Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

quinta-feira, maio 29, 2008

Pergunta de algibeira

Portugal é o pais da europa com mais desigualdades sociais, no entanto o estado consome 50% da riqueza criada em Portugal, supostamente com fitos retribuitivos e de promoção de justiça social.

Há aqui algo que não bate certo ou afinal são os especuladores, o banqueiros e afins?

É o socialismo de rosto idiota?

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Viver como os ricos em Pais de Pobres

Ao invés dos mirabolantes discursos que desde há vários anos nos afliguem de promessas de riquezas futuras, convergências com a Europa e promessas de melhoria de vida, Portugal continua a sofrer de um desiquilibrio estrutural, próprio de um pequeno pais sem recursos e com pouca ou nenhuma indústria. Desafio o bom leitor a pensar sobre o que verdadeiramente produz o nosso pais e que riqueza é aqui criada. Mar, floresta e vinha são três recursos a explorar pois claro, e que mais, turismo e hotelaria graças ao solarengo clima e pouco mais... pelo menos que me ocorra.

Mais ainda o nosso defecit estrutural está agravado por diversos factores, de entre os quais a dependencia externa de combustiveis fosseis (agravada ultimamente), a localização periférica de Portugal continental, o facto das "rotas comerciais" passarem bem ao largo de Portugal, o facto dos nossos principais parceiros comerciais estarem não além mar mas além terra, Espanha e centro da Europa, o facto de termos entrado em contra-ciclo na PAC, entre outros... Dirão alguns o eterno luso descontentamento ou triste fado ou enfado se preferirem... Ok, é justo, uma seca, mas olhar para o lado é ainda pior...

No entanto persiste nos dirigentes nacionais e a inteligenzia com tempo de antena, excepto meia dúzia de pessoas mais intelectualmente rigorosas, a ideia de que Portugal é um pais rico que pode ombrear em base igual com o restante da Europa. Em bom rigor a maior parte será por complexo com o anterior regime e pelas miríficas imagens da propaganda de António Ferro que parecem ainda bem presentes nas mentes de muitos que nem viveram esses tempos. A esse fenómeno chama-se obcessão ou pior ainda traumatismo. Em qualquer dos casos é grave.

Parece ser contrário aos nativos lusos a honestidade mental, especialmente se considerarmos o nosso pais no contexto europeu. Em rigor quando crescemos em PIB tanto como a média europeia estamos a divergir, quando crescemos menos divergimos mais ainda. Veja-se que o PIB per capita nacional é correspondente a 70%(aproximadamente) do rendimento médio europeu. Portanto a esta luz as proclamações do engenheiro sócrates em que crescemos mais 0,1% que os vizinhos ou perdemos menos que os outros....

Todas estas afirmações são um grosso e enganador logro destinado antes a manter uma ilusão ao invés de ser realista e atacar o problema de frente, especialmente se agravados por vários anos de opções erradas, de criação de um monstro que verdadeiramente ninguém têm coragem ou vontade de conter, além de uma incapacidade séria de governar além do mais imediato ciclo eleitoral ou pior ainda do telejornal de logo à noite.

Face à tormenta e ao dificil momento que passa a economia mundial, especialmente agravado pelo encarecimento das principais matérias primas, agravamento de custos energéticos e aumento de procura no qual a China e a Índia começam a consumir de acordo com o seu peso populacional a receita que em Portugal se cozinha é tudo menos prazenteira, assentando nas mentiras habituais entre as quais destacamos;
  • Obras faraónicas como Alcochete e o TGV, desproporcionais com as nossas capacidades e necessidades reais;
  • Manutenção das SCUT's cujo modelo de financiamento se demonstra como desadequado às possibilidades financeiras da nação;
  • Atirar milhões de euros para a formação profissional, cantiga que corre por cá desde 1986, sem que se traduza numa efectiva qualificação das pessoas habilitando-as a singrar profissionalmente ao invés de lhes passar uma papeleta que serve para pouco ou nada, além de sacar uns fundos durante o período de formação;
  • Manutenção de uma função pública cuja folha de vencimentos é manifestamente INCOMPORTÁVEL com os rendimentos do pais;
  • Continuação de uma política fiscal que só contribui para alimentar o problema (ESTADO) incentivando-o à despesa a expensas do contribuinte ao invés de gastar menos
  • and so on...

De facto o caldinho luso não se afigura saboroso, especialmente para quem o pagará. Tudo isto é agravado por durante anos a fio particulares e o Estado estarem a viver muito acima das reais possibilidades, acentuando o crónico endividamento externo. Claro que quando a Euribor está a 2,5% ao ano ou menos a banca é amiga e parceiro de negócios, quando passa para 5% já são espezinhadores, exploradores ou pior ainda bandidos. Claro que estava lá tudo escrito, em letras miudinhas os patetas é que não quiseram ler.... Exemplos como estes há muitos, em bom rigor é a velha história se o vento sopra de feição corre tudo às mil maravilhas, mas quando começam as adversidade é sempre preciso produzir bodes expiatórios, como os lucros da banca, das gasolineiras, da EDP ou a "especulação"....

Tentando terminar com umas ideias construtivas, proponho uma muito singela e de impossivel realização, não por serem utópicas como grande parte do discurso político de hoje mas antes por requerem coragem de enfrentar a espuma dos media e de muitos intervenientes sociais:

ACABAR COM O ORÇAMENTO DE ESTADO DOS SALÁRIOS.

MAS ENFIM VÊM AI O EUROPEU, O PASTEL DE TENTUGAL DE 6 METROS, A JAPONESA QUE VEIO VER O PAULO FERREIRA, E AUMENTOS DE 20€ PROS SUBSIDIOS!

VÃO GOZAR COM OUTRO!

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quinta-feira, maio 15, 2008

Besteiras...

O recente episódio com o rapaz aqui em cima fotografado é surreal, para não dizer outras coisas. Muito se escreverá sobre este assunto, boa parte futilidades, boa parte também não. Mais uma vez um cigarro põe o pais em chamas. O episódio da cigarrada de Sócrates é uma garotice pegada, do princípio ao fim...

Não vamos estar aqui a escalpelizar o episódio grandemente à lupa até porque ele nem a isso se presta, vamos contudo retirar dele as morais inerentes ou pelo menos as que se podem depreender do comportamento de Sócrates. Nota prévia, mais uma vez os assessores do PM tentaram fazer um spin ao episódio com a promessa pueril feita pelo 1ºfumador da nação, a de que a situação vai acabar porque Sócrates deixará de ser fumador.

Poucos episódios denotam mais o paradigma luso de pensar, senão vejamos o episódio começa com a cigarrada de Sócrates, acaba com o pedido de desculpa e a promessa, mais uma para cumprir na certa de deixar de fumar. Ou seja e como sempre por cá de início discute-se a lei e seu cumprimento, acaba-se a discutir as promessas de não fumar, pela janela vai a lei não sei das quantas 2007 ou lei do fumo. Entretanto o homem que fuma e gosta de fumar deixa logo de o fazer, assim sobre o joelho e sem qualquer convicção imagino apenas por ter incomodado ou sei lá o quê? Bem as declarações foram feitas na terra do "irmão Chavez" portanto leva boa dose de desconto.

O spinzinho dos assessores do PM é a promessa de não fumar mais, juntamente com uma pedido de desculpas...A jogada inicial saiu gorada, a reedição do caso Cigarrilha ASAE da qual macambúzias e marteladas interpretações da lei lá se inventou qualquer coisa para desculpabilizar uma coisa que não tinha importância nenhuma. Obviamente que ao caso, apareceriam os especialistas de direito internacional, mais os mandaretes da TAP a afirmar que nos voos charter é fumar a regabofe, malta nua dentro do avião, o comandante a pilotar com os pés e as hospedeiras servirem de bikini canecas de whisky... Obvio que todo um acervo de jurisprudência TAP apareceria, pese muito embora não se fumar nos aviões há pelo menos 15 ou 20 anos...

Que interessa em bom rigor isso? A ponta de coisa nenhuma...Quem fica a perder em ambos os casos é a credibilidade pública enquanto valor, ou seja a seriedade das instituições e da vida pública portuguesa. Claro que é como pregar a sanidade num manicómio ou bom senso num debate sobre educação, emprego, função pública ou outras áreas cujo debate se encontra inquinado em portugal. Alias e salvo melhor entendimento o problema de Portugal é mesmo esse, está tudo farto não de debates sem resultados mas antes está tudo farto de se ouvir falar, ad nauseam e à exaustão...

Um estadista mais sério metendo uma argolada tão garota como esta faria o que mandaria a dignidade das funções que desempenha, pagaria a multa e marimbava-se no jornalismo minhoca que é probo a explorar o disparate e a estupidez, mas também considerando a voracidade do público alvo em banalidades presta uma boa causa à nação e seus pequenos espíritos.

No entanto reta a pergunta porque fumaram os assessores a maltinha dos gabinetes do PM, juntamente com o lider do circo? Fácil, porque podem e porque se sentem prepotentes nos lugarejos de circunstância que ocupam ao ponto de terem comportamentos que normalmente não têm, ou seja o pôr-se em bicos de pés tão típico que mostra apenas que "nós" os políticos,os da política, os que andam na gamela pública fazem-no porque podem e não têm pejo ou pudor em o esconderem, especialmente sob o escrutínio público... Em síntese é isto, o resto é conversa.

Houvesse um(a) estadista com sobriedade e boa imagem suficiente e a conversa era outra... Felizmente a "vaga de fundo" da dignidade e sobriedade já se começa a levantar lá pros lados do PSD,mal vai o pais que precisa de uma Grande Mulher para por ordem nos meninos! A conotação de machismo ou outro opróbio do politicamente correcta a esta última afirmação só pode ser feita por um pobre de espírito.

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terça-feira, maio 13, 2008

Tudo Louco

Umas notas que se esperam breves:

i)
O site do IDT para crianças e informações sobre o consumo de drogas é per si uma pérola. Ver o link abaixo.

http://www.tu-alinhas.pt/InfantoJuvenil/displayconteudo.do2?numero=23216

De entre as diversas funcionalidades pagas a expensas do erário público, destacam-se uma mascote que é um género de dragão verde com os olhos esbugalhados, de tamanho diferente e meio zonzo. O "Drogas", nome que proponho que adoptem à falta de heterónimo para tal criatura é na certa um ex-toxicómano que têm intervalos lúcidos e outros nem tanto. Numa breve explicação o "Drogas" adverte que as drogas mudam as percepções da realidade de quem as toma, que são inerentemente más, tal qual o alcool e o tabaco, até porque na certa na cabecinha queimadinha do "Drogas" é tudo o mesmo.

Senão vejamos se é tudo o mesmo uma jovem mente mais susceptivel depois da explicação do "Drogas" olha para os seus progenitores que tomam um copo de vinho ao jantar e fumam um cigarro de quando em vez como dois drogados e portanto uns charros ou outras coisas lá com a malta do liceu é basicamente farinha do mesmo saco.... De facto está tudo dito, proponho contudo que alterem a denominação do IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência) para IPDT, Instituto para a Promoção das Drogas e Toxicodependência, IP.

Num tom mais sério as campanhas de prevenção de comportamentos de risco sexuais, de toxicodepência ou prevenção rodoviária tratam sempre o público alvo como uns imbecis na melhor das hipóteses, ou simplesmente são demasiado elaboradas para que se lhes retire um sentido e alcance prático. O sucesso de políticas de prevenção de drogas ou de doenças sexualmente transmissíveis salta bem à vista de todos, no entanto os funcionários públicos e iluminados que têm a seu cargo estes pelouros optam por continuar assim, a estupidificar, infantilizar e desculpabilizar, em vez de insistirem na tomada de decisões responsável. É pena, para todos nós, especialmente para os mais jovens. Ao bom leitor recomendo a leitura do site, vale pelo menos 5 minutos para ver que se se dá ao Estado e seus apaniguados a tarefa de educar em vez das famílias, mal vai o mundo.

Já agora uma pérola de eduquês: [sobre relações entre pais e filhos, do mesmo site]

«Mas lembra-te que também é complicado para os teus pais adaptarem-se às grandes mudanças que estão a acontecer em casa e encontrarem um equilíbrio entre a necessidade de estabelecer regras, educar e orientar os filhos e a de aceitar e respeitar as suas opiniões.
Para que te consigas entender com os teus pais, não é preciso que pensem da mesma forma. É necessário isso sim, que se respeitem mutuamente, e que consigam falar e negociar de forma a chegar a um acordo que concilie os desejos de todos os membros da família»

ii) Líbano-west

O Hezzbolah decidiu dar criar o Far-west e começar uma autentica guerra dentro das cidades do Líbano. Os clamores no mundo não se fazem sentir, motivo, para a esquerda do tipo BE ou PC as agressões só contam quando são realizadas pelo imperalismo norte-americano ou pior ainda pelos seus pequenos seguidores zionistas. O que acontece no Líbano só conta quando começarem a cair bombas lançadas pela aviação israelita, decerto em resposta a ataques do lado libanes da fronteira a Israel. Até lá não conta.

iii) 10,000 mortos na China!

Um terramoto fortíssimo causou uma terrível catástrofe no sul da china, mortos, feridos, desajolados. O interessa à comunicação social em Portugal são os 23 de scolari e porque razão caneira e maniche não vão à selecção. Isto da RTP 1 à TVI. Belo exemplo de liberdade informativa e de bom senso... Que grande serviço! Vivemos na ditadura da comunicação social bem pensante...

iv) Sócrates Air

O primeiro licenciado da nação foi apanhado a fumar a bordo do voo fretado para caracas... Belo exemplo! Isto sim é caso para 20 minutos de telejornal! Viva a futilidade desta gente e o amoralismo...

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segunda-feira, maio 05, 2008

Primavera de 1968

Enquanto boa parte das inteléquias do panorama intelectual, dominado pela esquerda e extrema esquerda escreve sobre a "revolta" ocorrida em Paris durante o maio de 1968, algures detrás da cortina de Ferro, desde a primavera desse longinquo 1968 ocorriam coisas bem mais sérias e mais importantes.

A esquerda europeia foca o Maio de '68 e o conflito do Vietname, os partidos comunistas e outros agradecem e retribuiem condenando à galeria dos eventos ignotos os eventos ocorridos em Praga em 1968. Depois de Nagy na Hungria em 1956, Dubcek em Praga tentou dar uma sapatada da Esfera Soviética de influência e procurar a Ocidente desenvolvimento e abertura. Para tal o lider checo, e comunista, lançou o partido em debate e propôs-se a realizar reformas sociais e políticas sérias tal como uma sociedade plural e ainda uma verdadeira democracia parlamentar, ao invés de sucedâneos de coisa nenhuma como centralismos democráticos, debates alargados e afins.

A boa URSS do camarada Brejnev não estava para dissidências ou reflexões críticas e em nome da boa solidariedade socialista logo encontrou tanques e homens que invadissem a Checoslováquia, tudo para se voltar ao bom velho comunismo soviético. A invasão da Checoslováquia nem foi pacífica, nem tolerada, nem solicitada nem muito menos sem sangue.

No entanto ao mesmo tempo uns meninos universitários encontravam-se a apedrejar polícias, vandalizar carros e a brincar aos pacifistas e ao amor livre. Muito amor frequentemente dá em egoismo ou pior em vistas selectivas, e ao mesmo tempo que andavam os franceses universitários a exibir a bandeira do vietname do norte, muito poucos olhavam para o que se passava aqui ao lado na Europa. As vistas selectivas e a dualidade de princípios, se conhecem dois pesos e duas medidas de forma tão clara é nestes episódios.

O primeiro o de um povo que se queria livrar das grilhetas do comunismo soviético e que por azar geográfico e histórico não o conseguia, o segundo de uns delinquentes ou proto delinquentes que se fartaram do Gen. de Gaulle. Não há duvida para o estardalhaço inconsequente é com os franceses.

Mais uma vez a esquerda conhece dois pesos, duas medidas e dois critérios. A frança era uma consolidada democracia plural e multipartidária, a Checoslováquia tentou e foi submetida pelo aço e pelas baionetas. Um episódio gerou verdeiros lutadores pela democracia e por uma sociedade aberta. Outro gerou pop-arts e icones fotográficos...

Cada um se engana como quer...

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