Ao invés dos mirabolantes discursos que desde há vários anos nos afliguem de promessas de riquezas futuras, convergências com a Europa e promessas de melhoria de vida, Portugal continua a sofrer de um desiquilibrio estrutural, próprio de um pequeno pais sem recursos e com pouca ou nenhuma indústria. Desafio o bom leitor a pensar sobre o que verdadeiramente produz o nosso pais e que riqueza é aqui criada. Mar, floresta e vinha são três recursos a explorar pois claro, e que mais, turismo e hotelaria graças ao solarengo clima e pouco mais... pelo menos que me ocorra.
Mais ainda o nosso defecit estrutural está agravado por diversos factores, de entre os quais a dependencia externa de combustiveis fosseis (agravada ultimamente), a localização periférica de Portugal continental, o facto das "rotas comerciais" passarem bem ao largo de Portugal, o facto dos nossos principais parceiros comerciais estarem não além mar mas além terra, Espanha e centro da Europa, o facto de termos entrado em contra-ciclo na PAC, entre outros... Dirão alguns o eterno luso descontentamento ou triste fado ou enfado se preferirem... Ok, é justo, uma seca, mas olhar para o lado é ainda pior...
No entanto persiste nos dirigentes nacionais e a
inteligenzia com tempo de antena, excepto meia dúzia de pessoas mais intelectualmente rigorosas, a ideia de que Portugal é um pais rico que pode ombrear em base igual com o restante da Europa. Em bom rigor a maior parte será por complexo com o anterior regime e pelas miríficas imagens da propaganda de António Ferro que parecem ainda bem presentes nas mentes de muitos que nem viveram esses tempos. A esse fenómeno chama-se obcessão ou pior ainda traumatismo. Em qualquer dos casos é grave.
Parece ser contrário aos nativos lusos a honestidade mental, especialmente se considerarmos o nosso pais no contexto europeu. Em rigor quando crescemos em PIB tanto como a média europeia estamos a divergir, quando crescemos menos divergimos mais ainda. Veja-se que o PIB per capita nacional é correspondente a 70%(aproximadamente) do rendimento médio europeu. Portanto a esta luz as proclamações do engenheiro sócrates em que crescemos mais 0,1% que os vizinhos ou perdemos menos que os outros....
Todas estas afirmações são um grosso e enganador logro destinado antes a manter uma ilusão ao invés de ser realista e atacar o problema de frente, especialmente se agravados por vários anos de opções erradas, de criação de um monstro que verdadeiramente ninguém têm coragem ou vontade de conter, além de uma incapacidade séria de governar além do mais imediato ciclo eleitoral ou pior ainda do telejornal de logo à noite.
Face à tormenta e ao dificil momento que passa a economia mundial, especialmente agravado pelo encarecimento das principais matérias primas, agravamento de custos energéticos e aumento de procura no qual a China e a Índia começam a consumir de acordo com o seu peso populacional a receita que em Portugal se cozinha é tudo menos prazenteira, assentando nas mentiras habituais entre as quais destacamos;
- Obras faraónicas como Alcochete e o TGV, desproporcionais com as nossas capacidades e necessidades reais;
- Manutenção das SCUT's cujo modelo de financiamento se demonstra como desadequado às possibilidades financeiras da nação;
- Atirar milhões de euros para a formação profissional, cantiga que corre por cá desde 1986, sem que se traduza numa efectiva qualificação das pessoas habilitando-as a singrar profissionalmente ao invés de lhes passar uma papeleta que serve para pouco ou nada, além de sacar uns fundos durante o período de formação;
- Manutenção de uma função pública cuja folha de vencimentos é manifestamente INCOMPORTÁVEL com os rendimentos do pais;
- Continuação de uma política fiscal que só contribui para alimentar o problema (ESTADO) incentivando-o à despesa a expensas do contribuinte ao invés de gastar menos
- and so on...
De facto o caldinho luso não se afigura saboroso, especialmente para quem o pagará. Tudo isto é agravado por durante anos a fio particulares e o Estado estarem a viver muito acima das reais possibilidades, acentuando o crónico endividamento externo. Claro que quando a Euribor está a 2,5% ao ano ou menos a banca é amiga e parceiro de negócios, quando passa para 5% já são espezinhadores, exploradores ou pior ainda bandidos. Claro que estava lá tudo escrito, em letras miudinhas os patetas é que não quiseram ler.... Exemplos como estes há muitos, em bom rigor é a velha história se o vento sopra de feição corre tudo às mil maravilhas, mas quando começam as adversidade é sempre preciso produzir bodes expiatórios, como os lucros da banca, das gasolineiras, da EDP ou a "especulação"....
Tentando terminar com umas ideias construtivas, proponho uma muito singela e de impossivel realização, não por serem utópicas como grande parte do discurso político de hoje mas antes por requerem coragem de enfrentar a espuma dos media e de muitos intervenientes sociais:
ACABAR COM O ORÇAMENTO DE ESTADO DOS SALÁRIOS.
MAS ENFIM VÊM AI O EUROPEU, O PASTEL DE TENTUGAL DE 6 METROS, A JAPONESA QUE VEIO VER O PAULO FERREIRA, E AUMENTOS DE 20€ PROS SUBSIDIOS!
VÃO GOZAR COM OUTRO!
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