O medo!
Lamentavelmente hoje não irei escrever coisas positivas e muito menos laudatórias aos méritos da psique nacional, contudo o prrograma grandes portugueses está a por muita gente atemorizada com as figuras que vão na frente. Há tempos escrevi aqui que o Programa em apreço era mais um concurso de popularidade que outra coisa qualquer, alias só assim é explicável o figurino e tudo mais, e só assim se compreendem algumas das escolhas dos 100 mais ilustres.
Há contudo algo escondido, ou seja que sendo um concurso de popularidade importa vencer, em Portugal mais do que tudo o resto e por o meio ser pequeno, a popularidade é sinónimo de notoriedade. Ter um boneco no contra informação é sinal de status e mais ainda estar nas bocas do mundo também. Assim se explica a forma como certas personagens são tratadas pela opinião "comentadeira", o dr. Santana Lopes e Marques Mendes são tremendamente impopulares e está assente na convicção geral que o são, ao invés Sócrates é popular pois assim o querem fazer.
De fora o que fica na popularidade nacional? A substância, o conteudo e todo o recheio. Pouco importa que Sócrates seja um impostor pelo Programa que vendeu e o que têm feito, e pouco importa que o Mendes tenha capacidades pois não têm as costas quentes na imprensa que faz e desfaz mitos. Já com Guterres e o Durão a história tinha sido a mesma. Importando a popularidade sobre o recheio, explica os medos que antes da sua cadente (como as estrelas) passagem por S. Bento, Santana mete-se medo a muitíssima gente, era pois popular, ganhou Lisboa, tinha um ar moderno e de acção. O mesmo sucedia com Portas, obvio que a esquerda têm palavras privadas no jargão político nacional e os populares de direita são sempre populistas e demagógicos. Claro que quando o Louçã diz que é preciso ter gerado uma vida para saber o que é ou fala das trapaças dos capitalistas ou do dr. Jardim, é tudo menos populista e demagógico, mas sim um hino à esquerda europeia bem pensante. Os bácoros jornalistas escrivinham e publicam as palavras do profeta vermelho que de profeta nada têm, e cuja veia autoritária cada vez mais salta à vista...
Ora pois o maior temor de qualquer figura pública em Portugal, não ser criticado pelo que diz, faz ou pensa mas o oposto, não ser falado, tido em consideração, ou aparecer nas capas dos jornais e nas TV's. Claro que há alguns que de quando em vez importa ir buscar ao baú dos mortos vivos, no caso do PS são eles Santana e Durão, alias não é de estranhar que cada vez que o Governo ou Sócrates começam a enfrentar contestação com efeitos para a imagem pública, lá volta o dr. Santana à ribalta com mais um "flop" ou "trapalhada".
E assim, os assuntos do Estado redundam agora num concurso de popularidade, aí o temor de Salazar, alias para a esquerda, do PS ao BE seria um alívio se o vencedor do ignóbil programa fosse Cunhal, um alívio pois a imagem de Salazar está já sedimentada nas cabecinhas portuguesas, a de que era mau, ninguém gostava dele e que governava contra a vontade do povo. Seja por espontaneidade, seja por engodo combinado a verdade é que Oliveira Salazar segue na frente e que a vitória por si significa somente o fim da mitómana criação comunista da diabolização da história do Estado Novo, ou seja significa per si e tão só o fim do monopólio cultural da história.
Recomenda-se contudo não exagerar os atributos de tal vitória, o povo que votou não vota por súbito flashback histórico ou súbita memória histórica, pelo contrário, vota no mito de que antigamente era bom e que agora as coisas não estão bem... Tristes escolhas mesmo, mais triste povo, alias que como disse uma vez Salazar a António Ferro (citação não oficial):
Este povo é muito fraquinho.