Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

sexta-feira, março 30, 2007

O Rapto

O recente rapto de 15 soldados britânicos em patrulha nas águas fronteiriças por parte do Irão nada têm de novo. Alias é uma velha técnica, já empregue por outros grandes baluartes da democracia mundial como a Coreia do Norte. Lá iremos...

O Irão face à escalada contra o seu programa nuclear entende periodicamente fazer raids específicos por maneira a ganhar dividendos políticos com isto. Acontece com a estratégia diplomática montade que têm sido um sucesso, conduzindo e apoiando no Iraque determinadas facções, num caminho sangrento para uma guerra civil, visando não só tirar os EUA daí, mas também implementar um estado vizinho mais simpático aos interesses de Teerão, com os avanços e recuos na ONU e com Agência Nuclear Internacional entre outras manobras, que incluem até patrocinar um Congresso Anti-Israel que certamente mereceu o aplauso de bastantes anti-semitas que se passeiam pela esquerda e direita portuguesa.

Continuando, já em 1979, no seguimento do golpe de Estado no Irão foram feitos refens alguns membros da legação diplomática americana por supostos "estudantes" islâmicos que eram contra o apoio americano ao Xá do Irão, maior aliado dos EUA naquelas partes do globo. Note-se que o pessoal diplomático goza de todas as imunidades legalmente estabelecidas, contudo durante 1 ano e uma desastrosa tentativa de resgate ordenada por Carter foram os refens mantidos em condições degradantes, a par de serem mostrados periodicamente para finalidades políticas, a moldes do que sucede hoje com os marinheiros britânicos. Reagan ao ganhar as eleições presidenciais de 1980 ao grande vendedor de amendoins Carter negociou secretamente a libertação dos refens. Parece estranho que um dirigente que pregou sempre que com terroristas não se negoceia o tenha realizado, contudo demonstra somente a habilidade deste, especialmente depois do desastre de Desert One que causou sérios dúvidas sobre uma operação que só poderia correr mal, pois foi mal planeada, conduzida com deficiente informação e piormente levada a cabo, sob uma tempestade de areia. Assim Reagan, antes de ser indigitado presidente consegiu libertar os refens através de concessões que hoje me escapam mas que à data causaram embaraço.

Ora Reagan, pagou de início um enorme preço político ao ver regressar os refens sem glória nem brilho. Contudo o amor com amor se paga e no mandato Reagan foram diversas vezes conduzidas campanhas contra os dirigentes do Irão pois o hábil presidente à data, tal como Bush não esquece uma desfeita. É neste contexto que Saddam Hussein é apoiado, não só pelo drama humano dos refens mas por ser um regime que soube aproveitar os ventos de Washington. Reagan aproveitou várias oportunidades para ajustar contas com Teerão, entre as quais se destaca a destruição de toda a marinha iraniana no dealbar das hostilidades da longa guerra Irão-Iraque. Continuando foram conduzidas operações militares contra navios iranianos ou para aí dirigidos, impondo um embargo de armas e a petroleiros iranianos.

Tudo isto para explicar ao bom leitor que manobras como o apresamento de tripulações ou pessoal diplomático são comumente empregues por Estados que o fazem para colher dividendos políticos. A coreia do Norte nos anos 60 apresou em águas internacionais e com bastante violência o Navio de vigilância electrónica Pueblo, pertença da marinha de guerra americana. Foram conduzidos julgamentos à soviética e durante algum tempo (2-3 anos julgo) foram os marinheiros sujeites a espancamentos e indignidades. Um episódio engraçado desta epopeia do Pueblo é o dos manguitos que os americanos mostravam habilmente quando sentados no banco dos reus e em todas as fotografias até certo período. Quando os norte coreanos descobriram devolveram a graça com um sovamento à Kim il Sung...

Esta manobra de Teerão é inteligente pois associa ainda mais Blair, já de saida ao Iraque, e condiciona fortemente o seu sucessor, Brown numa primeira fase e outro qualquer depois de eleições que se aproximam relativamente a estrégias de fundo. Mais ainda divide os ingleses sobre o Iraque mas também quando à forma como lidar com o rapto, uns pelo músculo outros pela diplomacia, aproveitando o fenómeno da divisão da opinião pública, um pouco como o Engenheiro Sócrates que cada vez que é acossado, discute ou manda discutir o estado da oposição. Hábeis estrategas de Teerão sabem que o rapto em circunstâncias como as actuais, na qual há uma enorme pressão interna para sair rapidamente do Iraque, esta atitude não unirá os ingleses mas antes os dividirá mais sobre o acto em si mas também quanto à questão de fundo.

Lamentando o destino actual dos marinheiros, resta somente falar do papel meramente instrumental destes nas hábeis manobras de paises que decidem raptar cidadãos para conduzir exclusivas manobras políticas que se assemelham mais a banditismo que à conduta minimamente aceite por estados que se dizem respeitadores e que exigem mesmo o respeito pelo direito internacional. Óbvio que os olharapos de sempre mantém um prudente silêncio e o assunto em Portugal sequer é discutido. Ao invés discutem-se coisas como os espectadores do rally de portugal, a ridícula tragicomédia da universidade independente ou o jogo de futebol do próximo fim de semana...

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Velhas teimosias

Pois é, conforme adiantado já em posts anteriores o grande desígnio e maior reforma desde o 25 de Abril de 1974 na Administração Pública está tremendamente atrasado. Falo do nosso bom e velho amigo PRACE. Sobre este já muito foi dito, especialmente pois é, a par da evolução da despesa primária um importante barómetro sério do verdadeiro reformismo socialista.

Ora o marasmo em que caiu o PRACE pouco mudará junto da opinião comentadeira a atitude sicofanta perante o Governo do Engenheiro (a ver) Socrates. Ou seja mais um flop, a verdadeira reforma da administração pública até hoje têm-se feito pela extinção de direcções gerais e institutos e abertura nas mesmas instalações de autoridades nacionais, como o que sucede com a DGV ou com a IGAE (substituida pela ASAE). Nem falo portanto do mero artifício administrativo que isto constitui não só por ser tema da especialidade do PT mas também porque, bottomline, e com pequeníssimas alteração são meras cosméticas jurídicas que sob o manto de dinamismo escondem somente mais do mesmo ou seja um "monstro camuflado".

Ora o PRACE desígnio do governo deveria estar implementado em Julho de 2006, posteriormente chutado para 2007 e agora enviado para as calendas gregas. Sobre isto já se escreveu, contudo é de espantar o desinteresse dos principais partidos nesta questão, lançando my two cents, nínguem quer fazer verdadeiras reformas ou meter a mão na pele do monstro, primeiro porque ele morde e têm dentes, segundo pois não são os PRACES que ganham eleições, terceiro porque é de dificílima implantação e em bom rigor não se vislumbra no espectro político nenhum engenheiro independente ou ex-comuna retinto com coragem para o levar a cabo de uma maneira séria e implacável.

Assim pois, e lamentando as repetições de temas a que a nossa politicazinha nos leva, apelando ao indulgente leitor que continue comnosco resta a este governo e a todos os anteriores ou posteriores no presente sistema uma alternativa:

PINTE-SE O MONSTRO!

Como se pinta um monstro tão feio, abjecto, inútil e produto de (des)governos sucessivos que querem fazer de paizinhos de todos os que verdadeiramente querem ter uma vida de classe média pequeno-burguesa, fácil...

(i)Aumenta-se a carga fiscal, já o dissemos que desde 2000 e até antes todos os governos, sem excepção, aumentaram a carga fiscal sobre o cidadão nos diversos impostos

(ii)Fingem-se reformas

(iii)Monta-se uma estratégia de propaganda, SIMPLEX, Plano Tecnológico, MIT's e companhias, ou seja muita parra e pouca uva

(iv)Utilizam-se estratégias de comunicação enaltecendo o lider, que goza de tratamento imaculado nos media.

(v)Discute-se o estado das oposições por tudo e por nada

(vi)Atacam-se supostos priviligiados, seja na função pública, sejam empresas ou particulares através do buçal e provinciano "revanchismo fiscal"

(vi)Aproveitam-se as borlas e sinergias positivas criadas para o pais de cada vez que se vê uma manifestação da função pública

(vii) Manietam-se magistraturas e jornalistas

A receita de Sócrates é esta e verdadeiramente já farta.

PS- Hoje a CÂncio escreveu um artigo sobre um tema que não o aborto mas continua ressabiada com tudo e mais alguma coisa...é triste ser-se assim imagino...

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terça-feira, março 27, 2007

Mais uma volta no carrossel, mais uma indemnização

Mas alguém em Portugal larga um poleiro que seja sem levar uma gorda indemnização atrás?

Old habits die hard.

segunda-feira, março 26, 2007

Episodios do quotidiano nacional

Epísodios vários são merecedores de atenção na nossa coluna:

i) Birras de Ex-Soba

Nada como o destilar de um velho ódio. Sejamos honestos Cavaco e Soares odeiam-se é um caso figadal, Cavaco enfrentou a encarniçada "força do bloqueio" de Soares cujos resultados estão ainda para se perceber. Mais ainda, Cavaco o menino bom do campo (elogio para o Algarve) foi enganado pelo "batidão" da cidade, o melífluo Soares que aproveitou a bem intencionada vontade reformista de Boliqueime quando lhe interessou e soube com inteligência conduzir o PS ao governo em 1995. Alias como Sampaio em diferentes circunstâncias em 2005...

Contudo, os invios caminhos dos estreitos corredores da política portuguesa são assim, ora se está em S. Bento, ora se está em Belem, e em Belém não se prestam contas a ninguém. Cavaco entendeu promover um evento para discussão à porta fechada sobre a Europa. Soares ficou fora, não por ser Soares, mas por não constar do critério adoptado pelo Soba de Boliqueime. Resultado, birra jornalistica com apoio dos acólitos de ambos os lados. Pois é as Repúblicas Bananeiras com PR's de poderes completamente idioticos têm de isto, os PR's antigos são algo inconvenientes, Soares duplamente. Num pais africano a coisa resolvia-se de uma de duas maneiras, primeiro o Soba só deixa de o ser quando morre, segundo o ex-Soba têm vida curta desde que abandona o poleiro, especialmente se continuar a habitar no seu Pais. Por cá os usos são mais brandos e fazendo jus ao ideário republicano, pior que termos que gramar com o PR em funções é gramar a galeria dos ilustres que foram já eleitos e que são figuras de prateleira com ar respeitavel. Por estes motivos, viva a Monarquia, mas continuando...

A birrinha de Soares nada têm de respeitavel e têm somente como intuito reeditar o velho conflito e odiozinho de estimação entre estas duas grandes figurinhas do Portugal moderno. Pois claro os convites de Cavaco são noticia mas as escolhas de Sócrates...essas são para a segunda linha de discussão...

ii) Roncos de Santana

A comunicação social nativa abusa da nossa inteligência, não me refiro à bela e o mestre, aos programas informativos nem aos debates do Prós e Contras que hoje prometem uma estupada técnica que assentará em meia dúzia de Srs. Engenheiros (à séria!!) a trocarem piropos sobre aluimentos de terras ou coeficientes de segurança ou seja o que for. Mas enfim, a mórbida atenção dispensada ao Dr. Santana já farta, alias fazendo jus a tese aqui já plasmada de que a cada momento de desgraça de Sócrates lá vem o Dr. Santana, esta semana foi este mais uma vez banhado com os holofotes do mediatismo que tanto lhe aprazem. Noutros tempos ignorado por medo ou por ser populista, qualquer intervenção de Santana, mesmo na humilde qualidade de deputado serve para ilustrar a falta de alternativas a Sócrates. Seja por Mendes não se descolar de Santana, seja por este ser ainda forte alternativa.

Pois é andam a gozar comigo...Pessoalmente, e eu levo a coisa a peito, ando farto da mediocridade jornalistica e das campanhas de imagem fracamente encapotadas levadas pelos auxiliares do governo e de Sócrates. A complacência com a qual o governo e tratado e a oposição impiedosamente tratada, alias como se fosse da oposição que as coisas andam mal ou algo assim... A estratégia irá cair quando a realidade de impuser à propaganda, o que com o arrastar do mandato se vê que será para breve.

iii) Mais vida para além do deficit?

Alguem se lembra desta genial expressão do homem de que deu o dito por não dito segundo Santana? Poucos, o deficit e já aceite como desígnio nacional, uma especie de Quinto Império socialista. Pena que não questionem o Dr. Sampaio sobre estes assuntos, mas também qual é o interesse de ver figuras pouco crediveis a descredibilizarem-se mais... Nenhum mesmo, mas continuando, parece que o governo reviu em alta o deficit, menos 0.7%. Uma vitória, bem urdida na comunicação social do regime, motivo, a receita fiscal superou bastante as previsões, claro que o estado continua a gastar mais com despesa primária mas isso pouco interessa, a tirânica administração fiscal está a vencer a luta contra a prevaricação e todos nos pagamos para que todos paguem menos, ou pelo menos é isso o que a verve governamental vende.

A verdade é que o deficit foi inferior porque o Estado "se esticou" um pouco na cobrança e no aumento fiscal. Lembram-se daquele homem que não ia aumentar os impostos? Pois já ninguem se lembra mesmo e ninguem quer saber, pois o estado gastador, desperdiçador e prestador de serviços ronceiros continua alegremente a gastar mais, mas também a cobrar mais aos seus cidadãos,a pedir um bocadinho mais e a dar um bocadinho menos... Tudo em nome do socialismo e da justiça social, eu cá digo...«há mais vida para além do deficit», e que o monstro ainda aí anda e andará... 2007 ano do flop do PRACE...Reformas por um canudo e bluff só na propaganda...

iv)Canudos

O Engenheiro Sócrates têm um canudo resmenga, de uma universidade resmenga, com uma média resmenga e processos administrativos obscuros. Espelho da alma de um pais diram alguns. A história não seria triste se não vendessem o dito engenheiro como o espelho do portugal moderno e o salvador do pais. Sobre o CV do Engenheiro já aqui escrevemos que para além da trica de cassique lá pelos PS's das Beiras primeiro e depois de Lisboa, que nunca trabalhou fora da política etc... O recente episodiozinho do seu canudo lembra somente que a propaganda têm vida curta quando exacerba realidades que nunca foram... Mas enfim quem se espera que esreva sobre isto, para além de meia dúzia de desalinhados colunistas (vide espetacular artigo de Constança Cunha e Sá de há 2 semanas)? Ninguem, ou dos letrados licenciados em comunicação social é de esperar algo mais?

Pois também não acho...

v) Grandes Portugueses

António Oliveira Salazar venceu com 41% o passatempo. Giro foi o programa de ontem, que teve direito ao missal habitual comunista de Salvadores do Regime e defensores da Liberdade etc... Felizmente não vivemos há 20 anos e a hegemonia cultural vermelha está já bem mitigada, para não dizer de forma acre fora de prazo. Os urros e gritos de Odete Santos que ressoaram como hinos de justiça popular são hoje vistos com desdem, para não dizer ridículo e a espontaneidade das massas que louvam Cunhal deixa a desejar. Os apelos ao voto útil foram ridículos,e fieis ao espírito do regime, voto útil para tudo que nada mais serve para perpetuar os inúteis habituais, PS PSD ou outros ainda piores. Tudo isto em nome da salvação nacional ou outros motivos quaisqueres. É risível para não dizer tristíssimo para todos menos para os que engordam com o estado de coisas.

A vitoria de Salazar assusta pois surge enquadrado como um voto de protesto pelo status quo, mas também e mais ainda porque se a história do portugal dos ultimos 40 anos for vista à lupa séria talvez se veja o papel branqueado do PCP na destruição de Portugal, ou que as coisas não são como as pintam desde sempre. Não deixa de ser engraçado que em momento de tremenda corrupção e falta de moralidade na vida pública nacional se escolha um homem austero e apegado a uma moralidade propriamente sua. Escrevia o AOC que Santa Comba levou a melhor sobre o Seixal, e eu acrescento que também sobre a "moderna" Lisboa dos inícios do século XX foco de endémica instabilidade da Primeira República que foi endireitada pelo filho de caseiros da beira educado em seminário... Digam o que disserem mas os portugueses gostam pouco de liberdade, antes preferem o professor, o dr. o polícia ou alguem que ponha alguma ordem nos lusos gentios, aconteceu com Salazar, e hoje com a Europa, esse desígnio luso como o deficit...

Pior ainda é que fruto do branquemento histórico aos últimos 90 anos de Portugal foi o passado difuso, obtuso e torto que prevaleceu sobre os dias de hoje, é engraçado? Não é mesmo é ignorante à décima casa. Duvido que 100 portugueses consigam ter uma opinião inteligente do Estado Novo ou seja ponderada e lúcida, mas também crítica e sem pudores ideológicos... Até lá festeje-se a vitória do Professor. Se ganhasse Cunhal estariamos hoje a debater a sua coerencia ou outra coisa qualquer elogiosa sob a batuta da camarada Odete... Uma coisa é bem certa, os portugueses não sendo grandes amantes da liberdade também não gostam de totalitarismos, antes preferem bandalheira como hoje ou o calmo respeitinho. São estes o yin e yang conflituantes dentro da cada português. Prevalecente somente a ignorância dos dias de hoje...

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Seixal ou Santa Comba?

Depois de ver Os Grandes Portuguesas e a eleição inesperada (será?) de Salazar e Cunhal para os dois primeiros lugares da tabela, merecedores de ouro e prata do pódio (juntamente com um tal Aristídes que parece que safou uns milhares da morte certa), faz-me pensar que Portugal não sabe qual dos seus são merecedores de figurar no seu quadro de honra.

Dos 10 finalistas (porque não me atrevo a mencionar os vinte primeiros, onde constavam Pinto da Costa, Jorge Costa, José Mourinho etc), tinhamos a seguinte panóplia de personalidades, de acordo com o discutido no programa.

- Ditador
- Aspirante a Ditador
- Marquês Ditador e anti-jesuita
- Reis Ditadores e responsáveis pela escravatura e pela cruel morte de milhares
- Poeta sem respeito pelas mulheres
- Poeta bebado e sem mulheres
- Navegador pedófilo
- Navegador bárbaro, cruel e parece que racista (!!!!!)
- Um gajo porreiro, mas que verdadeiramente ninguém conhece...

Destas definições, ainda estranham que tenha ganho aquele que verdadeiramente é aquilo que as pessoas pensam que ele é? Alguém acha que Salazar não foi um ditador... que mandou prender e matar dezenas ou centenas de pessoas? Que defendia a censura e a existência de um só partido? Que equilibrou as contas públicas? Que teve uma ideia de Portugal (ainda que não concordemos com ela)?

Não é ensinado o Estado Novo nas escolas? Claro que é! Tanto é que as pessoas conseguem julgar a História quando esta aconteceu à 40 anos!

Mas ao contrário do que diz a Camarada Odete, as pessoas que votaram nesta eleição possivelmente por estarem informadas sobre os prós e os contras de Salazar entenderam que este fez por Portugal, mais do que Alvaro Cunhal fez por si e pelo PC. E o voto útil (este sim) nasceu.

Todos os outros com pequenas excepções, ou porque passaram largos séculos, ou porque são figuras que a História nos faz ver a cores (e não a preto e branco), não são amados ou odiados... não nos fazem votar... sempre estiveram e estão lá, e por eles temos respeito e admiração. Mas não votariamos neles porque são homens como nós. Com defeitos, virtudes, praticantes de actos barbaros (aos nossos olhos) e defensores da opressão religiosa ou da cor de pele.

Mas Alvaro Cunhal ser o maior dos portugueses? Não seria esse um maior ultraje da nossa História? Aquele de quem se diz ser informante da PIDE (que teria permitido a sua fuga de Peniche), defensor de um regime de opressão como o da URSS. Defensor das Nacionalizações da economia, da Reforma Agrária etc.

Parece que desta vez, Santa Comba ganhou.

Penso que ganhou o menos mau (entre Cunhal e ele próprio). Mas todos os outros mereciam ficar à frente, pois fizeram o que tinham de fazer com os constrangimentos das suas épocas e com os olhos do seu tempo.

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quarta-feira, março 21, 2007

Goodbye Maria Ivone

A Zézinha disse adeus ao PP. A mim, é me totalmente irrelevante, mas aos meus co-bloggers talvez não.

O "eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes", ficou-me na memória.

Pode ser que agora faça alguma coisa na CML.

Mas que raios...uns quantos marretas estão a dar um belo abanão na direita portuguesa. A ver se continuam a cair macacos dos galhos.

Há mar e mar no campismo da Caparica

Não estou nada espantado com os recentes avanços do mar na zona da Costa da Caparica, em particular dentro do parque de campismo existente.

Sem querer entrar nos méritos e deméritos desse tipo de ocupação urbana do solo, fico espantado com as habituais patacoadas dos responsáveis: ah e tal a culpa é do INAG que não reconstruiu o cordão dunar. Queremos dinheiro. Queremos indemnizações. Como sempre, a chorar e a fazer birra a ver se aparece o Estado a dar de mamar.

Acho lindo a culpa ser do INAG ou de quem licenciou o parque de campismo afectado (admitindo que houve licenciamento e que o parque não nasceu sem eira nem beira no forrobodó pós-25/A). Ora constroem um parque de campismo atrás de uma duna a meia dúzia de metros da linha de costa e ao nível do mar, estão à espera de quê?

Ainda que fosse legal o licenciamento na altura, o Estado não pode aceitar responsabilidades pelos riscos que os proprietários optaram por correr. Afinal de contas, vivemos num Estado de Direito em que a propriedade privada é um dos pilares fundamentais. E com a propriedade privada advém o risco para o proprietário. O risco tem de correr *sempre* pelo proprietário. É para isso que existem companhias de seguro especializadas no ramo. Se o Estado fosse sempre a rede de segurança para estes problemas, não teriam mercado!

Mas não. Como aposto que não há seguro(s) e/ou as companhias seguradoras se recusaram a cobrir um risco daqueles, toca de cair em cima da mula habitual. O Estado. Ou seja, todos os outros que pagam impostos.

É que nem sequer estamos a falar de algo totalmente imprevisível. A linha de costa tem subido e descido ao longo de milhões de anos! Vejam-se os castros e povoados da pré-história: conhecem algum junto à costa, que esteja numa quota baixa? Por todos os motivos e mais alguns, a construção em locais elevados sempre foi privilegiada.

Se eu construir um barraco de madeira sem fundações (não carece de licenciamento) num terreno de que sou proprietário, situado num leito de cheia e num dia a casa vai a boiar até ao Oceano Atlântico, que raio de responsabilidade tem o Estado?!

Porquê logo culpar o Estado? Porque uma cambada de inteligentes decidiu contra todo e qualquer bom-senso construir um parque de campismo à beira-mar plantado, ao nível das águas. Mais uma vez friso: é irrelevante que o parque esteja legal (se não estiver, só agrava a responsabilidade dos aventureiros). O que é relevante é a responsabilidade/risco dos proprietários afectados.

Meus amigos, a revolução de Abril não acabou com a propriedade privada e não transformou o Estado de Direito num Estado Socialista (não obstante o prólogo da actual CRP, e para grande pena de algumas luminárias) em que tudo o que acontecia se reflectia na esfera jurídica do Estado.

Para o bem e para o mal, não estamos em 1975 e os danos hoje reflectem-se na esfera jurídica dos proprietários. Especialmente quando lhes falta o tino de construirem em sítios adequados e não estamos perante uma catástrofe imprevisível da natureza.

Tenho pois que as pessoas que quiseram correr o risco que o suportem. Não é preciso perceber muito de psicologia para perceber o que tentam fazer. Como em outro post já o fiz, dizia Mark Twain, "Denial isn't a river in Egypt".

Edit: Nem de propósito, a resposta do Presidente do INAG:

"O presidente do Instituto da Água (Inag), Orlando Borges, afirmou hoje que as pessoas do Clube de Campismo de Lisboa, na Costa da Caparica, "foram atempadamente avisadas, mas optaram por deixar lá os seus bens".

Respondendo às críticas de autarcas e campistas sobre os atrasos na actuação do Inag, Orlando Borges justificou que "há alturas em que é possível trabalhar e outras em que não"."

terça-feira, março 20, 2007

Combustíveis descem menos em Portugal que no resto da Europa

Uma das notícias de capa do Público de hoje é sobre o recuo inferior dos preços dos combustíveis em Portugal quando comparando com o resto da Europa (19% contra 33%).

Apesar de não se saber se aquando dos sucessivos aumentos de preços, a percentagem de aumento foi idêntica em Portugal e no resto da Europa, os números apresentados hoje pelo Público são motivo de espanto? Não.

Vejamos. Portugal é um país pequeno. O mercado dos combustíveis é um mercado estabilizado, maduro (quase diria, fossilizado, pois as empresas são as mesmas há anos sem fim e em número cada vez menor). Não há dinamismo, vontade de ganhar quota de mercado agressivamente, nem entrada de novos players (os custos actuais de entrada no mercado de combustíveis são insuportáveis para um mercado tão pequeno).

Com isto a Galp limita-se a fixar os seus preços e o resto do rebanho vai atrás, mais cêntimo menos cêntimo. Como empresa que é, quando a matéria prima sobe de preço, aumenta imediatamente o preço de venda e quando ela desce, os preços desinflam mais devagar. Discretamente, como no ditado, enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Neste caso, folgam os bolsos dos consumidores com o dinheiro a voar.

Atrevo-me a dizer que verdadeira competição no mercado dos combustíveis não temos nem nunca iremos ter. Pelo menos até à próxima mudança de paradigma, em que o mercado de combustíveis mude radicalmente (por exemplo, com biocombustíveis ou hidrogénio).

Até lá estamos entregues aos vampiros das bombas de gasolina.

segunda-feira, março 19, 2007

Otite aguda

Depois de um fim-de-semana em Lisboa, ainda mais caótico que o previsto (infelizmente por motivos tristes), toca de escrever algumas linhas sobre alguma coisa relevante para o nosso país. Nada como começar pela Otite.

Em termos médicos, a otite é uma infecção que afecta o ouvido. Em termos políticos a Otite é uma infecção que afecta os cidadãos desgovernados pelo Governo Sócrates. Caracteriza-se pela barragem de propaganda a favor do aeroporto na Ota contra estudos, ventos, marés e previsões astrológicas desfavoráveis. Provoca dor e espasmos em muitos e hiperdesenvolvimento da carteira de alguns. As vítimas da Otite são, em certos e determinados círculos, conhecidos como Otários.

Enfim, temos para nós que a Ota será útil para meia dúzia de fat cats. Os gatos pingados do costume. Quem tem os terrenos à volta (adorava conhecer o teor das certidões do registo predial das zonas próximas não afectadas pela servidão aeronáutica), quem se ocupar da construção e quem explorar o aeroporto ficará de papo cheio. Já para não falar dos terrenos da Portela.

E com que vantagens? Em relação à situação actual, aparentemente poucas. No máximo dos máximos os estudos mais recentes (sempre os "estudos"...de tráfego) conseguirão descolar 70 aviões/hora. Pouco mais do que actualmente, pois as duas pistas de aterragem da Ota não poderão ser utilizadas em simultâneo.

Comparemos com Barcelona. O aeroporto do Prat teve em 2006 mais de 20 milhões de passageiros (não obstante a Iberia tentar fazer tudo para que o Prat se limite a um centro de voos low cost). A Portela ficou-se pelos 12 milhões. Para ajudar à festa em 2008 entra em funcionamento o Terminal Sul do aeroporto barcelonês. E como este tem duas pistas paralelas que permitem aterragens simultâneas, continuará a crescer, enquanto Lisboa ficará com um "aeroporto de futuro" (em socrês) de capacidade pouco superior ao máximo da Portela.

Claro que essa socrática opção de fundo terá custos e benefícios. Custos para nós (eventuais utilizadores e certos financiadores por via dos nossos impostos), benefícios para os abutres habituais. Otites, portanto.

Mas nem só na capacidade da Ota o problema é espinhoso. A parte da construção é particularmente explosiva. Será que as abetardas decidentes deste país fazem ideia do que é um aterro que obrigará à movimentação de 50 milhões metros cúbicos de terra?

Certamente que desconhecem que na Expo aquando dos primeiros esboços, embora no final da obra não houvessem grandes terras sobrantes, em determinados momentos da obra haveria um superávit de 15 milhões de metros cúbicos de terra. Este tipo de poeira não se varre propriamente para debaixo de um tapete.

Em tempos, alguém com conhecimento de causa, explicou-me que essa quantidade de terras equivalia a um monte de tamanho inacreditável (a analogia específica perdeu-se no tempo...). Nem quero pensar na Torre de Babel que serão esses 50 milhões da Ota. Bem que podem meter canhões de neve artificial no topo e criar uma estância de ski às portas de Lisboa.

Otites, portanto.

A ser construída a Ota já antevejo Sócrates num acto de contrição semelhante ao que Aznar fez recentemente sobre a guerra no Iraque: Estávamos *todos* convencidos que existiam armas de destruição maciça.

Sócrates dirá: Estávamos *todos* convencidos que a Ota seria importante para o desenvolvimento do país.

Termino com um forte abraço ao DML.

sexta-feira, março 16, 2007

Consumir ou Oprimir

O efeméride do dia do Consumidor foi efusivamente festejada por determinados organismos do Estado com fiscalizações de Norte a Sul, raids a lotas e incautas padarias, controlos e fiscalizações. De facto terá sido um belíssimo dia para o Consumidor de multas que dá pelo nome de Estado Português e que mais uma vez se transvestindo no papel de defensor do interesse público faz sentir o peso do duro braço da lei e a minúcia absurda de regulamentos e procedimentos.

Ou seja, mais um dia em Portugal. Um dia de talibanismo legal em que a não afixação de um papel qualquer, o uso de caixas modelo comunitário ou outra manigância qualquer resultam em tremendas coimas e inspecções severas, seguido por outros 364 ou 365 (se o ano for bissexto lá está). Até um qualquer secretário de Estado foi ao terreno fiscalizar explorações agrícolas, acompanhado pela comunicação social e os organismos competentes, incluindo o motorista do sr. secretário de Estado.

Será esta a forma mais adequada de celebrar o dia do Consumidor. Eu acredito que não, primeiramente porque amanhã o mesmo peixe vai ser vendido nas mesmas lotas, os hábitos e costumes não se iram alterar e pior, continuaram os comerciantes, produtores e revendedores a fazer o mesmo. E o Estado? Esse está saciado, a caça à multa rendeu. A mentalidade governante é julgo esta, mostrar para a comunicação social uma iniciativa e depois votar os interesses subjacentes, ou seja o higiene e a salubridade pública ao esquecimento até nova arrancada em multas.

Gizando uma suposição, eu imagino que os membros da ASAE só saem à rua com camaras atrás, pois a fiscalização não se faz sentir em parte alguma. É típico ademais dos costumes nativos, uma miríade de leis, regulamentos, com coimas para tudo e mais um par de botas e depois de efectivo cumprimento e fiscalização: Zero ou quase!
Resultado, quando a fiscalização vêm à rua é para apanhar, mostrar resultados às chefias e de preferência permitindo que os restantes 21 dias úteis possam ser passados entre o café do emprego, cigarros, futebois e afins. É quase como o sistema de quotas, temos de apanhar X, Y ou Z de determinado produto para que possamos estar descansados. É esta a mentalidade das autoridades deste pais, seja com o codigo da estrada ou salubridade pública. É este o Portugal em que vivemos, pidesco, abusador de liberdades, tremendamente hipócrita e "sonso". É um pais de tristes para tristes governado por tristes e pago por quem têm mesmo de pagar, ou seja quem não é canalizador, empreiteiro, ou outro prevaricador de monta em termos fiscais, sem embargo do apelo constante à delação e à "queixinha". Antes de haver PIDE sempre houve polícias de costumes, moralidade e da hipocrisia.

Mas enfim sem querer repisar temas já aqui bastantes vezes aflorados, urge pois voltar ao tema, o dia do Consumidor. Ser consumidor é ser esclarecido, é fazer e ter capacidade para fazer as melhores escolhas e isto implica acima de tudo informação e uma boa dose de bom senso. Ambas não andaram nos escaparates ontem como bem se viu, contudo deviam.

O consumo está associado à liberdade de escolha individual. Excluem-se os menores e os insanos desta equação, os primeiros porque os pais fazem parte das escolhas por eles e os insanos porque desses ninguém quer saber. A liberdade de escolha assenta num consumidor esclarecido. Eu enquanto consumidor posso escolher A,B,C com mais ou menos gordura, incumbindo ao produtor facultar esses elementos e ao Estado regular a forma de prestação de informação que deve ser tendencialmente clara e livre.

O paradigma moderno é contudo outro, o estado já não regula somente mas também prossegue políticas que julga ser de protecção aos consumidores. Óbvio que a coisa bem intencionada facilmente descamba num totalitarismo imbecil e latente como se denota em todos os campos, desde o ambiente à saude, passando claro e com bastante felicidade para alguns pelos hábitos individuais dos cidadãos. Da simples menção aos malefícios do tabaco avançamos para uma proibição total e sem reservas de fumar em espaços com menos de X m2 ou outra parvoeira qualquer. Em nome do ambiente elevam-se os custos para o consumidor do uso de automóvel ou do estacionamento, aumentam-se cargas fiscais, sancionam-se comportamentos e restringe-se a liberdade individual aumentando as proibições sobre as coisas.

Pois é Liberdade sim e muitas, mas com "proibiçõeszinhas", lá dizia o outro, notório da alteração de paradigmas é o aumento da penalização de comportamentos até há poucos anos tidos por aceites, tudo não em nome da saude pública como o fazem crer mas sim de uma concepção social de europa politicamente correcta, não fumadora, não bebedora, saudável e ecológica. Vejamos pois o caso da alimentação, da convição generalizada que o fast food faz mal passa-se para uma proibição do número de calorias por hamburger ou refeição. O exemplo parece inocente, nem por isso, veja-se neste caso vigora uma proibição ao invés da liberdade de consumo sem reservas. Se determinado restaurante me oferece uma "bomba calórica" é a mim e somente a mim que me cabe a escolha, não a um eurocrata qualquer, não ao ministro da saude e muito menos ao vizinho do lado que censura a refeição calórica, à semelhança do que sucede com o fumo ou outra coisa qualquer.

A escolha pressupõe inteligência que é coisa que parece não abundar nos comportamentos das pessoas. As bebidas, comida, fumo, estilo de vida etc... devem ser racionais e esclarecidos, não tipificados na lei ou regulamento. O caso dos menores é paradigmático, em Espanha uma ministra do esclarecido governo do PSOE quer proibir os menores de se alimentarem nos fast foods sozinhos e limitar o número de calorias em determinados produtos... Aonde está o bom senso? Provavelmente em lado nenhum pois o paradigma é identico nos EUA e na Europa, contudo note-se que o esclarecimento do consumidor é agora deixado para segundo plano, passando sim a valer a proibição, tudo isto em nome da nossa protecção e supremo interesse. Eu cá digo: Pinhões!

Cheira-me a farenheight 451, o filme em que os livros eram proibidos pelo Estado por causarem infelicidade ou descontentamento aos seus leitores. Tudo isto pois interessava a suprema felicidade do indivíduo.

Por fim fica a reflexão de que o consumidor não pode nem quer ser salvo de si próprio mas antes ser esclarecido, ficando a salvação de cada um a seu cargo. Há largos séculos que o Cristianismo predica esta máxima e com sucesso...

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quinta-feira, março 15, 2007

Estado Malandro, Povo pelintra

Enquanto o pais se excita serodiamente por mais uma menina, neste caso o da menina raptada do hospital, que nada mais fazem que estupidificar os já de si pouco esclarecidos nativos há vários assuntos que escapam ao mainstream de discussão nacional.
Ontem durante o almoço disse-me o dr. AOC que "n assuntos" merecem posts, e com toda a razão mas que este pais é um fartar de vilanagem e portanto para que?

Para que nos preocuparmos com a propaganda que passa nos media encapotado de notícias, para que escrever dos pequeninos episódios que lemos e vemos quotidianamente e que ilustram que Portugal está a resvalar para um salve-se quem puder no qual o Estado é o primeiro a ser o primeiro "malandro de bem".

Malandro de bem é uma expressão muito sem graça, bem sei contudo de bem porque promete habitação, saude, educação, segurança, paz etc... e malandro porque não há nenhum compromisso de perenidade com cidadãos e é o pais governado por fogachos conforme a cabeça ministerial ou primeiro ministro do momento. A diferença é somente a da gordura do bovino, uns em tempos de vacas magras outros nem tanto, o resultado o costumeiro agravar fiscal compensado por serviços sociais que servem para cada vez menos e custam cada vez mais...

Em Portugal a resignação é sempre um sentimento difícil de interpretar, tudo porque Luis de Camões, em fim de período de vacas gordas criou o "Velho do Restelo", permitindo a todos os reis e ministros bem intencionados e de espírito "reformista"sejam vistos como profetas do progresso, quando a experiência histórica demonstra que quanto maior é o animo de mudar, fazer, modernizar etc... pior ficará o Pais no final e possivelmente endividado até à geração seguinte.

Contudo o libelo é fortíssimo, os que como eu preferem um pais mais avançado em termos cívicos e com uma expectativa de Estado Social realista com o desenvolvimento e possibilidades do pais são logo apelidados de Velhos do Restelo, Salazarentos, amantes do Portugal pequenino, enfim the Works...

Esses merecem de resposta que D. João II ou o Infante D. Henrique não prometeram o "Choque dos Descobrimentos", ou 150.000 empregos na construção de naus, ou cursos de Indiano desde a 4ª Classe, pelo contrário não venderam ilusões mas sim trabalho, suor e lágrimas. Não me ocorre nenhuma das ilustres figuras ter dito “especiarias para todos” ou outra promessa qualquer. Pelo contrário tinham uma meta dificílima a atingir e alcançaram-na com muitíssimo esforço e ao custo de muitas vidas.

Pelo contrário os ignorantes, sabichões ou outros vendem ilusões seja aqueles que infelizmente pouco ou nada têm, ou pior ainda fazem promessas de recompensas à custa do Estado ou seja dos contribuintes que caem na malha na extorsão fiscal. È notório quase todos os políticos pós 1974 criaram este engano que é mantido com crescente dificuldade e à custa dos de sempre.

Continuamos, e em Democracia especialmente a viver, numa lógica estatal da recompensa é assim que o pais é governado, as reformas, mudanças etc... são sempre feitas em nome de benefícios palpáveis num qualquer futuro distante, num mandato de governo ou outra coisa qualquer. É isso o que o povo quer e é isso que lhes servem há 30 anos, a crescente desconfiança dos políticos deve ser vista a esta luz e se o povo se fartou deles é porque prometem e não cumprem. Pois é mas o erro está aí, o Zé anda aí de mão estendida e ouvido atento sempre à coca de uma borla, um almoço grátis, uma t-shirtzinha, uma pontezinha, uma coisa qualquer. Os Zés deste pais não clamam por reformas, seja por nata desconfiança seja por saber que o que “o dia seguinte é sempre pior que o de hoje”, seja por terem a inelutável convicção de que as promessas não têm maneira de ser cumpridas...

Contudo persistem e persistem, e votam nas SCUT’s grátis e nos 150.000 empregos e nas promessas mais baratas tudo claro, não pensando nem por um segundo no bem comum da nação ou da próxima geração mas sim em obter para seu egoísta benefício uma alcavala qualquer.

O pais têm os políticos que merece e o status quo é aquele que nos últimos anos se andou a preparar, eu só não entendo porque não há ninguém com um mínimo assomo de coragem para o dizer e pior ainda que persista no modelo que só poderá conduzir um dia, não muito distante a um final triste...Até lá caros contribuintes é um fartar de vilanagem como o são os negócios em volta da OTA, com referência aos seus terrenos, os de lá e os da Portela de Sacavém...

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segunda-feira, março 12, 2007

Notas de Fim de semana

Passando em revista os eventos do final de semana destacam-se:

(i)

Sábado passado, 10.3.2007, uma manifestação com mais de 2 milhões de participantes percorreu as ruas da capital espanhola. Motivo, a política terrorista do Governo Espanhol que insensatamente rompeu com consensos históricos, oriundos da transição, governando de uma maneira que somente se poderá considerar como errática. O caso do etarra de Juana foi a faisca que fez escalar a crispação no pais vizinho, a níveis inauditos até hoje. É facil entender o que Zapatero fez, pura e simplesmente governa com o apoio de algumas forças nacionalistas de esquerda, aliando-se aqueles que cada vez menos se reveem como Espanhois e cuja ideia do seu Pais é na melhor das hipóteses uma Federação e na pior um Estado independente. Mais ainda Zapatero, promove dolosamente a exclusão do centro direita, empurrando-o com declarações de populismo e irresponsabilidade para um ghetto criado pela maioria "sui generis" do dia 11 de Março de 2004.

A manifestação de sábado teve o condão de ser convocada expressamente contra ZP e ter ampla participação. Note-se que a reacção do PSOE não se fez esperar, ficou-se por um irónico "esperavamos mais". Os tempos do populismo fácil contra o Iraque e Aznar acabaram urgindo agora malhar num governo avesso a qualquer sentido de estado, errático e que conduz uma política interna e de coesão imperceptível e que até ao momento fez muito mais mal que bem. Finalizando a política do "bom polícia" de ZP atingiu o seu prazo de validade, ZP tenta governar como homem bom e de consensos, estando refem da boa vontade de organizações terroristas ou de formações partidárias que odeiam a ideia de Espanha.

(ii)

Por cá o soba mor fez um ano de mandato e o governo dois. A Imprensa rendeu-se à efeméride, com elogios redobrados a Sócrates, de entre os quais se destaca uma parola reportagem no Sol sob o título "Nascido para o poder". A coisa é quase risível, primeiro a começar com as fotos que os agit-props do governo enviaram de entre as quais se destaca um Sócrates de peito nú apanhando sol em Paris ou as fotos da terra. Enfim está ao nível do pais é tudo quanto se pode dizer, ou seja "brega", especialmente com Armani. Coberto de Armani ou de outra coisa qualquer a reportagem de culto personalista como escreveu VPV, evidencia somente o paupérrimo estado da fibra de Sócrates, a de um carreirismo em partido político desde a juventude. A de um bom rapaz de um terrinha que subiu a pulso pelo partido para chegar a Lisboa e triunfar. Dotes académicos ou actividades profissionais de vulto para além da militância 0 (ZERO), vida além do partido ZERO.

A crítica a Sócrates anda menos rendida? Passados dois anos de governo interessa sim discutir as crises das oposições e denegir o líder do seu partido mais votado, ao invés de exigir do Governo mais do que têm sido pedido. As condições de Sócrates são e foram inigualáveis em termos de oportunidades, contudo dois anos depois que credenciais demonstra o governo, eu deixo uns pontos de reflexão:
-agravamento fiscal em quase todos os impostos (IRS,IVA,IA,IMI,IMT,ISP,IEC's, IS etc...)
-aumento das despesas (continua-se a gastar mais com o Estado)
-aumento de desemprego (não obstante a propaganda diária em contrário)
-abaixamento do nível de vida
-reformas insatisfatórias
-actuação à revelia do programa de governo

Ora cada vez que se levantam alguns dos temas lá aparece, por magia o Dr. Santana, o Dr. Menezes ou se demonstra a fraqueza do Dr. Mendes...

Continuando contudo o PR faz um ano de mandato. 17 valores diz o Prof. Marcelo, mais por reverência que por vontade própria, ora o ano de Cavaco é marcado por o que? Muito pouco, alias Cavaco seguindo o mote dos PR's anteriores exerce o seu mandato aos Zig-zags, ora dando um rebuçado ao Governo ora dando um à oposição. Constitucionalmente não há melhor maneira de exercer o seu magistério, estando os pais fundadores da Constituição rendidos ao modelo de poderes "esquizofrénico" que o PR exerce. No mais o que destacar? A cooperação estratégica? Quais os resultados práticos? Zero ou quase , uns pozinhos e umas coisinhas, uns arrufos mais de imprensa mas a verdade é que Sócrates têm levado a melhor de Belém o que até encerrar esta legislatura poderá ser perigoso, especialmente porque será o PM a colher a insatisfação nas urnas, mesmo que a propaganda noticiosa indicie bons augúrios.

(iii)

Nota final, o belíssimo e integro artigo de VPV no Público de Sábado. O tema eram os 50 anos da RTP e as festas de gala que foram realizadas para a homenagem. Diz o autor que a RTP de Salazar e Caetano era a agência noticiosa do Governo, mesmo com a mitómana construção da Censura. As coisas são como são em Portugal e a censura do Estado Novo é substituida pelo partidarismo que lhe segiu, sendo a RTP o repositório de presidentes devidamente endossados pelos sucessivos governos, reproduzindo-se em orgão público as orientações de S. Bento, foi assim com todos os primeiros ministros e continuará a ser. Vislumbram-se laivos de independÊncia ou inconformismo na RTP? Eu arrisco que não, a RTP é a televisão nacional e deve refletir o pensamento dominante de liberdade de informação de quem paga as contas. Os financiamentos da RTP são sempre polémicos pois quem paga a conta é que escolhe o cardápio.

A conclusão de VPV é simples a de que os portugueses são um povo de respeitinhos e reverências e não um povo que aprecia a liberdade, seja por a misturar frequentemente com irresponsabilidade e desgoverno, seja por não terem ainda formação e maturidade para viver construtivamente em liberdade. Alias o bom jornalismo da RTP fica patente com reportagens de meninos e pais em Cuecas na praia de Carcavelos aproveitando o sol e com os bácoros gritinhos da jornalista sempre que indo para perto da água se molhava. Depois disto repito a pergunta de VPV, há mesmo algo na RTP que mereça ser festejado?

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sexta-feira, março 09, 2007

Uma pérola

De quando em vez temos o prazer de ler textos tão bem produzidos e laudatórios que merecem ser homenageados com um post. Aconteceu com alguma da prosa da delirante Câncio, e acontece hoje também. Plagiando os gatos fedorentos são "tesourinhos deprimentes do jornalismo". O autor é Pedro Guerreiro, editorialista do Jornal de Negócios, sendo assim com prazer que transcrevemos o seguinte parágrafo, do dito periódico do dia de hoje:

«A "esquerda moderna" com que José Sócrates ganhou as eleições, há dois anos, significa, em termos económicos, que ser socialista não implica deixar de ser liberal. Sócrates é liberal. E esta reforma da Administração Pública é, nesse sentido, liberal: é "esquerda moderna", tal e qual foi eleita

Acho que a frase que por si não valerá dois caracois furados contudo é demonstrativa da baixíssima qualificação literária dos professionais dos média. Sócrates é liberal, faz reformas liberais à moda da esquerda moderna, isto tudo claro sem deixar de ser socialista.

É a tese do bipolar.

O homem de todos os méritos, liberal como se quer na economia, deixando à iniciativa privada e ao mercado a condução económica mas ao mesmo tempo socialista em termos sociais, querendo um estado prestador de bons serviços aos governados.

A reforma na Administração Pública Liberal pois claro, mantem as funções do estado na mesma, joga com truques como o do contrato individual de trabalho, mantém o status quo anterior sem quaisquer alterações, mas é liberal porque uma luminária "graxista" o diz. Em Portugal há muito que vale a regra de que não interessa o que as coisas são mas sim o que se publica, os chavões utilizados ou a verborreia de cavalheiros como este.

Fosse o indivíduo minimamente letrado e saberia que liberalismo e socialismo são no mínimo antagónicos e no máximo dois conceitos diametralmente opostos, até pela sua natureza conflituante. Mas enfim a quem isso interessa? O spin doctor já se pronunciou é liberal pois claro, sem que haja um novo contrato social, uma redefenição clara da actuação do estado, suas funções específicas etc...

É a reforma liberal de manter o mesmo estado, os mesmos funcionarios a fazer as mesmas coisas, tudo claro lavado por uma dose de cosmética. Há portanto que ver isto como é uma "banhada" que alimentada por uma imprensa de ignorantes acríticos que quando retirado o açaime fazem a melhor crítica ao nível do teatro de Revista do defunto Parque Mayer.

Há uns tempos um Coronel do Exercito, que havia servido na recolha de informações, disse-me que a leitura de um jornal não deveria ser em tempo superior a 10 minutos, motivo: a intoxicação informativa deturpa a percepção do interprete, seja na actualidade nacional seja na internacional. O mesmo de forma hábil e rápida deu-me prontamente um exemplo, a do conflito do médio oriente com artigos claramente favoráveis aos interesses palestinianos. A nível nacional em Portugal hoje sucede o mesmo, mas de forma "imbecil" pois a sociedade de espetáculo cede sempre à propaganda. O episódio das urgências é somente uma excepção numa política de imagem cuidadosamente montada, aí a força do número e a rusticidade do protesto valeram sobre o tratamento da imagem...

Ora nada mais correcto, o bombear constante de informação governamental têm esse efeito lavagem cerebral a par de uma política de informação bem gerida pelo executivo que desde o primeiro dia assentou numa premissa, a baixa de expectativas de maneira a que tudo o que venha como projectos, choques tecnológicos ou simplexes pareçam a última coca cola do deserto.

O Governo é péssimo é um facto quase indiscutível. O PRACE redundará num sucesso num ministério qualquer, provavelmente o da Agricultura e um rotundo fracasso em tudo o resto, óbvio que só conheceremos o primeiro. O segundo será objecto de perfídia cada vez que Marques Mendes ou outros falem contra o espírito reformista e liberal do ex-comuna das Finanças ou do ex-comuna das Obras Públicas que pela sua opacidade deveria mudar o nome para Mário Limo.

Se o governo fosse um "cocktail party" seria de terceira categoria, as pessoas estariam meio casual meio formal e tudo seria de mau gosto, a comida, o decor,as pessoas seriam somente ex-comunas ou piores, a populaça mascaria de bocarra aberta os licores seriam bons e permitindo a tudo andar meio grosso e intoxicado para observar o paupérrimo espetáculo.

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A política da energia

Por estes dias os líderes europeus discutem amigavelmente na Cimeira da Primavera qual o caminho a seguir no que toca à política energética da União. Para já demonstram estar em acordo apenas numa coisa: não depender em excesso do gás russo, sob pena de sofrer problemas semelhantes aos da Ucrânia e a Bielorússia.

O problema é definir qual o caminho a seguir. Apostar pelo nuclear ou pelas renováveis? E aqui é fácil perceber os motivos levam cada país a optar por uma ou outra solução.

Independentemente das mais valias técnicas de uma solução ou de outra, a opção de cada país vai ser sempre consolidar a política que já optou por seguir e proteger os lóbies dessa indústria.

Vejamos o caso da França. Este país optou há largas décadas pelo nuclear. Boa parte do mix energético que fornece electricidade à França provém de centrais nucleares. Têm tecnologia, empresas e know how na área. Qual é a posição deles? Em primeiro lugar o nuclear, só depois as renováveis. Nas renováveis não têm propriamente muita competência.

Passemos agora à Alemanha. Os germânicos decidiram ir fechando a pouco e pouco as centrais nucleares do país, desligando-se desta tecnologia. Os sucessivos governos apoiaram com subsídios enormes a energia eólica e a energia solar. Têm tecnologia, empresas e know how na área. Qual é a sua posição? Renováveis, nuclear nem pensar.

Vejamos o caso português. Portugal apostou primeiro no sector hidroeléctrico e mais recentemente nas energias renováveis, especialmente no eólico, onde garante generosas tarifas aos promotores do invesimento durante alguns anos (i.e., retorno garantido, baixo risco para os "sortudos"). Não tem (para já) grande competência na área, mas está bem manietado pelos lóbies da indústria renovável. Qual é a sua posição? Renováveis, nuclear nem pensar.

Portanto, independentemente da mais valia de uma ou outra tecnologia, cada um destes países simula tomar uma decisão fulcral neste momento. Digo simula, pois a decisão - para o melhor e para o pior - foi tomada há muito.

quinta-feira, março 08, 2007

A Arrecua!

O belíssimo governo da nação encontra-se a realizar reformas estruturais de monta e de peso. A finalmente e almejada por muitos reforma da administração pública está em curso. A coisa têm um nome, é o PRACE. Ora o Programa em questão está atrasadíssimo na sua execução, sendo esta coordenada pelo Ministro das Finanças em conjunto com os diversos ministérios de sector.

A coisa corre bem contudo, os "comentadeiros" gabavam o Engenheiro pela determinação demonstrada no momento de implementar reformas e mudar tudo, para que tudo fique na mesma digo eu. Ora sobre o PRACE teve o Teixeira das Finanças a seguinte saida, depois de interpelado em relação ao atraso deste, «o PRACE está atrasado? Já há muitos anos». Está tudo dito, o governo é um fiasco grosseiro, se bem que com embrulho rosado. Ora o PRACE é somente o desígnio máximo deste governo, uma reforma dura sobre a Administração pública, supostamente e tal e coisa como é óbvio.

Somente através do PRACE se poderá dizer com propriedade que se estao a fazer reformas estruturais, atacando o âmago da função pública, redimensionando, cortando, melhorando e gerando eficiência. Este programa seria o sucesso do governo, impopular mas necessário, duro de implementar mas de superior interesse público. Isto tudo, fiando-nos no que dizem os especialistas. Sem cortes na despesa corrente não há nem poderá haver diminuição da despesa nem melhorar serviços, nem por ordem na bandalheira que este pais se tornou. Arrisco com boas hipóteses de sucesso que o flop do PRACE será varrido para debaixo do tapete, trocado por mais umas "medidinhas" do SIMPLEX ou outras vitórias da propaganda socialista. Até lá pois claro continuaremos a dizer que não há oposição, que o Dr. Mendes é uma nulidade e a exigir cada vez menos a Sócrates.

Outro exemplo típico de grandes medidas de tipo montanhas que parem um ratos é a dos despedimentos na função pública. Durante meses a fio os sicofantas que elogiam a constante determinação de Sócrates prometeram cortes, seriedade, reformas audazes, as maiores desde o cavaquismo. O rigor regressava à função pública, despedimentos, avaliações etc... ora isto tudo no papel "jornaleiro", depois de negociações com sindicatos, esse tigre de papel, temido por Sócrates os despedimentos são só para 2008 ou 2010 ou 2011, ou nunca mais, uma vez que em 2011 os responsaveis políticos já não seram os mesmos e certamente haveram outras prioridades politicas.
Portugal terá sido nos últimos anos governado de outra forma? Não, vivemos de solenes promessas para o dia de amanhã, de grandes programas para o dia seguinte, de medidas de consolidação para a próxima década etc.. Já era altura de acabar com a bandalheira mas isso não será para este governo ou outro qualquer a seguir. O pais já há muito entrou em espiral de desgoverno, antes de Sócrates e mesmo de Guterres, prova, um buzinão abala qualquer governo, é o poder da comunicação social e da rua que atemoriza quem têm responsabilidades de fazer o que interessa ao bem comum?

Moral da história, é o método "Arrecua", avança e depois recua mais.

Reformas estruturais...pinhões.

É o sistema, isto já não dá mais...

sábado, março 03, 2007

A academia é igual em toda a península

Pensava eu que a tacanhez dos académicos fosse uma característica muito portuguesa. O país é pequeno e as aventesmas que pululam nas cátedras das nossas universidades apenas querem ser "king of my castle" do seu mundinho fechado.

Era piada corrente na Faculdade de Direito de Lisboa que quando no Conselho Científico se discutia a reforma do plano de curso e se colocava em cima da mesa a eliminação de uma determinada cadeira (perfeitamente inútil, diga-se de passagem) o professor respectivo, ofendido - quiçá mesmo, humilhado - no seu orgulho, retirava-se da sala e recusava-se a regressar enquanto não fosse retirada a infame proposta.

Nas conversas regulares que vou mantendo com amigos no meio, a decepção, cansaço e desmotivação dos mesmos é pedra de toque. As capelinhas e jogos de influência são os mesmos de há ano sem fim. Não admira, pois os actores são exactamente os mesmos.

Bom, aqui em Barcelona a academia também é uma torre de marfim onde estão encerradas algumas luminárias preocupadas exclusivamente com o seu bem-estar. Ainda que na área de Direito haja uma maior abertura à sociedade civil das faculdades públicas que em Lisboa. Mesmo assim, é gente tacanha, pequenina, mesquinha e centrada no seu umbigo.

Há um projecto para criar na Europa uma extensão de um prestigiado instituto de investigação e ensino de uma muito importante universidade americana. Até agora o plano era estabelecer esse instituto aqui em Espanha. Bons programas, bons professores, seria uma honra para a universidade de acolhimento estar associada a este projecto (já para não falar no dinheiro que lhe poderia daí advir). Enfim, uma honra para a instituição de acolhimento.

Mas estranhamente, nenhuma das universidades até agora contactadas está muito aberta a aceitar o projecto? Não me pronunciarei sobre as desculpas esfarradapas. O problema subjacente é que os eminentes professores não poderão controlar este instituto como "pet project". Por outras palavras, por efeito de comparação directa, poderá deixar clara a falta de qualidade da generalidade do ensino pós-graduado dessas faculdades.

Não sendo um brinqued de um professor com influência na casa, não contribuindo para a melhoria da condição de um único professor - ou de um grupo de professores - o resultado é que ninguém quer este projecto.

A melhor comparação que me lembro foram as confusões das universidades portuguesas quando se começou a negociar a instalação do MIT em Portugal. É mais ou menos o mesmo síndrome: se não contribui para o meu avanço pessoal e está sob o meu controlo, não apoio.

Enfim, pequenezes.

sexta-feira, março 02, 2007

Uma nova Direita, uma nova política

As pessoas falam. Falam da OPA. Falam das OPAS. Falam da "blindagem"... falam da "desblindagem". Falam do Norte, falam do Sul. Falam dos reacionários do Porto e dos elitistas de Lisboa. E falam de Portas.

Porque se fala de Portas?

Esta pergunta é aquela que a maioria dos comentadores que ontem falaram sobre a declaração de Paulo Portas tem medo de falar. Normalmente fogem para o lugar comum... "É uma figura mediática" dizem...

Nada mais falso. Paulo Portas é falado porque é apreciado. Também porque é mediático, mas convenhamos que a Lili Caneças também é mediática... Serão iguais?

Portas é apreciado pelas suas qualidades, boas e más. Pela sua cabeça e por nenhuma outra que possa estar por trás ou ao lado. Portas pensa. Por si. E as pessoas percebem isso.

E nos dias que correm dão valor áqueles que pensam pela sua cabeça. Sem dogmas, sem medos e com clareza. Tudo palavras ontem repetidas... palavras que os portugueses querem ouvir... determinação, clareza, coragem, ideias, valores.

Nada mais claro. Transparente.

Mas se as ideias que Paulo Portas vai trazer são claras (ao contrário do dito pelos analistas governamentais), não é menos verdade que a segunda vida de um político é sempre mais difícil que a primeira, especialmente porque o discurso já foi ouvido.

É por isso que, conforme escrevi há já longos meses, Paulo Portas tem de agarrar uma ideia fundamental para esta sua segunda vida política. E essa é a Reforma fundamental da Constituição da Republica Portuguesa. Só com ela é exequivel um novo projecto de centro direita (assim falou Portas) para Portugal.

Um projecto que não pode ter medo de propor solucções revoluccionárias para problemas da reacção. Defender uma mudança essencial na Constituição abrindo, e deixando de limitar os projectos políticos apresentados aos portugueses deve ser a primeira bandeira de uma nova direita. Defender a busca de uma sociedade livre de restrições socialistas, com um Código do Trabalho competitivo, respeito pela classe média trabalhadora e respeitadora das suas obrigações fiscais e sociais, defesa da família enquanto núcleo social. Fomento da cultura portuguesa em Portugal e no Estrangeiro. Defesa de um sistema nacional de saúde pago pelos utentes que podem pagar (tb por todos na percentagem das possibilidades) e usado por todos. E não pelos remediados. Educação baseada no ensino da lingua portuguesa, com qualidade e sem cairmos em autores do regime apenas por serem de esquerda. Limpeza de corporações educacionais, empresariais e sociais. Fomento da poupança. Fomento do respeito pela Segurança Social de quem estudou e trabalha, não daqueles para quem o trabalho é algo a evitar.

Defesa da liberdade económica e funcionamento do mercado. Defesa de um Estado de Direito para todos. Começando nos políticos mas passando por todos. Do dono do café ao empresário de futebol. Todos fazemos parte da sociedade. Desta sociedade.

Será isto possível com esta Constituição? Em meu entendimento, não!

Dir-me-ão: Mas isso não é possível num espaço de tempo considerável? Concordo... mas não totalmente.

Paulo Portas ao posicionar-se no centro direita, ao passar por cima do PSD e de Marques Mendes, deu um sinal claro a Marcelo Rebelo de Sousa e aos restantes barões sem joias do PSD. Se não vierem para o combate político, este Portas irá buscar votos ao centro no combate a José Socrates.

Mas mais importante, irá buscar votos ao centrão descontente com Sócrates e que não reconhecem em Marques Mendes um homem... é um pequenote!!!! tipo SCP (peço desculpa aos amigos sportinguistas).

Se Portas conseguir os ditos 8% ou 10% nas próximas eleições e o PSD 28 ou 30%, alguém se atreve a dizer que se não aparecer uma figura de proa, o PSD irá entrar em declínio. Esta situação deve deixar muito preocupado todos os pseudo-barões do PSD, pois sem líder e sem bancada parlamentar, o PSD arrisca-se a ter um dos piores resultados de sempre nas próximas eleições.

Aliás, chamo a atenção para o facto de Paulo Portas se encontrar na AR, e as eleições para o Grupo Parlamentar do PP serem para a semana... teremos com certeza Paulo Portas numa figura de maior destaque a roubar, em cada debate, votos ao PSD.

Constituição, Reforma do Estado e baixa de impostos. São estas as traves mestras de um novo programa de direita para Portugal, para o qual se pede que Portas apresente solucções.

Já se viu que mais ninguém vai aparecer para contestar Sócrates... assim o meu voto será dele... se o merecer.

P.S. Interessante pensar que passado mais de 30 anos do 25 de Abril, ainda estes esquemas ideológicos estão presentes na nossa vida, pois é a OPA, que deve ser "morta", como afirmou o PCP e o BE. Pois são os 30 mil trabalhadores na rua contra o Código do Trabalho e o desemprego. Para quem pensa que a Constituição está bem assim...

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O Álamo ou o "Cavanço"

Nota prévia, este blog fez ontem 1 anos, 365 dias, 8760 horas, 525.600 minutos ou 31536000 segundos. Vezes sem conta escrevi ao longo do ano passado que os objectivos estavam sendo cumpridos, o espaço é livre e sem quaisquer complexos ideológicos ou outros, que venha mais um ano...

Posto isto cumpre falar do que significa o regresso de portas. Em primeiro lugar devemos afastar o bacoco pensamento correcto que existem vários Portas, o do independente, o amigo de monteiro, o dos primeiros anos de liderança, o do governo e o do Estado da arte, o homem é o mesmo, passando contudo por um período de maturação pois não se pode esperar a maturidade de um jornalista de intervenção com 28 anos seja igual à de um homem amadurecido com mais 12 anos de experiência, inclusive num ministério de Estado como é o da Defesa. Portas têm uma enorme qualidade, num partido cujo nome per si não garante mais de 3 ou 4% dos votos soube escolher causas que galvanizassem, ademais porque os ventos foram de feição, aos anos dourados, que precederam a queda de Guterres iniciaram-se com o "Eu fico" de Lisboa e continuaram alegremente até à saída de Durão Barroso. As causas sucederam-se, bastante meritórias mesmo, os ex-combatentes, os idosos, os agricultores entre outros foram cavalos de batalha que convergiram à eleição para o Governo. Quais as causas de amanhã? Provavelmente duas, o Estado e seu tamanho, a tributação dos cidadãos e as reformas sociais do Eng. Sócrates.
O que se espera de Portas, uma atitude menos complacente e permissiva para com o Governo, assim como o exigir de resultados à maioria absoluta. Na prática pouco se fará até que os ventos se alterem, pelo menos um pouco.


Em todo o caso a liderança de Ribeiro e Castro é fraca desde o primeiro dia, uma vez que confrontado entre Bruxelas e Lisboa, este escolheu sempre aquela, portanto não se poderá culpar a má performance à actuação de espíritos do portismo ou a outro motivo qualquer. A verdade é esta Ribeiro e Castro não conseguiu nunca demarcar-se da sombra de Portas, em boa parte porque os Portistas nunca sairam do Partido. A tarefa sempre foi difícil, mas R Castro não subiu às expectativas criadas. Uma notinha para o Telmo, ele está de volta a gabar o dr. Portas, é pois inegável, há os que só sabem seguir a voz do dono sem uma pinga de pensamento político ou tomates como diz com sabedoria o dr. Jardim.

Dá-se por adquirida uma coisa, que a liderança será facilmente arrebatada a Castro. Será? Ignorando os argumentos legalistas que valem o que valem, especialmente nos partidos políticos há muita gente que ocupa cargos que não é da linha acrítica portista, daí as posições turvas de Nogueira Pinto, e muitas vezes os barões preferem um susserano fraco que não causa engulhos e é suportável a outro que sendo ultra activo e desconfiadíssimo e traz a sua gente, da qual espera obediência cega e do qual se sabe como implacável com dissidentes. Mas também uma coisa se diga do PP, aquilo é e será sempre um one man show....

E agora Castro?

Cavanço ou Álamo?
O "Alamo" implicará sempre o fim de futuro tacho em Bruxelas, o "Cavanço" nem tanto...

Nota histórica: O Cavanço era o fado que os soldados portugueses cantavam nas trincheiras de La Lys, referindo-se a alguns oficiais que indo de licença a Portugal não voltavam...

quinta-feira, março 01, 2007

A loucura continua

Eu já não sei o que ei de dizer.

Todos os dias, o mundo gira, os políticos acordam e, como é claro, inventam mais um imposto/taxa. São vampiros!!!!

Desta vez, segue a taxa pelo lixo. Parece bem. Acho que já pagamos a taxa dos esgotos, a taxa para a recolha do lixo, agora salta mais uma taxa sobre a própria quantidade de lixo. Realmente parece-me que é esta taxa que vai equilibrar as finanças...

E já agora podem também criar uma taxa para os rendimentos acima de 5000 euros. Assim um gajo paga IRS, IVA sobre os rendimentos de categoria B, e depois uma taxa porque, raios os parta, ganharam muito dinheiro. E já agora uma taxa por quem tem uma grande caixa toráxica, uma vez que libertam mais Co2 para a atmosfera, ultrapassando os limites estabelecidos no protocolo de Quioto.

E uma taxa sobre o número de fatos Armani que se usam em debates mensais? E sobre o número de reformas atiradas para o ar (na PSP, na GNR e nas urgências, nas maternidades, nos medicamentos, no aborto)? E sobre os ministros que revelam falta de bom senso e inteligência?

E uma taxa sobre o número de vezes que se carrega no travão do carro? E o número de vezes que se abre a porta de casa... é pouco económico, perdendo o calor existente no espaço fechado. E uma taxa sobre os relvados de clubes de futebol que tem de ser regados vezes sem conta... Já não há água!

Desde já me disponibilizo para ser fiscal do lixo... Na sequência dos emels, temos agora os m.e.r.d.a.s.... Mariconços, Estudiosos de Resíduos Deitados Alternativamente para o Saco. Do lixo claro! "PAGA!"

P.S. Não sei se alguém já viu as reportagens sobre a Universidade Independente. Pergunto: Quem está interessado naquilo... e depois? Fizeram uns negócios sujos sobre umas acçõezecas... e então? Caguei para o Reitor, o Vice-Reitor e o outro marmanjo!