Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

quinta-feira, dezembro 28, 2006

2007 (i)

Galgando-se a passos largos ao terminus do ano é comum e não despiciendo fazer um balanço antes de virar a página e passar a previsões futuristas. Começando pelo sucesso dos marretas, este blog completa 9 meses muito em breve, não apenas é o tempo de gestação de um ser humano, mas também representa o amadurecer de um projecto comum que se quer leviano. Grosso modo os objectivos vão sendo atingidos com coerência, talvez não tanto de opiniões mas antes de princípios, os marretas são uma zona franca de pensamento.

Para mim já basta, um sítio aonde os diversos intervenientes escrevem o que bem lhes apetece e o lê quem achar que valerá a pena perder o tempo com essas coisas ou simplesmente por piedosa caridade cristã para com um ou demais dos intervenientes. Neste ponto então objectivo cumprido. Da minha parte os venerandos leitores poderam esperar o mesmo que em 2006, sem prejuízo de me encontrar em reflexão, por forma a tornar o meu estilo mais agradavel, soft, sintético, compreensivel e ligeiro é este o meu compromisso para 2007.

Passando o ano a breves pinceladas, na actualidade nacional o Engº Sócrates gozou de um estado de graça que será somente contrastante com o estado do país. Coisa pouca na cabeça de muitos sicofantas e oportunistas que gravitam em torno de do PM "Sol".

Em 2006 o esforço para a consolidação foi à custa de sacrifícios do contribuinte, não de reformas estruturais, o monstro continua vivo, nem sequer é mais simpático, pois as suas presas estão crescentemente mais aguçadas e sagazes. Reduções na função pública, só à custa de famélicos cortes de circunstância, congelamentos de salários e carreiras, ilustrando que com o mesmo Estado somente se consegue gastar menos através de medidas de congelamento e não de reforma como muitos apregoam aos sete ventos.

Aproveitando mais um cliché do Prof Marcelo, para mim a figura do ano é... You, não nos termos da revista time, mas sim You, taxpayer, contribuinte ou seja o Zé que anda a pagar esta utopia social do qual o Bloco Central é tremendamente responsável.

Continuando, 2006 foi o ano em que algumas SCUT's passaram a ser pagas, fazendo jus ao seu nome, Sem custos para os Utilizadores, ora em vez de aproveitar o exemplo e cair na real, ou seja ver que o pais têm os recursos bastante finitos, o Governo da Nação lançou um ambicioso programa de Obras Públicas, do qual a OTA e o TGV são bastiões. Através de PPP's conseguir-se-à este mundo e o outro, como se tal fosse a panaceia mágica do que quer que fosse. Um dia descobre-se que as previsões falharam, as coisas são mais caras e mais uma vez o Estado português ficará depenado para pagar a A,B, C e D. Como? Perguntem ao contribuinte.

Mais eventos, duas OPA's que põe a nú as fragilidades da legística, burocracia, capelinhas e feudozinhos nacionais, ou seja as turras entre Autoridades e todo o tempo que a coisa leva, com a habitual cantilena de falta de isto e daquilo... Em 2007 ainda correram muitos rios de tinta acerca das OPA's e em 2008 também.

Na justiça, esse cavalo morto, Maria José Morgado ira dirigir um task force no caso apito dourado, que trata de arbitragens, da camara de gondomar, do gondomar, da flatulencia do pinto da costa, deste mundo e do outro, no final «burros na água» afianço. Num pais tremendamente falso e hipócrita a lentidão da justiça apenas serve para espiçar e aguçar as diletantes mentes em suspeições, boatos e rumores que restaram sempre por confirmar num kafkiano sistema processual de recursos e contra recursos. Enfim nada de novo.

2006 também o ano em que conhecemos que o único projecto educcativo dos professores deste pais é reivindicar pelas suas carreiras e estatutos profissionais, o resto é so para entreter entre recibos de vencimento. A solução miraculosa do governo está à mão, trespassar boa parte do sistema de ensino às autarquias, e correspetivo pessoal educativo, aligeirando assim a folha de vencimentos em mais de 160.000 leais servidores públicos. A par igualmente terminaram os exames nacionais, única prova que avaliava todos os alunos nacionais num pé de igualdade e verdadeira justiça, podendo assim através de avaliações contínuas ou outros expediente escamotear a crescente falta de qualidade educativa.

2006 foi o ano também em que os lusos continuam fieis a si mesmo, a atirar papeis para o chão, a consumir desenfreadamente, a comprar com meia duzia de tostões este mundo e outro, a praticar e exigir maus serviços, a contentarem-se com um estupidificante estado de coisas, desde a educação à saude, à cultura, ao modo de vida, a degladiarem-se nas estradas quais Ben Hur's and so on.

Bem até aqui nada de novo... Amanhã rematamos o balanço internacional e lançamos as previsões. Apenas adianto que 2006 não me deixará saudadades algumas, em todos os aspectos. Em suma 2006 foi um não ano!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Sadek Noshi Yassa

Conhece o bom leitor Sadek Noshi Yassa?

Eu também não.

Poucos o devem conhecer e a muitos não interessa falar. Sadek Noshi Yassa é um engenheiro alemão que foi preso no princípio do mes em marrocos por distribuir na rua livros que falavam da vida dos missionários em África ou no jargão jurídico marroquino, incitavam à «conversão ao cristianismo», a par de ter encetado com jovens transeundes uma conversa acerca de religião. Em Marrocos é crime a divulgação de outras religiões fora dos locais de culto.

O exemplo de Sadek Yassa é somente uma amostra, dos diversos exemplos sempre separaram dois mundos culturais e sociais e que ilustram somente que desconhecem muitos muçulmanos o conceito de «reciprocidade» e tolerância religiosa. Raros são os casos em que se ouvem líderes religiosos islâmicos a bradar pela tolerância ou pela reciprocidade, excepto em sociedades ocidentais e democráticas que respaldam qualquer religião ou indivíduo de um acervo de direitos fundamentais negados a Sadek Noshi Yassa.

Os excluidos, marginalizados, ostracizados, oprimidos, desfavorecidos ou perseguidos só existem nas comunidades islâmicas, de Londres a Paris, de Madrid a Berlim, precisamente as que gozam de maiores liberdades em todo o Mundo.

Há coisas fantásticas não há?

Enfim fica a palavra, «reciprocidade».

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Marreta em Lisboa

Aqui o marreta-emigra irá passar um par de semanas à capital do Império, retornando ao activo apenas em 2007.

Até lá boas festas e muita marretada.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Zandingadas para 2007

Pedindo desculpas pelo longo silêncio e aceitando o repto do estimado coblogger DML, venho colocar as minhas previsões zandingueiras para 2007. Zandingadas, para os amigos.

Para tal, e ao bom estilo Zandinga, efectuei aturados estudos de cartas astrológicas, lançei búzios e decapitei umas quantas galinhas negras viradas para Oriente. Nunca falham.

1 - Benfica campeão

Não há dúvidas. O SLB vai ser campeão. O FCP e o SCP terão um ano desastroso em 2007 e o SLB com o seu reforço de Inverno Jardel (por troca com Mantorras e Kikin) será um rolo compressor na segunda volta do campeonato.

2 - Benfica com 300 mil sócios

Esta já é mais complicada. Mas a ajuda das entranhas de um esquilo permitiram-me chegar a esta conclusão. Após a vitória no campeonato, LFV vai obrigar a toda a gente que se queira juntar aos festejos a preencher uma proposta de sócio. Isso e mais uns pneus como oferta vão permitir ao SLB atingir a meta dos 300 mil sócios.

3 - Baixa de impostos

O governo vai baixar os imposto. Espera...não, não...afinal é só para 2010. Penitencio-me pelo falso alarme. É que esta previsão aparece todos os anos e nunca se concretiza. Já a deveria ter tirado da lista.

4 - O embaraço

O príncipe Felipe e a sua legítima Letizia vão ser pais em 2007, o que não é novidade. A bomba é que dois meses depois de parir Letizia vai emprenhar novamente. Trata-se de mais uma infanta. O raio do príncipe não consegue gerar um varão. Estivéssemos na Idade Média e era a cabeça da Letízia a rolar.

5 - O governo vai cair

Muito simples. O governo não chega a 2008.

6 - O gobierno vai cair

Muito simples. O gobierno não chega a 2008.

7 - O govern vai cair

Muito simples. O govern não chega a 2008.

8 - Borat visita Portugal

Depois de passar pelo Reino Unido e pelos EUA, Borat visita Portugal buscando modelos para levar para o seu país. Entrevistará Cavaco Silva enquanto degustam uma fatia de bolo rei e descubrirá nas SCUT um modelo de desenvolvimento magnífico para o terceiro mundo.

9 - Tony Blair não acabará o ano em Downing Street

É verdade, Tony Blair cederá o posto de prime minister a Gordon Brown ou outro qualquer quadro superior do Labour, mas não sem antes fazer lordes a sua mulher, os seus filhos e o seu cão.

10 - Bush ratifica Kyoto

Bush descobre uma folha com umas palavras estranhas enterrada num molho de papéis em cima da sua secretária e decide assinar sem ler. Acaba de ratificar Kyoto. Na sala Oval ouve-se um "Duh!" com sotaque semelhante ao de Homer Simpson. Enquanto isso, Cheney em mais um acidente de caça dá um tiro em Rumsfeld.

11 - Agricultores satisfeitos

2007 vai ser um ano fantástico para a agricultura. De tal maneira bom que os agricultores não se queixarão do sol, da chuva, das colheitas, das estações, das marés ou da posição da lua.

12 - Produtividade

Portugueses e espanhóis vão trabalhar que nem doidos em 2007. Não há siesta nem saídas às 5 da tarde para ninguém. Crescimento do PIB de ambos os países chega aos níveis de China e India.

13 - Cristo desce à Terra (de novo)

Por outras palavras, Marcelo Rebelo de Sousa regressa à liderança do PSD.

14 - A assombração

PSL andará por aí a assombrar castelos durante a noite. Para sua grande tristeza, não será na Casa do Castelo nem no Palácio de São Bento.

15 - Aznar descobre a profissão de barbeiro

O ex-PM espanhol descobre a existência de objectos para cortar o cabelo e respectiva profissão. Finalmente larga a melena à lá PSL.

16 - Neve nos Pirinéus

Depois de este ano ter nevado em Lisboa, em 2007 surgirá outro fenómeno metereológico raro: neve nos Pirinéus. Podem citar.

17 - Chuva no Alentejo

Continuando com os fenómenos raros (cf. previsões 13, 16 e 17) parece que em 2007 vai chover no Alentejo. Digo, parece pois podem ser apenas aspersores de água do regadio do Guadiana a funcionar. O sacrifício de um koala não foi suficiente para dissiapar as minhas dúvidas.

18 - Pinto da Costa casa com Carolina Salgado

Depois da cena de pancadaria e do livro reata-se, na noite, o calor da paixão destes dois pombinhos. Asseguram que tudo não passou de um simples arrufo e Carolina declara que o seu manuscrito não passou de uma brincadeira para picar o Jorge Nuno. Boda com exclusivo "Caras".

19 - Elvis é avistado

Toda a gente sabe que Elvis é avistado com regularidade em Las Vegas, gastando uns trocos nas slots e nas mesas de Poker. Este ano vai ser visto em Macau dando um abraço a Stanley Ho. Exclusivo "Ana +atrevida".

20 - Paz na Palestina

É apenas uma paz parcial, entre palestinianos. Depois de se matarem uns aos outros (enquanto Israel olha do outro lado da cerca com um ar entretido) Fatah e Hamas assinam a paz. Seguem os problemas com os israelitas.

Assim deixo as minhas 20 previsões para 2007, pedindo desde já perdão ao Greenpeace e às associações de defesa dos animais por ter sacrificado alguns bípedes e quadrúpedes inocentes para que fosse possível efectuar este trabalho.

Passeata em Nottingham

A semana passada motivos profissionais (se se pode chamar a um mestrado motivo profissional...) levaram-me a Nottingham.

Só tenho uma coisa a dizer: FRIO, MUITO FRIO!

Ah e o Castelo de Nottingham é um flop. 1-0 para o Castelo dos Muourus em Sintra.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

É isto ?

Sem tempo para escrever queria só deixar um desababo:

Será que a Sra. Câncio sabe escrever sobre mais algum tema que não o Aborto?

É que se continuamos ab eternum neste tema, mas valia chamar a coluna "O aborto".

Podem ler as patacoadas aqui.

P.S. entre esta primeira dama e a verdadeira primeira dama que diz que é de centro-esquerda, mais valia fazer-se um raminho e atirá-las ao mar...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Borga em Santiago

Ontem, rara vez tive tempo para televisionar as notícias da RTP 1, no qual era realizada pelo sempre imparcial e politicamente desalinhado Cesário Borga, ex- tudo o que já existiu à esquerda do PCP e que nos brinda com as costumeiras peças de Madrid, sempre em crítica a uns e laudatório para outros.

Ora Cesário, a pessoa mais indicada encontra-se no Chile a cobrir as exéquias militares de Pinochet. A coisa até ia bem com manifestações dos dois lados, umas palavrinhas de Augusto Pinochet III, neto do falecido, trajando um impecável dolman cinza de inspiração prussiana, contudo o infatigável Borga quis realizar uma pequena sessão de vox populi, entrevistando alguns cidadãos na rua. Ora certamente o primeiro, vestido com uma esconça t-shirt, chapeu meio à cowboy na tola lá prestou a Cesário o relambório costumeiro e vezeiro de Pinochet, do mau que era etc... mas vá lá estava no seu direito pois certamente pela idade teria vivido alguns anos conscientes sob o jugo do temível ditador. Melhor ainda e num momento de alto jornalismo ainda criticou o neto do General com vêemencia e não sem alguma razão.

Linha!

Cesário seguiu para Bingo!

Sorte d'um camandro, o segundo elemento entrevistado falava português sério (não do Brasil), ora Borga inicia com pergunta habitual, o qual o indivíduo cujo nome não recordo respondeu com alguma profundade, retorquindo que à altura as coisas eram bastante diferentes e que o falecido tinha abandonado livremente o poder depois de um referendo. Sobre divisões entre chilenos referiu que quem tinha passado pelos anos Pinochet não se manifestava e via a coisa com boa dose de indiferença, retorquindo a Cesário acerca de manifestações de gaúdio com o óbito que quem protestava estava claramente identificado, com cores e que a maior parte não era viva, ou não têm memória dos tempos de Augusto.

Na muche, cai o pano e toca o orgão, a peça editada cortou a frase a meio e passou para a súmula final... Obrigado Cesário...

Por curiosidade, e por fluxo recente de notícias, porque se referem os jornalistas lusos de forma useira e vezeira a Pinochet como o " ditador chileno", mesmo depois de 16 anos de mudança e democracia, e a Fidel como o "lider cubano", muito embora governo com pulso de ferro os destinos do povo cubano há 48 anos, sem eleições, liberdade de expressão ou outros confortos imperialistas, curiosamente o tempo que durou o Estado Novo por cá ???

Dos pesos dos medidas! As usual!

Rir para não chorar

Antes de lançar o repto aos excelsos co-bloggers para fazer a sua previsão Zandingueira para 2007, devemo-nos deter na mais recente afirmação do nosso ministro das finanças. Em 2010 garante, a carga fiscal irá baixar. Ou seja daqui a aproximadamente 3 a 4 anos poderemos esperar algum desagravamento fiscal.

Pessoalmente desconfio, não imagino as complexidades do planeamento económico e de indicadores como alguns ontem publicados relativamente a taxa de desemprego, crescimento económico, evolução do PIB, etc... São em boa verdade um saco de tretas, só para o ano corrente, Governo, INE, OCDE e o sempre risível Banco de Portugal alteraram por diversas vezes as previsões. Que me lembre conto 3 pelo menos, helas poderá dizer o bom leitor que a dúvida se o pais cresce 1.4 ou 1.5 % não é relevante, pois não, contudo os indicadores, ou boa parte estão à mão.

Sem prejuízo dos variados desvios do nosso ministro o mesmo garante que em 2010 a carga fiscal irá baixar. O nº2 ou nº3 do governo assim o disse, mas estará em 2010 em posição de honrar o prometido? Eu, sem prejuízo de não ter puto de ideia para 2010 posso garantir que o ministro das finanças será outro, o governo certamente e o primeiro ministro também (espero), portanto com toda a certeza em 2010 só haverá Estado Português, que como vimos por diversas vezes é algo avesso ao cumprimento de promessas, por culpa de sucessivos governos pois claro... Quem não se lembra das promessas de Durão Barroso do choque fiscal (bem que me enganaram com essa), da afamada estratégia de Lisboa de Guterres, enfim do país de fábulas em que hoje deveriamos viver. Eu por cá não tenho dúvidas também que o Engº Socrates não irá cumprir com a promessa de 150.000 empregos (nem metade), entre outras.

Registamos contudo o desabafo do Sr. Ministro que nos promete baixa de impostos já em 2010, até lá e como sentiram inúmeros cidadãos continuaram os pagamentos adicionais, as actualizações, aumentos constantes dos impostos especiais (alcool, tabaco), sobre os produtos petrolíferos, etc...

Ou seja a conversa é a nauseabunda de sempre, a que protela o bem bom para um dia que nunca virá, enquanto nos apertam os calos... Com o devido respeito Sr. Ministro vá contar essa a outro, já ouvi muitas, assim sendo para orçamentos previsões e afins só nos podemos rir, para não chorar...

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Umas linhas sobre Pinochet...

Faleceu aos 91 anos Augusto Pinochet. Chefe de Estado do Chile entre 1973 e 1990. Uma ronda de imprensa, jornais e TV nacional revela somente a ignorância e primarismo da comunicação social nativa. Detenhamo-nos no Público, por ser o menos mau dos jornais, o título "Chilenos festejam e alguns choram a morte do ditador". O título é inerentemente estúpido, porque, atente-se alguns choram, os chilenos festejam. Está tudo dito, é falacioso e idiótico, para além de tendencioso. Pois alguns choram, alguns que? Chilenos pois claro, mas então não são estes que festejam? Está demonstrada a incontornável iditotice do título. Em vez de exprimir divisão entre os chilenos neste momento, quis o bom redator exprimir que são alguns, apátridas porventura, que choram, sendo que os chilenos festejam... Haja cabimento para a estupidez....

Sem embargo o gaudio mediático atingue o seu zénite no momento televisivo, as imagens de solitários chilenos, pesarosos, contrastando com as vibrantes massas vermelhas jovens que celebram a morte do ditador...

Enfim o que esperar de uma comunicação social tendenciosa e capsciosa que faz política activamente dos píncaros da nobreza jornalística? Perde-se portanto a capacidade de deixar aos leitores a possibilidade de tirar conclusões ou de si próprios fazerem um julgamento objectivo sobre isto ou aquilo, se os factos estão inquinados e são tendenciosos, também a conclusão o será. Ainda hoje desconheço se na maior parte dos assuntos políticos a comunicação social têm medo ou por falta de capacidades é incapaz de análises sérias...

Continuando, as massas que celebram no Chile são vermelhas, celebrando a morte de um idoso de 91 anos demonstram apenas a sua idiotice e cretinice, primeiro pois a maioria não passou pela idade adulta nos tempos de Pinochet e segundo pois os festejos nada têm de coerentes para os direitos humanos ou para a prossecução da descoberta no Chile, são apenas tristes vermelhos que provavelmente demonstraram a sua incoerência ao demonstrarem pesar aquando da morte de Castro que padece de cancro terminal. Guardaremos a crónica para esse dia.

Não é objectivo falar dos tempos de Pinochet, nem das virtudes ou defeitos do mesmo, contudo julgo ser importante remeter para os princípios do estado de direito. O Chile desde 1990 e crescentemente nos últimos anos orgulha-se de ser uma democracia e um estado de direito que nunca conseguiu julgar criminalmente Pinochet pelo rol de factos que lhe são imputados... O caso de Baltazar Garçon que culminou na sua detenção no Reino Unido pariu um rato, sucessivas comissões, inquéritos e outras indagações nunca conseguiram demonstrar em tribunal o que quer que seja, e portanto para os efeitos da lei Pinochet morre livre e inocente.

Mais ainda, Pinochet viveu desde 1990 a 2006 como cidadão de pleno direito de uma democracia. Assim sendo condenação unânime vêm de juízos de valor, de convições públicas e de suspeições generalizadas... Assim se vê a coerência dos mass media, dos spin doctors e de muitos que condenando generalizadamente são quando lhes convem os primeiros defensores do estado de direito ou outras causas de pacotilha que são aclamadas ou convenientemente ignoraradas conforme as circunstâncias.

A vida no Chile de Pinochet não deve ter sido um "passeio no parque" e resultam de acordo com recentes comissões desaparecidos 3148 pessoas. Sem prejuízo de tudo isso e, realizado um estudo do conceito de ditador Pinochet foi coerente à sua maneira e à génese da Ditadura. Conhece o bom leitor a origem e formação deste conceito? Estudo recentemente realizado pelo autor, revela que este instituto deriva da República Romana e que visava concentrar temporariamente todo o poder num homem, suspendendo as magistraturas para fazer face a uma situação de gravidade pública que justifica-se esta Comissão. O magistério do ditador era duplamente temporário pela situação objectiva que visava resolver por um lado e limitado temporariamente a certos anos. Obvio que poucos entenderam estas subtilezas, contudo Pinochet foi coerente, o chile de '73 entrara numa espiral de demencia, da qual Alhende foi o principal responsável, amalgamando toda a esquerda no poder e conduzindo um circuito de nacionalizações que haviam deixado a economia e a sociedade à beira da ruína. A intervenção militar que depôs Alhende e lançou a ditadura militar,bem ou mal deixou o Chile melhor em '90 que em '73, e obteve rasgados elogios de economistas como Milton Friedman. Balanços ficam para os historiadors contudo Pinochet deixou o poder livremente, foi um ditador na acepção romana da palavra e também por isto deveria ser lembrado.

O mesmo não se poderá de dizer outros, quiçá mais misteriosos e "divertidos" que colhem aclamação aonde passam na coerente Europa... A ver as coerências e festejos nessa altura, este jogo têm duas mãos...

Enfim Guantanamerda!

A mulher dos sete ofícios

A crónica de hoje vêm em dois tomos, o primeiro trata do livro que fez furor este fim de semana, falamos claro da prosa de Carolina Salgado. Provavelmente o Dr. Sampaio agradece, não obstante o livro de Santana estar bem colocado nas vendas. Ora em longa prosa Carolina fala dos tempos de alterne, quando trabalhava no calor da noite e com maior detalhe dos tempos em que foi aclamada enquanto "companheira de Pinto da Costa".

Com jovial alegria Carolina conta-nos dos tempos em que era uma feliz alternadeira que repetidamente rechassou as investidas de Jorge Nuno, os primeiros tempos do romance, a vida a dois, com doentios pormenores referentes à higiene deste, seus problemas de flatulência gástrica, etc... A prosa de Salgado é contudo amarga, tal qual mulher objecto, ora elevada aos píncaros, ora deprezada pelo astro mediático. Óbvio que em prosa amarga e carpideira as mulheres excedem-se, os homens tocam no ridículo as mulheres empregam as realidades quotidianas para provar a sua utilidade, ora somente assim se compreende o que foi escrito.

Mulher de diversos ofícios, Carolina não se limita somente à higiene, ao ombro amigo, aos pés e aos puns (o bom leitor que perdoe mas a sonoridade era imbativel), enfim o relambório já é conhecido, ela tão boa, santa e casta, ele o abusador que desprezando as virtudes da boa fêmea do lar a ignorou e lançou à rua com a costumeira ingratidão. Se os indígenas deliram com a faceta doméstica da alternadeira, esta dá largas à sua imaginação, que de santa doméstica e mulher virtuosa, também realizou trabalhinhos sujos, para além da limpeza de unhas e afins, intermediária em sovas pretensamente encomendadas, serviçal em encontros com árbitros, enfim uma mulher para todos os serviços, alegando tudo e nada numa tentativa de obter atenção e rendimentos através do mencionado livro... Coisa triste...

Detendo-nos na mulher "padrinho" Carolina demonstra uma faceta incompreendida, a de génio do crime e fiel número dois, a fiel mão do mestre, que provavelmente sem demais provas concretas, para além do seu testemunho. Provavelmente a castanha rebentará na sua boca quando passar a onda mediática. A ilustre procuradora do DCIAP já anunciou que linha a linha será investigado o livro, tendo porventura a esta ora sido destacado um task force para tão almejada investigação, provavelmente em detrimento de usar recursos escassos na investigação da corrupção em autarquias em afins teremos os iustres magistrados a ler o livro da Carolina e inquirir a gata "Tucha", a testemunha estrela a par de Carolina.

No demencial ror de vacuidades, falta somenta a Carolina Manager, que escolheu José Mourinho e conduziu os destinos do FCP, entre o corta unhas e a vitória na Champeons League... Uma mulher de sete ofícios...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Andam há muito a brincar aos soldadinhos de chumbo!

A crónica de hoje quer-se curta mas teme-se longa, sem prejuízo recentes movimentos de protesto junto das forças armadas do país levam-nos periodicamente a discutir o papel da instituição na sociedade portuguesa, a par das reivindicações sindicais da mesma.

O consulado Guterres, pródigo no disparate e asneira gratuita, tanta que acabou atolado no próprio pântano criado, prestou-se a diversos episódios com a soldadesca, desde os populares urânios empobrecidos a outros menos afamados mas igualmente destrutivos ao moral das FA's. Junte-se a isto um Presidente da República, bem ao estilo da III República, completamente inepto no que toca a assuntos militares e a nau navega ao bom porto do disparate.

Nos anos Guterres, foram feitas concessões absurdas que resultaram na criação de associações de classe (corporativas) para a reivindicação profissional por parte dos militares, a betîsse da asneira será equiparável somente à incompetência desse executivo grosso modo. Tais associações, tal como nas forças de segurança, gozaram sempre de vêemente oposição das hierarquias militares, por motivos que facilmente se entendem, ou seja para além de se estar a criar uma segunda cadeia de comando dentro de uma sociedade assente na autoridade e em valores diferentes, estava-se a minar o poder das hierarquias, das quais os oficiais generais representam o pináculo e os respectivos chefes de estado maior e chefe dos três ramos são a face visível.

A criação das disparatadas instituições mina a posição das hierarquias uma vez que estas trabalhando por dentro, dão feedback aos diversos interlocutores. Interlocutores estes que, num momento de rara lucidez na vigente constituição são prioritariamente dois, o ministro da Defesa e o Presidente da República. A importância da casta castrense é assim reconhecida, gozando, através da cadeia de comando de canais directos aos diversos actores políticos, em qualquer dos casos é minimizada a ruptura total entre militares e o poder político, seja pelo PR ser o Comandante Supremo, logo parte da hierarquia, seja por se poderem fazer queixas a este que goza de uma panóplia de instrumentos para politicamente pressionar o Governo ou encontrar soluções harmoniosas entre ambos caso o conflito se agudize.

Ora num delírio socialista e digno dos tempos do PREC, foram criadas as chamadas associações profissionais que instilam temor no governo e pior, criam a segunda cadeia de comando. Ora, mas tal sucede na função pública e até com outras funções de soberania, tais como a administração de justiça.

É verdade, sem embargo o erro reside neste ponto, o comparar militares a amanuenses e professores. Em primeiro lugar por ser desprestigiante, e em segundo lugar por não serem os militares funcionários públicos mas sim "servidores do estado". Esta expressão é ressuscitada da defunta II República, contudo é verdadeira. O servidor do estado leva os seus deveres para além de um mero vínculo laboral, é todo um modo de vida e em certos casos de morte. O papel específico dos militares, a sua missão e estatuto justifica um tratamento diverso, desde tempos imemoriais assim foi, especialmente desde que o serviço militar deixou de ser obrigatório.

Por serem um caso específico os militares devem ser tratados com maior respeito que os restantes, por terem os seus direitos civicos reduzidos deveria o Estado cercear de cuidados a condição e o seu estatuto. O contexto dos últimos anos, desde 1995 mais agudamente demonstrou a ineptidão de sucessivos governos em lidar com os militares, os anos Portas, porventura foram a honrosa excepção, contudo estas situações ocorrem porque os militares perdem sucessivamente privilégios de função, a par de vencimentos crescentemente mínguos em comparação com outras profissões que nos consulados Guterres e já antes, ao abrigo do seu estatuto próprio de funções foram à rua protestar com sucesso para melhorias de vencimentos e demais benifícios. Os militares pelo contrário mantiveram-se, salvo conversas em certos circulos, confinados ao quartel, não protestando por dá cá aquela palha, ou proferindo até à data, ameaças surdas e idióticas como professores e demais lapas públicas que muito protestam e pouco fazem em prol da causa pública.

Sem dúvida que existe uma componente salarial ou sindical nos protestos dos militares e sem dúvida que esta é indissociável de qualquer profissão, contudo por protestarem serem diferentes devem os militares distanciarem-se da restante turba ululante de servidores públicos que sem honra nem brio dizem prestar um serviço ao país.

O movimento dos últimos anos têm colocado os militares como perdedores dentro do bolo do Estado, crescentes desinvestimentos, especialmente nas décadas de '80 e '90, perda de condições salariais e outras circunstâncias, influem negativamente na disciplina militar. A par da falta de sentido de estado de sucessivos governos nesta matéria que assumindo compromissos não os concretizam estão a empurrar os militares para fora dos quarteis para uma jiga joga que se teme negativa, talvez um dia encontre um primeiro ministro os militares na rua fardados e armados sem que hajam pretorianos para defender o regime.

Há muito que em Portugal se anda a brincar aos soldadinhos de chumbo todavia momento para acordar para um pensamento de defesa. Em todo o caso como todos sabem, a criação de uma segunda cadeia de comando, associações profissionais, que beneficiando da fraqueza de um Governo, somente destroiem por dentro a disciplina e papel das chefias militares pois se em movimentos desta índole se conseguem alguns dos almejados resultados então é preferível substituir estas por plenários, assembleias de membros, greves e outras formas de protesto que em todo o caso e no calor dos momentos poderam descambar em consequências mais gravosas.

À hierarquia e em sede própria cabe mostrar a espada e usar dos galões para que inquilinos sucessivos de ministérios e governos entendam que a perenidade das funções de estado e a disciplina se ganham com respeito. Basta de brincadeiras com coisas sérias, basta de dar com uma mão e tirar com a outra, basta de descredibilizar constantemente o estado português como se fosse feudo de um partido A ou B, um dia quem serve por gosto também se cansa.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Merengues, culés e periquitos

Trago hoje a este fórum as estórias ou mitos sobre as origens das alcunhas de três clubes espanhóis: Real Madrid, Barça e Espanyol.

Começando pelo castelhano Madrid, a sua alcunha é a menos inspirada e a que tem a história mais fraca. Chamam-lhes merengues por equiparem de branco. Bem que lhes podiam ter colocado uma alcunha mais divertida.

Quanto ao Barcelona, o epíteto de culés é bem aplicado e de origem relativamente segura. No primeiro campo do Barcelona, a bancada terminava num muro com cerca de 2 metros e logo a seguir ao dito estava a rua (qualquer coisa no estilo do campo do Estoril ou do Estrela da Amadora). Como o campo era pequeno e a afición muita, havia gente que se sentava no topo da bancada com o seu real, digo republicano, culo virado para fora. Daí o culés.

Para explicar o cognome de periquitos dado ao Espanyol há duas versões, uma mais lógica, a outra mais sarcástica. A primeira passa pela cor do seu equipamento ser semelhante ao de um periquito azul e branco e por não fazerem mal a ninguém. A outra versão é contada entre risadas maldosas dos culés. Alegadamente aquando da criação do Espanyol havia um cartoon de sucesso aqui na zona com um gato chamado Perico. Como ao estádio do Espanyol só iam quatro gatos pingados, nada como os alcunhar de periquitos.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Polónio aerotransportado

Tenho seguido as notícias das investigações à morte de Litivinenko com alguma curiosidade. Por um lado, fico cada vez mais com a impressão que o longo braço de Putin tem tiques típicos do defunto estado soviético. A manipulação dos meios de comunicação, a pressão e/ou encarceramento de opositores e agora as estranhas mortes de personas non gratas.

Só falta começarem a apagar essas pessoas das fotos oficiais ao melhor estilo de Estaline.

Mas também tenho seguido as notícias, especialmente a história das viagens do polónio 210, por outro motivo.

Tem nos sido vendida a história da guerra contra o terrorismo como justificação para um apertar de liberdades, de complicação do dia-a-dia e da crescente segurança nos aeroportos. Quem tentar levar uma garrafa de água num avião da British Airways sabe bem do que falo.

Mas, pelos vistos, se não podemos levar explosivas garrafas de água pelo menos ficamos tranquilizados que as substâncias radioactivas como o polónio 210 podem viajar livremente. Não será considerado um risco para a segurança.

Pergunto eu: não haverá uns míseros contadores Geiger nos aeroportos? Ou o dinheiro da segurança foi apenas para elefantes brancos?

Tanta conversa com a segurança e estiveram 30 mil pessoas em risco por contacto com o polónio nos voos da British Airways.