção e as novidades do coração. O resto passa muito debaixo do "mainstream" cultural.

Alias nem temos por cá essa tradição, e a história demonstra que fazer demasiadas ondas por cá não determina grandes carreiras ou futuros brilhantes.

Infelizmente as principais questões europeias ou mundiais são demasiado filtradas pelos media nacionais que, tremendamente ignorantes e representando os cinzentões do regime do "centrão" ora adoptam posições consoante os expedientes de momento e suas implicações com os líderes políticos do momento. O debate em torno das eleições francesas, o problema de terrorismo em Espanha (alegremente filtrado pela PRISA na TVI), as relações com a Rússia, a iminência da saída de Blair. Ademais tal sucede também com temas internacionais, a questão iraquiana é sempre servida da mesma maneira, os vis ocupantes, o estado de caos, os pormenores que tanto aprazem aos nativos que nunca têm um panorama mais lato.

De forma manifestamente grosseira são temas diversos, nacionais ou não manipulados consoante os ventos nacionais do momento, vejamos, o caso dos voos da CIA, que nos idos de Durão e Santana eram vergonhas nacionais e hoje são vetados à indiferença? Ou outros, tais como as ingerências e politização da informação pública que quando falada por Pacheco Pereira nos tempos de Santana merecia a maior atenção e hoje, com os mesmos argumentos ou outros ainda mais pungentes são vetados a ignotas críticas.

Seja por feitio, seja por instrução em boa verdade não vale a pena dar ao povo aquilo que ele não quer, até porque assim só se torna menos dócil e aspero para governação. Um escandalozinho alí, uma indignação aqui, a neve, a chuva, o sol, a ponte ou outra coisa qualquer que sirva para embasbacar um pouco a mente e distrair um pouco.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

É que não há paciência...

Peço a todos que vejam a crónica do Primeiro Gajo da nação.

Gajo porque só fala de uma coisa... podia ser de futebol, de carros, de gajas, de viagens, de motas, de praia, de música, de filmes, de jogos, da final do Open da Australia, do trabalho, do PES, do novo telemóvel, do antigo computados, das colunas do stereo, da vizinha, no seleccionador nacional, da exibição do Ronaldo, do Derlei no Benfica, da bronca na Camara, do discurso ridículo da Primeira Gaja no Parlamento, das notas soltas do António Vitorino ou da seca dominical do Marcelo...

Mas não...

O Primeiro Gajo só sabe falar de uma coisa. Uma coisa em que deve ser especialista, deve ser médico ginecologista ou enfermeira parteira... enfim coisa do género.

MAS SERÁ QUE ALGUÉM CALA O GAJO E O ABORTO DE UMA VEZ POR TODAS???????

Sinceramente já dá vontade de fundar um jornal chamado "Abortas?" e pô-la a escrever durante nove meses sobre as várias facetas do tema.

Cada cavadela, cada minhoca!

Desconheço os contornos do caso do Parque Mayer da Câmara de Lisboa e dos terrenos da feira popular, parece contudo que estalou uma bomba na edilidade lisboeta, com arguidos, buscas e cenário de crise. A palavra crise é cliché pois é consabido que Portugal está em crise há pelo menos 900, excepto a breve sentelha que foi o reinado de D. João II.

Não é de menos verdade que cada negócio, cada permuta, cada projecto de interesse público de maior dimensão acolhe sempre suspeições, arguidos e a já sabida relação de cumplicidade entre empreiteiros e autarcas. Estranho não, qualquer negóciozinho de alguns milhões de euros conseguir sempre não ser transparente, claro e acima de suspeita. Curioso como as promiscuidades descambam em abuso e nepotismo, como os contornos são sempre os mesmos, as escutas telefónicas e os sms's com, ´«atão pá...», «vemo-nos aonde pá», «gostaram da estadia e do jantar pá»... O mar de «pás» é síndroma da pequenez nacional, a intimidade e o nacional porreirismo que mistura os «pás» com outra figura de estilo engraçada que é «oh dr.». Pois para rir só...

Em Portugal é considerado normal tratar-se o autarca por pá, ter um juiz amigo que mexa uns cordelinhos (caso de Felgueiras), um empreiteiro simpático que oferece jantaradas bem regadas e muitas vezes a sobremesa também etc... Tudo isto em troca de um favorzinho, uma licença, a aprovação de um plano, uma adjudicação, uma permuta etc... O dinheiro esse não deixa rasto salvo em certos casos e portanto não vamos por aí, contudo como pode ser visto com normalidade serem políticos apanhados com malas cheias de notas, escutas telefónicas que ultrapassam tudo o que é expectavel em relacionamentos institucionais etc...

Só em Portugal, talvez, contudo o que me deixa ainda mais decepcionado é o amadorismo dos «pás» e a pequenez dos nossos «corruptos» que em 5 anos como diz o Dr. Jardim, passam a ricos, dedicando-se somente à política, isto com a maior impunidade dos tempos e até o beneplácito de um sistema de justiça que serve somente para condenar os desgraçados que não dispõe de dinheiro para um advogado ou simplesmente cometem crimes gravíssimos como roubar autorádios, cometer trafico de drogas de doses absurdas etc... Infelizmente não serve mesmo para mais nada o sistema de justiça além de manter uma paz social podre, decrépita e amoral até ao seu âmago. É uma realidade que qualquer processo que pela sua natureza ou qualidade dos intervenientes assuma alguma complexidade, barra de imediato no labirinto jurídico criado por hábeis advogados e leis esburacadas, recursos múltiplos, complexos e delongados trâmites... Quantos casos à seria de corrupção foram desvendados nos últimos anos e quantas condenações se conseguiram? Diram houve um julgamento justo e foram absolvidos ou condenados a sentenças absurdas, algo não baterá certo acrescento eu...

Alias, terminando, este pais não bate certo...É um facto...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Até irrita!

Se há coisa que me irrita nestes espanhóis é o excessivo endeusamento que fazem de tudo o que seja espanhol e, em particular, de tudo o que é desportista espanhol.

A apresentação da McLaren em Valência foi uma loucura. Tudo porque Fernando Alonso agora é piloto da equipa. Equipa essa que em 2006 nem uma única vitória obteve num GP. É verdade que o rapaz foi campeão do mundo e cortou o cabelo mas...

Outra loucura é, Gasol um basquetebolista que joga na NBA. Para esta gente é o melhor do mundo, pena ser um jogador apenas regular quando compete na, essa sim, melhor liga do mundo. É assim a modos como o Roger Milla, o melhor depois de descontados todos os outros.

Mais um miudo qualquer de quinze anos que é o participante mais jovem nos campeonatos de patinagem do gelo que se disputam numa terreola qualquer que agora não me lembro o nome. Teve direito a reportagem no telejornal da TVE e a um comentário do género "se calhar temos aqui o próximo Alonso ou Gasol"

Mas o que é que isso interessa? Se tivesse ganho alguma coisa, mas não, nem isso. É só um participante. Nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno, em Portugal também se falou do nosso único participante, mas quase em tom de gozação.

E por fim: Rafa Nadal. O rapaz é o tenista número dois do mundo. E é, efectivamente, um bom jogador. Mas vejamos o que se passou antes da eliminatória dos quartos-de-final do Open (perdão, Abierto) da Austrália contra um tal de González. "Nadal é o maior. Nadal ganhou a Hewitt. Nadal isto, Nadal aquilo." E ainda aquelas baboseiras travestidas de estatísticas fundamentais: "Nadal em dez jogos nunca perdeu com um sul-americano" (como se isso vaticinasse algo). E coisas que tal.

Enquanto isso, os jornalistas gozavam com o adversário por estar a descansar na véspera do confronto, passeando na cidade.

Bottom line: Nadal levou uma valente sova. 6-3, 6-4 e 6-2. Sem apelo nem agravo. Ao ponto de ele ter dito que pensou em desistir a meio da partida. Claro que no dia seguinte os jornalistas diziam: "coitadinho, estava cansado, a eliminatória anterior foi muito esgotante."

Enfim, é o máior. Pena que haja um n.º 1 que dá pelo nome de Federer. E que está na final do Abierto.

Hillary e Obama

Aproveitando o mote de PT lanço a seguinte achega, o que tem Hillary e Obama de atraente enquanto candidatos?

Quais as suas posições de fundo sobre o Iraque, nomeadamente à senadora Clinton, cujo congresso em 2002 do qual era membro autorizou as operações no Iraque, e sucessivamente aprovou aumentos de despesa para o contingente americano, a par de mais recentemente aprovar o financiamento adicional das 5 brigadas ora colocadas no Iraque?
Ora a Madame Clinton a par de aprovar resoluções a permitir a alocação dos ditos fundos, arregimenta os democratas para aprovarem resoluções não vinculativas acerca do Iraque, nomeadamente dos malefícios do aumento da intervenção. Concordo contigo PT, é mesmo oportunista, contudo e lamentavelmente não o é somente com as proezas do marido sob o seu nariz, é com tudo. Para mim está visto o género de líder que será o de uma no cravo outra na ferradura, com meias palavras e meias acções, bem ao gosto de alguns líderes de Bruxelas. Qual a sua plataforma?

Ser mulher. Como se lançou na política após ser a primeira dama de um ex presidente cujo mandato foi probo ao disparate pessoal com charutadas para todos os gostos. Como escreve Luciano Amaral no DN de hoje, a elegibilidade é cada vez uma caracteristica mais importante nas democracias modernas, interessa ser mulher, gay, negro, hispânico, chinês ou outra minoria qualquer, pois assim garante-se uma "habilidade especial ao eleitorado", qual animal de circo, faz truques por ser elegível. Enfim mal vai a democracia se os candidatos não representam escolhas claras ao eleitorado.

Vejamos o exemplo do curioso paradigma do engenheiro Socrates, sem embargo de rumores não pertencia a nenhuma classe de elegíveis especiais, no entando apresentou uma plataforma clarissima, sem aumentos de impostos e com mais 150.000 empregos, ingles e internet a jorros. Do proposto ZERO, mas ao menos ficou o interessante exercício de ver que o que o povo quer é a plataforma do engenheiro, a proposta, não a praticada.

Obama é negro. 1-0. Ser negro vale mais que ser mulher, na deturpada escala de valores do politicamente correcto, acima das mulheres vêm os negros como elegíveis. Participante na campanha de John Kerry, aquela que levou o maior cabaz de todos os tempos desde que Nixon foi eleito para o 2º mandato, é nos agora proposto o discurso da esperança nas mãos de Obama, de reajustamento e de mudança das políticas. Uma nova esperança pois o património anterior pouco interessa e é tábua raza. O delírio de Obama é notório e raspada a crosta do marketing pouco sobrará que uma plataforma de meias palavras e verdades.

O ressugirmento dos democratas é de facto espantoso, uma meia causa, uma nova esperança de nadas. Recentes sondagens dão vantagens a Giuliani e a Mccain de dois dígitos sobre os dois portentos democratas, qual será o issue de 2008? Provavelmente o Iraque e não só, nomeadamente o estado da economia cujos índices apresentam boas estimativas de crescimento... Até ver, eu por cá torcerei pelos Republicanos e de preferência por Giuliani, sempre apreciei um tipo que se chega à frente e com coragem para fazer o que for necessário.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Ainda os números do monstro!!

É um facto, sou a pessoa mais chata e aborrecida do mundo. Para o tornar oficial resta somente liquidar as guias do imposto do selo e correspectivos encargos para a oficialização do acto. Outorgantes estaram todas as pessoas que conheço, inclusive amigos, familiares, ex-namoradas etc....

Feito o introito passemos à piece de resistance, os números do monstro para 2006 evidenciam uma profunda consolidação orçamental nas palavras do Sr. Ministro das Finanças, aumento da receita 8,tal %, aumento da despesa 2,4%! Brutal, é de bradar aos céus, mesmo com o aval do Governador do Banco de Portugal, ou seja o Estado continua a gastar mais, a consolidação é que continuará do lado da receita, ou seja, muito simplesmente que com 2 anos de governo "socrático" está tudo na mesma, ou seja o monstro engordando alegremente e os contribuintes mais pobres, chegaremos ao dia em que se pagaram mais impostos que os rendimentos auferidos, eu cá já não digo nada...

Fica o facto contudo, a consolidação orçamental "a la portuguesa" conhece somente um lado do Orçamento, o da Receita, ou seja o que se pode espoliar ao cidadão sem que a tal corresponda qualquer utilidade económica ou prática. Pra rir, se não fosse para chorar.

Finalizamos o post somente com a promessa, que acredito que seja cumprida, de que os impostos não baixarão em 2008. É a primeira directiva e única que veremos de bom grado as Finanças cumprirem...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Hillary e Obama

O combate nas trincheiras democratas para 2008 afigura-se aliciante, duro e bastante mais interessante que o de 2004 entre os diferentes tons de cinzento de Howard Dean (claro), John Edwards (rato), John Kerry (cor de chumbo).

Desta vez temos na linha da frente das primárias democratas dois concorrentes de peso: o outro Clinton (há quem diga...a metade inteligente da família Clinton) e a rising star Barack Obama.

Quanto a Hillary não haverá muito a dizer: é esperta, fria, experiente, calculista e conta com uns cofres de campanha bem recheados para fazer frente aos próximos meses. Finalmente decidiu divulgar o que todos sabiam e tentar apagar o efeito do anúncio de candidatura recente de Obama.

Já Obama é um mistério. Praticamente desconhecido até há dois anos e meio atrás, quando proferiu o discurso principal da convenção democrata que entronizou John Kerry. Obama tem diversas vantagens sobre Hillary como o facto de ser uma cara fresca, não ter um histórico de votações complicado no Senado para explicar e de principalmente carregar consigo uma aura de carisma, paixão e esperança que a dama Clinton simplesmente não tem.

Aliás, basta ler o último livro dele (The Audacity of Hope, de Outubro de 2006) para perceber o que estou a dizer. Depois de ter lido o livro (e visto a loucura frenética em volta do mesmo) fiquei imediatamente com a ideia que Obama não resistiria a candidatar-se já em 2008 à Casa Branca.

Mas se acho Hillary calculista, conjugando o timing do livro de Obama com a divulgação por ele próprio que consumiu drogas há uns anos (num momento em que não lhe causaria grande dano e se encontra num pico de popularidade), não posso deixar de reparar que essa característica é também extensível ao outro candidato.

Os maiores problemas de Obama serão conseguir apelar a um eleitorado branco (o white male american) e, principalmente, conseguir gerir a euforia que se instalou à volta do seu nome. Este endeusamento a um ano das primárias e a dois das eleições poderá esgotar-se demasiado rápido e levar ao seu apagamento. Será difícil manter esta onda de good vibes e novidade em redor da sua imagem.

E depois, quando se usa como mensagem a cartada da "esperança", a qualquer falhanço será cobrado um valor elevadíssimo.

Aguardemos pois o que se passa nas trincheiras republicanas, sendo certo que três (fortes) putativos candidatos se perfilam: John McCain, Rudy Giuliani e Mitt Romney.

Marretada na anterior administração dos correios

O Governo decidiu lembrar-se de processar a anterior gestão dos correios por gestão danosa. Desconheço os factos e os fundamentos para tão nobre decisão mas regista-se a novidade: finalmente algum gestor público vai responder por eventuais asneiradas que tenha feito com os dinheiros públicos.

Ora aí está um boa notícia, mas também a abertura de uma caixa de Pandora. Não nos esqueçamos que o Governo está, simplesmente, a atirar-se a uma administração nomeada durante o governo de Durão Barroso. Ou seja, destrói aquele pacto de silêncio que tão bem tem servido ao PS e PSD na alternância no poder. Quanto muito, os que vêm depois criticam quem esteve antes, mas nada de colocar o pescoço deles no cepo.

Pois é. Mas se calhar para a próxima já será uma administração de uma empresa pública qualquer nomeada pelo PS a sentir o agradável sabor de ver as suas actuações avaliadas em Tribunal e arriscar-se a ter de pagar por isso. Será divertido de ver.

Mas vejamos um dos argumentos apresentados como motivo para iniciar as hostilidades. Aparentemente a administração de Horta e Costa esqueceu-se de respeitar as normas relativas à contratação pública (obras públicas e bens e serviços). Aliás, nem foram os CTT condenados uma vez no Supremo Tribunal Administrativo por causa disso nem nada. O que para agora não interessa pois foram actos praticados durante uma administração nomeada pelo PS. Esta também será investigada? Afinal padecia do mesmo mal...

Parece que não, a nomeação partidária ainda tem mais força que a prossecução do interesse público.

Mas continuando. O exemplo dos CTT não é caso único. Ou pensam que o Metro (de Lisboa e do Porto), a REFER, a CP ou a Transtejo aplicam religiosamente os Decretos-Lei n.º 59/99 (empreitadas) e 197/99 (aquisição de bens e serviços)?

Claro que não! Até porque no âmbito subjectivo - especialmente no caso do 197/99 - o texto está feito de propósito a evitar que as empresas públicas sejam obrigadas a seguir a procedimentalização definida nesse diploma, ao arrepio das directivas comunitárias. E em 1999, quem fez esses Decretos-Lei? Oopss...outro governo PS!

E quem está atrasado um ano (um ano!) na transposição das mais recentes directivas comunitárias sobre contratação pública? Oops...o actual Governo! Por muito que o Ministro das Obras Públicas diga que o Código da Contratação Pública vem aí, o que é certo é que já vem um ano atrasado.

E já agora, por que motivo os contratos geradores de receita para o Estado ficarão de fora do novo Código da Contratação Pública?

Tanta hipocrisia mete nojo...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Marretadas várias

Em interessantíssimo relatório das praticas publicado pelo Tribunal de Contas, ficamos a saber que a racional decisão do Eng. Sócrates em demitir a administração da CGD custou a módica quantia de 2.841 986,31 €, ou seja quase seiscentos mil contos em moeda antiga. O Vara & companhia agradecem, especialmente porque a equipa anterior foi demitida com base no bom e velho argumento da "confiança política", ou seja agora isto é nosso, voces para ai foram por por conta de quem anterior era dono do aparelho e ora queremos colocar ai os nossos amigos...

A confiança política, esse interessante critério é em Portugal justificado com o apossamento do aparelho de estado pelo PSD e PS, competências e outras qualidades são mínguos substitutos para a confiança política, veja-se lá o caso de por exemplo num laivo de demencial social-democracia, iria a administração da CGD começar a distribuir dinheiro entre os seus clientes, num acto inspirado certamente nos melhores ditames da doutrina alemã.

Golpe de Estado e eleições, encomendadas do Largo do Rato para Belém, a chamada "chapelada" nos tempos do Liberalismo, "sampaiada" nos tempos de hoje, mudam-se as preferências do eleitor muda o projecto, muda tudo para que continue tudo na mesma. Na alta convição do projecto socialista ao qual ruma o pais, pelo menos fiando-se no preambulo da constituição e no governo que temos, deve-se proteger a CGD de ingerências e desvios social-democratas. Zás, de penada demite-se o Conselho de Administração (CA) que pelo caminho apresentou dos melhores resultados de sempre da instituição. Agora sim há confiança política na CGD, a deriva social democrata foi impedida, com a demissão dos mais fundamentalistas, os outros continuam alegremente, inclusive a Dr. Cardona, pois faz sempre bem ter uma democrata cristão para dar bom ambiente.

A demência é galopante, mas admitida e consentida pelo pais e pelos diversos partidos do sistema, porque? Porque hoje faço eu, amanhã fazes tu... O Estado é o recreio particular dos Jotas e dos militantes de partidos, que servindo-se a si próprios esmagam o contrinuinte por conta de sucessivos erros e projectos ora socialistas ora social democratas que redundam no estado-"bosta" que hoje temos, pagamos e sem contrapartidas. Ouvem-se os berros por detrás "Usurários", "agiotas", "extorcionistas" mas há um mais alto que diz, "filhos da p...olítica", pois claro que isto é um blog de educação esmerada!

Entretanto la foram 3 milhões mais 1 dos tempos do Dr. Santana, precisamente para purgar os socialistas e implementar o projecto social democrata que ora se extirpa.

Palavras impõe-se também ao "falhanço histórico" que representa não ser aprovada uma Constituição Europeia até 2009. Isto nas palavras da ilustre chanceler alemã. Imagino que por vezes em cimeiras europeias ou no Parlamento Europeu à falta de assunto de conversa alguem puxe deste tema, imaginemos o diálogo, quanto vai custar uma vaca francesa à UE este ano?200€ grita um gaules negro e árabe, enfim o autentico! Avançando na ordem do dia por instrução do presidente do parlamento, chega-se ao fim, são 10h da manhã, a sessão iniciara as 8h com um discurso do miguel portas sobre o opressor zionista sobre os pacíficos palestinianos. A contragosto e após sucessivas invectivas calando Ana Gomes por conta de uma aviões carregados de homens de fatos de treino laranja que foram vistos por membros da intersindical nos Açores lá entram os funcionários so sanatório para levar a pobre deputada. Enfim, desta vez um eurodeputado qualquer lá faz o requerimento urgente à mesa, urge discutir a Constituição Europeia, venha uma posta de cherne e mais a Comissão!

Discutidos méritos indisfarçáveis e criticando-se os franceses e holandeses de vistas curtas lá se renova o consenso, há que avançar com isso, entretanto o Dr. Sampaio até garantira que haveria sempre referendo em Portugal e que a constituição seria um desígnio europeu...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Aquilo que nos consome...

Provavelmente o caro leitor pensaria que este post seria sobre algo mais intelectual e interessante do que a vida do nosso País. No entanto, vindo de umas retemperadoras férias pelo sul de Espanha, acabei por vir ainda mais amargurado com o país que me viu nascer.

Outros blogs como o da Revista Atlantico tem-nos comparado ao Botswana... chegando à conclusão que ainda estamos à frente mas não por muitos.

O meu pensamento é rápido, e conto-o ao ritmo da viagem que fiz...

Segunda Feira.

Saída de Lisboa às 11 da Manhã. Multa EMEL no carro. Não paguei. Atirei para o chão. e vão 23!

Ida até ao Algarve. Arrota 17,50 por uma auto-estrada sem ninguém. Põe gasolina para chegar à fronteira. Litro - 1,250. Chega à SCUT Via do Infante... um mar de carros!

Espanha. AH! Auto-estrada - de graça! Gasolina - 0.933. Compramos um maço de tabaco - 2.30.

IVA - 17%.

e assim por diante!

Gostaria de perguntar apenas para que serem os nossos impostos?

Estradas? nem pensar.
Segurança Social? risos!
Serviços Municipais? quais?
Saúde? E o seguro?
Educação? e as propinas? e quem não usufrui?

Pagamos 21% de IVA. Pagamos IVA + IPP sobre a gasolina. Pagamos IEC + IVA sobre alcool e tabaco. Pagamos para ter um cão (registo na câmara municipal). Pagamos para estacionar o carro (para podermos ter uma data de inqualificados a passar multas que ninguém paga uma atrás da outra). Pagamos 230 deputados dos quais mais de metade nunca falou nem há de falar (Deus nos livre e guarde).

Temos a internet mais cara do Mundo. A TVcabo não vale nada. Canais manhosos, onde se transmitem missas evangélicas brasileiras e programas de culinária duvidosa.

Temos o preço da electricidade fruto de uma abstração governamental (6% ou 8% ou 15% de aumento, é à vontade do freguês). Pagamos aquilo que não usamos com base numa potência contratada. Água idem.

Peço que pensem se este país não vive para roubar os seus cidadãos. Não há nada neste momento, em que os Portugueses tenham paridade face aos espanhóis. Trabalham mais horas, recebem menos, pagam mais impostos, compram menos bens de consumo devido ao IVA.

Quem aguenta esta situação? e até quando?

P.S. Apenas queria deixar uma nota relativamente ao concurso dos Grandes Portugueses. Somos tão mesquinhos que um programa que poderia ter algum interesse para divulgar ilustres portugueses, apenas serve para lutas entre mortos: Salazar Vs Cunhal. Portugal no seu melhor.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Quais os melhores países para fazer negócio?

Nestes últimos dias tive de me preocupar com o ambiente económico de alguns países do Mediterrâneo e encontrei um excelente ranking do Banco Mundial sobre facilidade do exercício da actividade económica no mundo.

Portugal até não está mal colocado, num honroso 40º lugar, taco-a-taco com Espanha que ocupa a 39º posição. Até a Arábia Saudita (38º) e a Georgia (37º) (yep, a revolução laranja operou um milagre) estão à mão de semear.

Tendo em conta que a lista abrange 175 países, seria caso para cantar vitória.

Ou não. O problema é quando olhamos para os rankings referentes à facilidade em obter licenças ou contratar trabalhadores. Aí Portugal não dá hipóteses: 115º e 155º. A Espanha também não se pode rir muito. No tema dos trabalhadores a Espanha está ainda pior, em 161º lugar.

Portanto, da próxima vez que virem os sindicatos a lutar pela manutenção de postos de trabalho lembrem-se que Portugal, ao contrário do que pensam tais iluminárias, é um país onde é difícil *contratar* empregados, não despedi-los.

E na próxima mensagem de ano novo do Eng. Sousa, quando Sua Excelência nos explicar que é tão bom fazer negócio em Portugal, convirá ter presente que há 40 países no mundo melhores que nós nesse efeito.

Palavra do dia

No Urban Dictionary (www.urbandictionary.com) a palavra do dia é:

blogorrhea: To write a [blog] entry just for the sake of posting an entry, not because you have done anything interesting today.

O Cordão sanitário...

O parlamento europeu será, a par da Comissão e dos bens pensantes eurocratas de Bruxelas, uma das instituições mais inúteis da UE, mesmo com os seus membros eleitos. Grosso modo esse orgão com existência própria, grupos parlamentares e os inerentes serviços de imprensa entre outros, pulula num limbo por si criado, em conjunto com a Comissão Europeia e outras euro instituições que para além de caras, pouca utilização têm. Tanto tempo livre têm que até encarregam uma comissão de investigar voos da CIA e outras coisas absurdas, sempre num libelo acusatório que anseia protagonismo.

Ora no democrático parlamento existem diversos grupos parlamentares, que num espírito de fraternidade europeia partilham tachos em favor do cidadão europeu. Fenómeno da diversidade Europeia, foi ontem institucionalizada a União Para a Europa das Nações, que agrega partidos de "Extrema"direita de paises como a Dinamarca, Irlanda, Itália, Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia França, Chipre entre outros. De entre as estrelas da Companhia destaca-se a neta de Mussolini e outros portentos da direita nacionalista ou extrema direita. Institucionalizados e democraticamente eleitos representantes de pleno direito, sendo que a primeira reacção do grupo socialista europeu é a de instaurar um cordão sanitário que ostracize o mencionado grupo de funções, comissões etc... Escusado dizer que partiu de um francês a ideia, que pertence a esse cordão sanitário, todos os outros, de forma a isolar, realizando uma espécie de quarentena ideológica sobre os restantes...

Com quem conta o PES (como o jogo), com os verdes radicais, de onde se inclui o Bloco de Esquerda, do Grupo Europeu de Esquerda que conta entre outros com o nosso democrático PCP etc... Ora ´vermelhos e verdes são membros de um cordão sanitário que se destina a manter a saúde de todos os europeus, graças à prolífica actuação dos beneméritos socialistas. A mézinha já é conhecida, há lugar para todos na democracia, salvo para os de extrema direita, esses têm ideias pouco...saudáveis. A carreta rumo ao ridículo é empurrada pelos mais demenciais partidos do mundo como o Partido Italiano de Refundação comunista que em Itália colocava frequentemente cartazes com fotos de José Estaline sob o epiteto "Estaline tinha razão!". Alias estaline também impôs um cordão sanitário que consistia na imensidão da tundra siberiana ou uma bala em Lubianka. Os Verdes que tanta emoção causam à esquerda, são em regra terroristas como Coehen Bandit, o mesmo do Maio de '68 e outros descamisados que praticam um eco-terrorismo anti-globalização, anti-capitalismo, anti-tudo menos o que for verde...

A ideia de cordões sanitários não é nova aos socialistas europeus, sucedeu com a Austria de Schusser e Haider, na qual em 2000 Guterres na sua presidência europeia fez de bombo da festa aos franceses, com as infames sanções políticas, que em última instância censuraram somente os eleitores austriacos nas suas livres e democráticas escolhas.... Democracia e Liberdade curiosa sem dúvida...

Ideias como cordões sanitários e outras formas de hipocrisia política servem somente os propósitos dos que praticam um credo fora do sistema democrático e que usam paradoxos de funcionamento como estes para captar votos. Ademais julgo que os primeiros a agradecer o mencionado cordãozinho serão os próprios que ganham munição política e espaço de plateia, mas enfim num mundo politicamente correcto perde-se o norte muito facilmente como o ilustram estas e outras atitudes dos tiranetes derivam por Bruxelas.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

O preço do petróleo

Nas últimas semanas o preço do petróleo baixou significativamente em comparação com os máximos de 75 dólares por barril registados no final do ano passado, descendo inclusivé até níveis de 2005.

Ainda que em Portugal a gasolina e gasóleo não tenham acompanhado a queda rápida dos preços, num movimento inversamente proporcional ao ditado: "para baixo todos os santos ajudam, para cima só um e é coxo", o que é certo é que as previsões pessimistas do barril acima dos 100 dólares (ainda) não se concretizaram. Certamente para grande pena da OPEP e restantes países produtores de ouro negro.

Mas a diferença que uns anos fazem nas contas do petróleo são impressionantes. Não há muito, a OPEP pretendia manter os preços no intervalo entre 24 e 28 dólares. Hoje, montada no crescimento económico alheio ao preço elevado do crude o objectivo do cartel é estabilizar os preços entre 50 e 60 dólares.

Será criticável esta opção? Obviamente que não. A OPEP faz o seu papel: estabilizar os preços a um nível compatível com o desenvolvimento económico e ir maximizando os lucros para os seus membros. No lugar de qualquer ministro de um país produtor de petróleo com a pasta respectiva, faria o mesmo. É assim que as coisas funcionam.

Mas se não podemos criticar os países produtores por quererem manter os preços elevados, o mesmo não podemos dizer da incapacidade dos países ocidentais em afastarem-se do vício que é o petróleo como combustível (e já agora, matéria-prima para muitos bens, de plásticos a cosméticos). Pode-se dizer que tou a bater no ceguinho, que é o tema da moda. Pois é. Efectivamente é o tema da moda e não valerá a pena falar muito sobre isso.

Valerá a pena sim falar de algumas consequências dos actuais preços elevados do petróleo e já agora do gás natural. Basicamente, para onde vai o dinheiro? Já nem falo da corrupção na Nigéria, Angola e Sudão ou do apoio indirecto ao terrorismo por alguns dos muitos príncipes da Arábia Saudita.

O dinheiro vai sim para países como Venezuela, Irão ou Rússia, cada vez mais com agendas internacionais próprias e com vontade de usar a energia como arma.

Ou seja, esse Eixo-dos-Novos-Ricos permite-se uma linguagem, uma agenda e um conjunto de políticas internacionais próprias e contrárias aos interesses ocidentais. Mais uma vez, não os critico. Estão no seu papel.

E enquanto mantivermos a nossa actual dependência desse bem, continuaremos a dar dinheiro aos nossos "queridos inimigos".

No entanto, sejamos pragmáticos. Boa parte desse dinheiro regressa ao mundo ocidental através de bens de consumo, contas na Suiça ou peças para reactores nucleares como Bushehr.

Afinal de contas, podemos não gostar deles mas também são nossos clientes.

Da mesma forma que Chavez bate nos EUA mas precisa do cliente (pelo menos enquanto a China não tiver capacidade para refinar o crude pesado que se extrai na Venezuela).

Concluindo, e pragmatismos à parte, o meu ponto é simples: quanto tempo mais vamos estupidamente financiar quem tem uma agenda contrária à nossa?

Grandes Portugueses e outros...

O programa de Mª Elisa de ontem foi uma pérola de entretenimento popular, julgo que somente com esse olhar se poderá ver este. Mª do Carmo Seabra, ex ministra do fresco governo de Santana Lopes figurava na lista em 55º lugar, Vitor Baia em 67º, Mourinho 20º, Jorge Costa 9..º, Pinto da Costa 23º(creio), Eusébio, Amália, Cavaco, Sócrates, isto para deixar os 10 primeiros de fora... O Grandes Portugueses é aquilo que os Portugueses quiserem fazer dele, o que fizeram, um concurso de popularidade, com gozo à mistura, só assim se compreendem alguns nomes acima mencionados, ou outros que ora me escapam.

Tristemente, Soares ficou quase nos 10 primeiros, eheheh «o Pai da democracia», curiosamente fica atrás de Cunhal ou Salazar... Alias sobre os 10 primeiros, a realização de um programa sobre Salazar já obrigará a engolir muitos sapos o que certamente promete pois talvez possibilite uma discussão divertida e quiçá mais lúcida sobre a figura mais marcante do século XX português. Marcelo Caetano fica mais atrás, mas à frente de Sócrates e Cavaco. A inclusão de Cunhal nos 10 primeiros é também um fenómeno de força, do PC pois claro, diz-se que há dedinho do PC no assunto, havendo ou não causa estranheza, pois o fidelíssimo Cunhal sendo o que foi nunca foi personalista, nem cultivou um culto de personalidade que caracterizou muitos dos seus compinchas "rojos".

Continuando, parece que para Fernando Madrinha os salários da "Banca" são obscenos e não deve o Governo concorrer com estes por forma a manter nos seus quadros Paulo Macedo. O invejómetro nacional é sempre divertido, primeiro a própria adjectivação, obscenos, pois a inveja é chata, o que têm os jornalistas com os salários que pagam empresas privadas? Nada, talvez o Sr. Madrinha tivesse as qualificações do Armando Vara, esse prodígio da Banca que saindo empregado de balcão volveu como administrador depois de uma carreira na política e algumas comendas do Dr. Sampaio... Pois é a República trata bem os seus filius favoritos... Voltando ao Sr. Madrinha, o sei argumento obsceno é que 23.000€ é muito, mesmo para um homem que manda rezar missinhas. Na Banca paga-se muito e o limite de €5000 é o máximo para os cargos da função pública ou política. Sem falar dor regabofe das empresas públicas, ou de participações maioritariamente públcias que gerem sucessivos prejuízos o Sr. Madrinha esquece que o que o Estado dá com uma mão ao Sr. Macedo, faz este render com a sua... Ademais, um cargo de responsabilidade como o de Mr. IRS (e outros) têm a inerente responsabilidade de gerir um bolo que representa mais de metade do OE, enfim pormenores pois claro...

O que denota a prosa de Madrinha é somente a incapacidade de articular pensamentos sem pensar na comezaina inveja de redacção, paróquia ou outra coisa qualquer... Sr. Madrinha, quanto ganha? Seja que for é pouco para um homem da sua craveira intelectual, certamente com a sua formação em comunicação social teria lugar num qualquer gabinete de empresa a receber o salário tabelado pela função pública pois claro, como o são os do Expresso na certa...

O dr. Alberto João Jardim deu uma entrevista a novo magazine da Sic Noticias que substitui o programa de Mª João Avilez, desta feita apresentada por uma enjoadinha qualquer do mencionado Canal que não têm o mínimo sentido de humor ou político. O sr. Jardim já aqui foi aflorado por diversas vezes, para lá remetemos, contudo apresentou um argumento muito interessante que a perspicaz jornalista não colheu uma pergunta sequer, estranho, a ver, diz o ilustre político que há quem ande em Lisboa na política 4 ou 5 anos e faça fortuna... Assunto interessante mas que infelizmente não se compara à estéril polémica da Lei das Finanças Regionais... Imagino pois claro...

Derby da Catalunha

Esta semana houve derby no Olímpico de Montjuic, com o Espanyol a vergar o Barça ao som de um humilhante 3-1 que bem poderia ter sido mais robusto.

Foi uma bela joga, pese embora o Barça tenha parecido alheado e pouco dinâmico. Dinâmico sim, esteve Rikjaard ao perder a tradicional circunspecção que o caracteriza e mandar um valente murro na parede lateral do banco aquando do segundo golo do Espanyol.

Certamente que terá ajudado ao descalabro a asneira de substituir Gudjoonhsen por Motta aquando do empate aos 60 minutos. Basicamente o FCB ficou a jogar com quatro médios de características praticamente idênticas: Edmilson, Xavi, Iniesta e o referido Motta.

5 minutos depois o Espanyol estava em vantagem. Até final foi um vendaval de desperdício de golos inacreditáveis. O verdadeiro banho de bola.

Transmitido em sinal aberto (o que vai sendo raro nos jogos do Barça este ano) e com relato de um conhecido comentador de basquetebol espanhol, um tal de Salinas.

Ora Salinas brindou os telespectadores com algumas pérolas dignas de um Gabriel Alves:

Temudo es cojonudo!

Tikitaka (referindo-se a Ronaldinho)

Humphrey Bogart
(referindo-se a Xavi)

ou

Tiburón Pujol

O comentário, num estilo radiofónico, foi bem mais divertido que os relatos cinzentões da TV portuguesa.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

A fresca da Daniela

Há uns tempos começou a circular na net um vídeo em que aparecia a ex-ronalda (e ex-menina da Sagres) Daniela Cicarelli na rambóia com o seu namorado numa praia em Cádiz.

Naturalmente que a televisão espanhola, nada dada a escândalos, não se deu ao trabalho de mostrar o vídeo em horário nobre.

Recentemente, Cicarelli sentiu-se ofendida (sabe-se lá com o quê) e conseguiu junto dos tribunais brasileiros que o acesso ao youtube fosse proibido no Brasil. Esta semana uma instância superior limitou a proibição de acesso apenas ao vídeo da Daniela.

Desconheço os fundamentos jurídicos para tais decisões, no entanto, o bom senso não parece ter feito parte da ponderação dos meretíssimos brasileiros.

Gostaria de saber que direito tem Cicarelli a impedir a divulgação de um video em que ela por sua livre e espontânea vontade se dedica um bom bocado a trocar carícias com o seu namorado numa praia *pública* de Cádiz.

Estaria em privado ou no aconchego do lar? Não. As pessoas que estavam na praia com uma câmara de filmar violaram algum direito de imagem ou de reserva da vida privada? Não. As pessoas que estavam na praia e viram a cena podiam olhar para ela, ou também estavam proibidas de o fazer? Não.

Não tenho dúvidas em compreender a vontade e o direito das estrelas protegerem a sua vida privada ou a possibilidade de andarem na rua sem serem importunados por estranhos.

Agora acho fabuloso que Cicarelli apanhada em pleno atentado ao pudor (tenho de verificar isto num código penal espanhol) tenha conseguido de dois tribunais brasileiros a proibição da divulgação das imagens, pelo menos em território brasileiro.

Mal comparando é assim a modos como a foto de Gerald Ford (RIP) a tropeçar numa escada à saída de um avião na Áustria, quando era presidente dos EUA, ter visto a sua divulgação proibida.

Tenho pois a fresca Daniela por duplamente despudorada: pela tranquilidade com que sambou ao ritmo das ondas em Cádiz e pela cara-de-pau ao tentar impedir o visionamento das imagens no Brasil.

Minha senhora, na próxima vez que quiser dar largas à sua imaginação num areal, ao menos escolha uma praia deserta.

Mais um tiro no pé do Zapateiro

O ano de 2006 terminou e o de 2007 começou pior para Zapatero. Mais do que o atentado de Barajas em si, (não é a primeira vez que um processo de paz é torpedeado à bomba, o mesmo aconteceu na Irlanda do Norte depois dos acordos da Sexta-Feira Santa) o que mais irritou os espanhóis foi a forma como Zapatero reagiu ao assunto.

Limitou-se a declarar a "suspensão do processo de paz" quando, na realidade, o que o povo queria ouvir era o fim categórico do diálogo com a ETA. Pior, ainda se deu ao luxo de continuar de férias. Para quê interromper as férias? Afinal de contas só morreram dois equatorianos.

Parece que os políticos espanhóis deixaram de saber reagir a atentados à séria...primeiro o PP em 2004 meteu os pés pelas mãos na gestão do 11-M e agora o PSOE faz o mesmo.

Mas continuando com as gaffes do presidente do Gobierno, Zapatero ontem teve uma nova tirada digna de Valentim Loureiro (GUTERRES, GUTERR...,er....GONDUMARE, GONDUMARE!): achou por bem qualificar o atentado como um "acidente".

Bom acidentes há na estrada ou em casa quando o quadro mal colocado na parede voa em direcção ao chão. Quando há atentados não há qualquer acidente. Há sim a intenção de atemorizar a população e, eventualmente, de criar danos materiais ou simplesmente matar alguém.

Com tiradas destas, perder as eleições de 2008 para o cinzentão Rajoy não será mero "acidente".

Bons ventos?

Á 6ª Feira é sempre melhor ser optimista, portanto doravante será feito um esforço para neste dia de semana não ler os artigos da Senhora Câncio, hoje resisti à tentação e sou mais feliz por isso... fica a sugestão.

Porque bons ventos, primeiro lugar pela primeira vez na história o Primeiro Ministro do Japão, Shinzo Abe visita a sede da NATO em Bruxelas, sinais de mudança sem dúvida, há muito a NATO extravasou o seu ambito inicial, tendo uma participação activa fora da Europa, veja-se no Afeganistão e noutros teatros mais pequenos. A visita per si é um sinal de novas forças positivas em transformação e a emergência chinesa, juntamente com o declínio russo e os problemas da Coreia do Norte impelem o Japão a tomar um grande lugar no concerto das nações. A possibilidade do Japão se tornar uma potência nuclear não é de longe dispicienda, muito embora trilhando este caminho, será sempre com respeito à política de contenção nuclear norte americana, escolhendo de forma clara e inequívoca os parceiros e aliados credíveis para o futuro. Uns diram, evidência histórica e política, outros nem tanto, verdade é que o Japão é um aliado de peso para contrabalançar a emergência regional chinesa.

Os que se detém em excesso com a emergência chinesa esquecem os seus constrangimentos regionais e outros poderes fortes na área que impediram sempre a China de assumir uma postura demasiadamente agressiva e expansionista com seus vizinhos. Falamos do Japão, da Índia e da Austrália, sem falar da Rússia, potência minguante mas com interesses a acautelar na área. Fora ficam potências de terceira linha como a Indonésia ou o Paquistão... O mosaico Asiático é complexo, especialmente se juntarmos o problema das Coreias e de Taiwan, em todo o caso num Japão maturo e fora dos constrangimentos do pós 1945 que ainda se fazem sentir, encontrar-se-à um parceiro credível e honrado.

São bons ventos também a recente visita da Chanceler Merkel aos EUA, ao assumir a presidência da UE, bons sinais pois os anos de borlas russas que vigoraram no pós 1989 finalmente acabaram. O controlo de algumas fontes de energia, o fluxo de capitais e o próprio papel de Putin obrigam a Europa a acordar para a realidade que estará sempre limitada nas suas fronteiras por um colosso como a Rússia. Os delírios da Hiperpuissance, esbarram na realidade de que a Europa precisa dos EUA e vice-versa. O sr. Chirac pode ular e berrar, ir vezes sem conta ao Kremlin mas será sempre merecedor de algum escárnio pois historicamente a Rússia respeita a força e só a força, que a França não inspira. A reaproximação alemã ou pelo menos os bons sinais despertados pela visita devem ser vistos como bons augúrios, especialmente numa época de incerteza, pendentes que estamos do resultado das futuras eleições francesas. Sego ou Sarko? Ainda cedo para essa questão...

O plano Bush? Este já é mais controverso, verdade seja dita em termos económicos, o cometimento de mais recursos poderá implicar desperdícios, sendo contudo que a presente alocação é realizada a par de alterações nas chefias e contaram com outra experiência e uma missão mais definida. Diram os detratores, também no Vietnam, certo, contudo temos uma optimista perspectiva de que desde então as instâncias norte americanas amadureceram e não são a primeira potência por acaso do destino... Assim sendo resta esperar com optimismo, não apenas pelo destino do Sr. Bush mas mais importante pelo futuro dos iraquianos, que muitos esquecem, ou usam como arma de arremesso...

O preço do petróleo têm vindo a baixar paulatinamente a de níveis excessivamente altos, não que o consumidor português o sinta, mas é importante à economia mundial, à balança comercial portuguesa e à estabilidade dos preços! Bons ventos!

Mais sinais há que devem inspirar, no plano internacional sinais de optimismo moderado, contudo a conjuntura continua carregadíssima, especialmente por conta dos nós ainda por desatar no Irão e as Coreias...

Enfim, bons ventos...já não é mau para os dias que correm...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Apocalypto

O filme de Mel Gibson é uma pérola. Mais pelo seu conteudo que pelo filme em si.

Em síntese, o filme retrata episódios da vida de um índio e de sua aldeia, o seu convívio e modus vivendi, que é alterado radicalmente um dia pela pela investida de uma tribo Maia vizinha que, num raid sobre a sua aldeia captura amigos, familiares e que coloca a sua família num dilema contra o tempo, isto sem contar mais. Após uma escaramuça violenta com os maias, povo mais evoluido com armas e tácticas mais fortes é boa parte da aldeia escravizada, salvo as crianças que são deixadas ao mais perfeito abandono. "Quase" a sua alcunha é levado de forma brutal e violenta para a cidade maia, vendo o seu modo pacífico de vida alterado e seu habitat familiar destruído por inteiro.

A viagem até à cidade culmina em diversas peripécias, durante as quais os maias demonstram uma invulgar crueldade e soberbo desrespeito pelo homem seu irmão. Entrados na cidade é dada através dos olhos de "Quase", uma visão priviligiada dos costumes dos povos maias, que culminam em sacrifícios humanos, venda de escravos e alma corrompida, com episódios de agitação urbana como os que sucedem no mercado de escravos entre outros. A civilização maia passava à data por uma grave peste, agravada por uma crise agrícola, mas também de valores, classes altas e baixas olham-se de soslaio e desprezo recíproco, sendo as desigualdades sociais evidentes. Alguns homens, guerreiros, são de invulgar agressividade e crueldade, como evidencia o tratamento de seus irmãos índios mas também as sevícias e crueldade de tratamento recíproco.

Entre várias peripécias o filme acelera atraves de um curso intensivo na cultura maia, terminando com a chegada dos espanhois a uma qualquer praia...

Predestinado à polémica, já com a "Paixão de Cristo", nos tinha sido apresentado um dos filmes que pessoalmente considero dos melhores de sempre, Apocalypto é diferente e deve ser visto com vista diferente, provavelmente também com um aprofundamento histórico.
O celeuma causado em países como o México e outros é perceptivel e expectável, tal como na livre e democrática Venuzuela.

Porque?

Por diversos motivos, um dos quais, causando muita tristeza aos acólitos de Rousseau que parecem impor hoje o politicamente correcto no mundo, mas especialmente em África e na América do Sul, nem os selvagens eram assim tão bonzinhos, nem os espanhos[europeus], tão maus.
Os nativos já se matavam entre eles, escravizavam-se e praticavam piores sevícias recíprocas, ilustradas nas culturas indígenas como a maia, azteca ou inca que para além de escravizarem e levarem a cabo expedições para a captura de outros povos, tinham uma cultura brutal que culminava em sacrifícios religiosos públicos de uma brutalidade memorável para aplacar deuses para gaudio das massas. Alias é evidente o manifesto desprezo pelo homem enquanto homem, obedecendo a outros moldes de certo.

O mesmo sucedia em África, entre as civilizações que praticavam em conluio com os europeus o tráfico de escravos, provando que reduzir a escravatura a um fenómeno de racismo é tremendamente ignorante e errado, sem embargo dos "bem pensantes" que digam o contrário sem tolerar contraditório.

Assim sendo caem por terra as legitimações coloridas de movimentos de matriz esquerdista que praticam uma ditadura do politicamente correcto, atribuindo culpas pelas desgraças ao homem branco, culpas por tudo e por nada. Os indios tinham a sua cultura que também não era somente sol, selva e boa vida, a fraternidade entre povos como se vê não era das mais bonitas, a liberdade destes comportava escravos e um elaborado sistema de classes que se desdenhavam reciiprocamente lançando por terra o mito rousseuniano da igualdade entre os bons selvagens.

Sem embargo de parecer demasiado etnocentrico, julgo que o bom selvagem existiu apenas na cabeça de JJ Rousseau e outros iluminados que se julgavam corruptos pela sociedade em que viviam e que no processo de criar uma nova fizeram mais mal que bem.

A tese contudo têm bom aproveitamento e serve propósitos revanchistas do papel que os europeus, agora tão misturados com os povos índios, ocupam e que encontram respaldo nos movimentos índios da Bolívia, do Brazil, do México ou da Venuzuela, ou seja armas de arremesso político para colher entre os descamisados que que se sentem espoliados nas suas riquezas da mãe terra pelos ímpios europeus, racismo?
Ademais europeus que trouxeram consigo doenças europeias e outras coisas piores como o cristianismo e outros valores.

Assim sendo na América do Sul interessa pisar o passado e trazer fantasmas como o dos "conquistadores" espanhois da sua brutalidade e outras coisas, pisar mas com o pé levezinho, pois há sempre o risco de perturbar dogmas instalados, levando as pessoas a pensar por si próprias, o que para algumas elites dirigentes da América do Sul não interessa muito.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Impostos, Pessoal& Monstro

De acordo com as sempre certeiras previsões do Min. das Finanças;

Receitas de Imposto:
Directos
Sobre o rendimento (IRC+IRS) 13.405.000.000 €
Outros
Imposto de Sucessões e doacções 10.500.000 € ( esta só pra rir, o imposto que devia ter acabado há uns tempos, não? desde o tempo do saudoso Guterres, mas enfim duro imposto é imposto dirão os talibans da fiscalidade)

Total de impostos directos 13.420.026.540

Indirectos (aqui é à bruta e sem contemplações)
Sobre o consumo
ISP (Petrolíferos) 3.395.000.000 €
IVA 13.190.000.000€
IA 1.140.000.000€
Tabaco 1.395.000.0000€ (fume, pelo seu ministro das finanças)
Selo 1.670.000.000€ ( o imposto que se paga sem saber porque, paga-se mesmo e muito e bem)

Taxas, Multas
Taxas diversas 233.828.211€
Multas e coimas por infracções ao código da Estrada €70.000.000 (ou seja €25 por automóvel em circulação aproximadamente)
Coimas e penalidades por contra ordenações €69.108.651

Total de Receitas Correntes € 37.129.652.688

Despesa Corrente

Com Pessoal €13.297.528.287
Juros e outros encargos € 4.755.801.420
Aquisição de bens e serviços € 1.314.812.454

Transferências Correntes (as que decorrem das famosas ou infames leis de finanças)
Adm. Central (o Monstro) €10.239.217.143
Adm. Regional (Pro Alberto e pro Carlos) €73 000 (só?Isso nem para charutos e pro pauleta)
Adm Local (o mini-monstro germinante) € 1.964.946.725
Segurança Social € 5.903.741.283

Outros Sectores € 2.496.6000.763 (gostariamos de saber quais...)

Subsídios €691.012.807 (a mim não toca nem €1)
Outras despesas correntes (€657.162.177)

Total de despesas correntes €41.320.896.059

Conclusões:
  • deficit de receitas correntes de aproximadamente €4.000.000.0000
  • defict de estado 3.6%
  • total do OE €98.000.0000.000

Curiosa relação?

Sugestões de reflexão
  • A segurança social sairá cada vez mais cara
  • O agravamento fiscal dos últimos anos continuará até 2010 pelo menos, ou seja quase 10 anos consecutivos de aumentos sucessivos de impostos sobre o rendimento, o consumo, o selo etc... têm se demonstrado ineficiente
  • O deficit entre receitas e despesas correntes é quase equivalente ao deficit de estado, ou seja os impostos não vão para investimentos, melhorias ou projectos públicos, vão para suportar um monstro e a sua segurança social e caros vícios
  • O peso das receitas correntes é de aproximadamente 43% do total do OE, ou seja é este o montante que vai para alimentar o monstro...

Bazófia e reformas?

A bazófia deste governo e de alguns apoiantes de Sócrates diz que estão a ser feitas coisas, reformas etc...

Verdadeiras reformas em minha opinião são as que alteram o estado de coisas acima descrito, alteram a tendência de gastar cada vez mais na manutenção do monstro e seus tiranetes. Consiguirá Sócrates alterar o estado de coisas?

Eu tenho a certeza que não, que para o ano as receitas correntes aumentaram, assim como as despesas, que o peso do monstro aumente e que o impeto reformista seja continuadamente a ser alardeado aos quatro ventos, sem que os contribuintes que alimentam do seu bolso o mencionado sintam melhorias em serviços ou qualidade de vida.

Cavalo à solta

Depois de ver o mail da alegada fuga da ex-concubina de Pinto da Costa pensei que aquilo fosse montagem. É inconcebível ver uma vaca a passear alegremente numa auto-estrada (terá sido multada pela EMEL? Também já devem ter competências para isso).

Mas não. Na semana passada, na A5 (sentido Cascais-Lisboa), junto à subida para Linda-a-Velha, estava um cavalo a experimentar as emoções de andar numa auto-estrada. Entre o caos do trânsito, algumas almas caridosas pararam os carros e foram agarrar o equídeo.

E antes que perguntem: sim, ainda era um cavalo vivo.

Aqui há sapo!

Regressado à base é chegado o momento de discorrer algumas linhas sobre alguns temas que ficaram registados durante o período de férias na capital do império.

Começemos pelos sapos. Toda a gente os conhece: são verdes, fazem barulhos estranhos, saltam para dentro de água quando as coisas apertam e comem moscas.

No entanto, em Lisboa há uma praga invasora de sapos, em maior crescimento que as algas assassinas em qualquer albufeira.

Falo, naturalmente, dos sapos da espécie EMEL. Esta família de batráquios não foi produto de qualquer processo de selecção natural, para grande pena de Darwin.

É obra sim, da multiplicação (ou cogumelização) de empresas públicas municipais e da "desconcentração" de poderes nas mãos de incautos gestores. Tudo a bem do interesse público!

Ou seja, o sapo da espécie EMEL é uma aberração da natureza. Assim a modos como as galinhas terem dentes ou as vacas voarem.

Não obstante, o freakshow de desenvolvimento da espécie EMEL continua. Não bastava estes petiscos de cobra poderem aplicar coimas aos malvados condutores que não pagam o imposto (não me venham com a história que é taxa...) de aparcarmento do seu veículo na via pública.

Já era mau dessa maneira. Mas agora é pior. Seguramente para poupar os magros efectivos da PSP e da Polícia Municipal, nada como aumentar as competências dos sapos para abrangerem a fiscalização do espaço público que não está coberto por parquímetros.

Aliás, sugiro já que se acabem com os parquímetros. Para que servem se as competências dos batráquios já extravasa os seus limites? Mais vale que reciclem as máquinas e os sinais.

Mas há mais. Não bastava entrarem novos 50 sapos ao serviço (sustentados apenas e só por este aumento abjecto das suas competências) mas a EMEL conseguiu que o valor-hora de estacionamento fosse aumentado. Aumento esse que, em alguns casos, chega aos 100%.

A que propósito? Encher os cofres da EMEL? Claro que não! É só para disciplinar o estacionamento em Lisboa e diminuir o número de carros a entrar em Lisboa.

Bom se é esse o objectivo, então acabem com os parquímetros e metam portagens à entrada de Lisboa. E já agora, se não for pedir muito, uns transportes públicos em condições.

Entretanto a praga de sapos e da sua dentada venenosa amarela vai crescendo em Lisboa.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O capitulacismo

O recente atentado da ETA demonstra a fragilidade e ingenuidade das posições que uma Europa politicamente correcta quer assumir face a problemas fundamentais de hoje. A estratégia de Zapatero é debil e incorrecta desde o dia 1, já o dissemos e basta um atentado para o demonstrar.

A via do capitulacismo como o disse Lobo Xavier só poderá levar a resultados desastrosos, porquanto é impossível dialogar com quem ganha o seu peso político do terror. A força da ETA no pais Basco não deriva do mérito de sua causa, do brio dos seus defensores ou da sua justiça, esta é fruto de um só instrumento, o medo. Quanto maior o medo sobre as populações civis, maior o poder da ETA e por antítese mais débil o poder estatal.

Ora ZP genial estadista e homem de promessas tinha ideia que não, que basta uma trégua para dialogar, enfim o relambório iluminista europeu de que sentadinhos a uma mesa, políticos e terroristas se chega a um entendimento, pois todos os homens são iluminados pela razão e da discussão nasce a luz. Mário Soares deu e vendeu esta ideia por cá, a do diálogo, entre uma cházinho em Belem com dois pasteis resolveria certamento o provecto cavalheiro os problemas de terrorismo em todo o mundo. A estratégia ZP errada desde o primeiro dia não exigiu o depor de armas e o cessar fogo incondicional e sem reservas por tempo ilimitado. São estas as condições mínimas que não foram respeitadas. Exemplos históricos são vários, demonstrando a futilidade do diálogo com terroristas, uma vez que com o estrondo de uma bomba se perde a face junto dos cidadãos a que se serve. Ademais os espanhois gostam pouco de frouxos, ao invés de muitos outros...

Se o estrondo de uma bomba levou tudo, ZP colocou-se numa posição muito precária, a de ser esmagado entre o revanchismo popular, fruto do medo sempre presente e o facto de ter as mãos sujas de sangue. Adicionalmente e fruto de falta de sentido de estado rompeu o consenso com o PP, que sempre o procurou com PSOE, nos governos de Gonzalez e Aznar ambas as forças haviam forjado um pacto de "sangue" para combater este fenómeno, ao mesmo tempo que a ETA assassinava políticos e autarcas de ambos os partidos. Com divergências de estilo a política manteve-se forte, assente no princípio de sentar à mesa só em condições que implicassem uma derrota sem limites dos terroristas, não há meios termos, tréguas ou namoros meio escondidos, ou fim do medo ou lidar com este de outras maneiras.

ZP rompeu um consenso de mais de 30, pensando que seria possível chegar a um consenso com quem põe o fim da independência acima da vida humana. Previsivelmente falhou, contudo padece o mesmo de uma deformação que prejudica toda a Espanha, a de que a luta está perdida e que termos aceitáveis de conviver com estas forças possam ser encontradas. Bush é burro dizem uns, Blair mentiroso, Aznar entre outros contudo em caso algum decidiram estas claudicar face ao medo, por tal foram sucessivamente reeleitos, por se saber que o "homem do leme" acredita que com medo é impossível viver. Com erros pois claro, contudo na convicção clara que lutar e manter o nosso património civilizacional, de liberdade e diversidade é melhor que viver em meias palavras, meias liberdades e meias coisas.

Capitular é por isso a palavra a retirar do léxico, seja no Iraque, seja em nossas casas, seja no exercício de nossas liberdades, é essencial que se entenda que isto. Um estudo aprofundado da história demonstra que entendimentos entre estados democráticos e outras entidades com aspirações totalitárias em nome de ideiais ou religões levaram a que a corda quebrasse quase sempre para o lado da liberdade e diversidade, então porque persistir? Porque quem têm responsabilidades não têm coragem e alguns lideres preferem entendimentos mais confortáveis a expensas da liberdade e segurança comum.

Como em crónicas do passado reitero a minha convicção que em Espanha, muito em breve haveram mudanças políticas e que os ventos de mudança já se fazem sentir, mesmo que seja de forma fátua...

Lágrimas de crocodilo

Os que lamentam a falta de dignidade da execução de Saddam, apenas o defendem, grosso modo por um simples motivo, que é o de pensarem que prejudicam desta forma a imagem dos EUA, associando Bush e a intervenção Iraquiana com o julgamento de Saddam.

Saddam, ao contrário dos criminosos de Nuremberga foi julgado pelo seus concidadãos, por crimes já puníveis à data da sua prática. Bem ou mal a justiça iraquiana assim o julgou, tendo à semelhança de muitos outros paises da região condenado o antigo líder à morte. Bem ou mal assim foi a justiça do Iraque. Não foi julgado por juizes ou tribunais internacionais como Milosevic, nem num tribunal fechado, secreto, esconço ou de vão de escada. À semelhança do que não acontece em Portugal e em muitos outros paises europeus o julgamento foi televisionado integralmente, tendo sido colhidas imagens das suas diatribes. PAra os mais distraidos foi até fruto de piadas no gato fedorento...

A pena que lhe foi aplicada já existia no Iraque aquando o seu governo e foi utilizada abundantemente nos seus tempos, em julgamentos não televisionados, sem garantias de defesa, com torturas e demais sevícias que se conhecem. O pormenor dos brados dos carrascos ou de seja quem for na execução da pena, precede Bush, os Estados Unidos ou seja o que for, é uma questão religiosa profunda e que causa um cisma.

Pegar portanto nestes elementos para atinguir de forma colateral Bush ou os EUA é de um primarismo que só poderemos encontrar nas palavras de hoje da Câncio que nunca esperou que a pena fosse executada. Pois como diziam os gatos fedorentos, «quero ser julgado em Portugal»... Os tribunais decidiram, os crocodilos choram de forma hipócrtita e pouco coerente pois ultrapassam o princípio e não têm coerencia para afirmar que até no caso de Saddam são contra a pena de morte, pois o que está em causa vai para além do problema da pena, é político, são lágrimas de crocodilos profissionais, batidos, de escamas duras que querem somente fazer o sound bite, caindo no politicamente correcto, como se os EUA ou fosse quem fosse, para além do tribunal tivesse decidido sobre o destino de Saddam.

As lágrimas de crocodilo são pirotecnia política que mascara o desconhecimento da história e uma aversão aos princípios, na opinião dos inteligentes artistas os estados continuam a decidir da vida e da morte de indivíduos, mas só os que estes consideram maus ou menos simpáticos, fora Fidel Castro ou Che Guevara e os critérios seriam outros, tal como fosse Pinochet.

Suponho que os crocodilos choram as condenações de criminosos de guerra nazis, japoneses ou outros de justiça revolucionária a la minute também em tribunais bem mais duvidosos em termos de legalidade~?

As imagens de Saddam não são bonitas nem dignificantes, contudo mais grave é a pena de morte ser considerada normal por muitos aplicando-se a SAddam, primeiro erro, ou aceitável em certos casos, pois ou se é coerente ou não...

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Junta-se a fome à vontade de comer

Em discussão havida ontem, e sobre um tema ao qual voltaremos proximamente, referiu-se a expressão "Estado de Direito" e "Interesse Público" como sendo justificativos e basilares para quaisquer medidas, nomeadamente medidas de justiça social, igualdade fiscal e combate à evasão fiscal.

Gostaria de perguntar se aplicar coimas com efeitos retroactivos não põe em causa o "Estado de Direito" e o "Interesse Público", uma vez que esta medida tem como objectivo a justiça social, igualdade fiscal e combate à evasão fiscal.

Podem ler a notícia aqui.

Só para lembrar que sobre o pretexto de lutar contra as desigualdades, cometem-se medidas injustas e que nada tem a ver com Justiça ou Igualdade.

Tem a ver com encapotamento e igualitarismo.

Centrais de Informação e coisas que tais

Ao ler o livro de ex-PM Santana Lopes, observa-se uma preocupação com a quetão da Central de Informação (ideia que tinha sido avançada pelos ex-primeiros ministros Guterres e Durão Barroso).

Pois bem... entrado no novo ano, o Governo PS resolve lançar-se com unhas e dentes sobre este tema que tanto nos apoquenta... pois que sem ele nunca poderemos saber aquilo que o Governo arquitecta nos seus gabinetes no Terreiro do Paço.

Assim:

Medidas pois bem medidas...

- fusão da RDP com a RTP
-Estatuto de Jornalista
-Lei da Televisão
-diploma relativo à concentração dos media

É impressão minha ou o Governo está triste com o modo como a Central de Informação está a funcionar...

Outros governos, liderados por outras pessoas, de outro quadrante político, não poderam sequer contratar porta-vozes únicos para o Governo.

São pequenas diferenças...

Mensagem de ano novo!

O tempo a vontade e a perguiça são o que nos impedem muitas vezes de escrever tudo o que queremos, nomeadamente o rescaldo internacional de 2006, que já lá vai e ao qual não iremos voltar.

Ano novo vida velha, pelo menos politicamente, parece que com uma leitura pouco espontânea e desinteressante como uma algarvia, o PR lá fez o seu discurso de ano novo. A coisa foi de mal a pior, começou com o personalistico culto ao dito indivíduo que fez de abertura passar um clip com imagens do seu mandato de 9 meses, em camuflado sem camuflado, passando revista às tropas, bombeiros, polícias, criancinhas e idosos dos centros de saude, tudo servido ao som da bela da "Portuguesa". Um grande momento patriótico, só faltou o inolvidável bolo rei, ao som do dito hino, que conhecendo-se bem só poderia ser cantado e à boca cheia...e aberta. Mas adiante a piada era fácil e nós não escapamos à doce tentação da época (já são duas...) ou seja o bolo rei!

Ora o insigne presidente depois de um momento de culto personalistico e tristonho, sem lampejo de bom senso decidiu brindar os cidadãos com umas palavrinhas. Obviamente que não as irei analizar, mas somente salientar o carácter fleumático e tristonho das diversas pitonisas de Delfos que tentam por sentido no que o PR diz. Em bom rigor o objectivo das comunicações do PR será o de dizer muito, dizendo pouco, ou seja permitindo aos diversos intervenientes do círculo político tirar as suas conclusões que em todo o caso não levam a parte alguma porquanto as palavras são vazias, destituídas de sentido e propositadamente ambíguas, servindo assim para agradar a todos sem agradar a ninguém.

Parece que o PR virou à direita e deixou os pejos socialistas, parece também que a cooperação estratégica é para ser aprofundada e melhorada numa estreita sintonia institucional. Em que ficamos, bom e olvidado leitor? Num rodriguinho ou numa algarviada de palavras que somente põe a nú mais uma das fragilidades do PR, se é o garante da unidade de todos os portuguesesm que se arroga representar por dever de ofício e conhecendo os feitios e nível cultural dos gentios nativos ser claro, contundente e sem quaisquer ambíguidades. Obviamente qualidades pouco lusitanas, especialmente nos dias que correm.

Tristemente «à direita», seja lá o que isso seja neste país há quem rejubile com a viragem à direita, incapazes de entender que o mandato de Cavaco será uma longa sessão de códeas de pão, ora atiradas ao Governo ora "bujardas" de oposição. As metas, os compromissos e os resultados esperados uma vez gorados através de formulações gongóricas resultaram em nada, alias como se espera deste Governo e deste PR, no qual não votei e jamais votarei (neste ou noutro leia-se).

Enfim ano novo, velha política...