Espaço de crítica tendencialmente destrutiva

quinta-feira, novembro 29, 2007

A semana em linhas curtas

2ª feira -Pais Doente

Na passada segunda feira noticiava com enorme aparato o Jornal de Negócios que mais de 800.000 mil pessoas sofreriam de doenças raras. Em peça jornalistica de rigor inviesado escrevia o belo períodico nortenho que embora não havendo estudos em Portugal haveria de acordo com a OMS ou outra qualquer organização, uma estatística de que 8% da população mundial padecia de maleitas raras.

Além de por cá achamos que é Dr. House a mais lá para o lado da redacção, as doenças eram tão raras que nínguem sabia quais eram e aí em diante. De facto é notório que em Portugal os nativos são apegados a maleitas e achaques e piripaques diversos, sempre raros e sempre graves. Alias desafio os jornalistas a, fiando nas diversas estatísticas que diariamente entopem os noticiários a encontrarem um português saudável e sadio.

Provavelmente esse das duas uma ou já morreu ou então ainda estará para nascer. Uma notícia
original com rigor é igualmente rara.

3ªfeira Fair Play e Desportivismo

É raro neste blog postar acerca de situações pessoais, não gosto, caí mal e é transformar este Olimpo da liberdade e das discussões saudáveis em coluna do leitor, ou pior ainda no diário pessoal de A ou de B, isto claro na expectativa de que existem leitores, o que a mim me é indiferente claro...

Continuando e sem demoras, o autor destas linhas é participante em torneio de futebol com laivos de profissionalismo. Ou seja uma liga organizada com equipas que jogam somente por prazer do desporto. Seja por que motivo for os jogos são caracterizados com galhardia e animo na disputa do jogo. Padecem contudo o luso gentio de enormes defeitos, que também se vêm no futebol profissional e daí serem de interesse. Primeiramente espera-se sempre que o arbitro seja omnipresente e que veja todos os lances, especialmente os foras de jogo entre outros, causando-se pausas desnecessárias de jogo em protestos espúrios e pedidos de faltas ou outras cominações. É típico mesmo... Em segundo lugar terminam muitas vezes os jogos com trocas de "piropos" entre participantes, desenbocando em insultos mais ou menos gritantes. Raras vezes como na passada semana resultaram em desacatos e cenas de pancadaria fora do campo e depois do periodo de jogo dignas de porteira de prédio, com vários individuos pegados e sempre todos se queixando.... Luso Fado, sem dúvida, mas pior ainda é que os nativos desconhecem a palavra fair play num jogo intrinsecamente de contacto, não sabendo nem querendo distinguir entre a malícia e a perícia ou o modus agendi de jogo.

Nós por cá somos ou gostariamo-nos de considerar desportivistas q.b. e especialmente correctos dentro e fora do campo. Infelizmente não somos imunes a provocações mas também não as alimentamos.

A atitude britânica muitas vezes propalada é um modelo com as limitações de carácter de cada um e do povo ao qual o autor faz parte por nascimento e cultura, para o bem e para o mal, é erradamente interpretada, não implica palmadinhas nas costas e afectos como muitas vezes se julga mas antes o contrário, ou seja jogar o jogo como este é mas com correcção para com os demais participantes e ao adversário. Nada de "intimidades" excessivas, nada de arrogâncias desmesuradas, mas antes uma atitude correcta. Ou seja e como o próprio étimo que lhe dá origem diz, ser FAIR. É esta a génese do fair play. Parece simples e até redundante mas saberá o nativo comportar-se conforme?

Cabe aqui evocar um episódio do saudoso Eça de Queiroz em os Maias, o da corrida de cavalos, que termina com um sururu e rixas valentes.

4ª Feira American Ganster

O filme de Riddley Scott com Russel Crowe e Denzel Washington é merecedor de todos os cêntimos dispendidos na aquisição do ingresso. A história de Frank Lucas, sua ascensão, zénite e queda é mais do que isso. É um retrato de uma época na cidade de Nova Iorque. Pano de fundo e evento que condiciona a história, a Guerra do Vietname, não como driver da acção ou seja cenário, não como mal ou bem que se deseja criticar, mas antes como linha histórica interessante que condiciona subrepticiamente o filme.

O realizador ao longo de todo o filme insere menções muito suaves de diversos momentos do conflito, normalmente por intermédio de imagens míticas de televisão ou fragmentos que acompanham ao de leve a acção do filme. Ao contrário do que muitos julgam não se vêem no filme os "peace ralies", Woodstock, os Hippies ou outros elementos que geralmente se associam a esse período histórico. Alias e excepto o consumo de heroína e seus efeitos na população militar que regressa do Vietname pouco mais transpira do conflito, além claro da ténue imagem paralela que acompanha a acção do filme.
Pelo contrário, o filme trata da corrupção que decorre da guerra, mas não só, da brutalidade de NY no final dos anos 60, da inoperancia do sistema legal e da preponderância da criminalidade organizada em todos os ramos de actividade na rua. A imagem é contudo dada de forma brutal, seja a do flagelo da heroína, da laxividade das autoridades e mesmo de uma cultura de corrupção, seja de que de facto naquela altura o império da lei tinha um significado diferente.

Denzel é Lucas que passa de ajudante de antigo "ganster" de Harlem a nº1 no domínio da importação e controlo do tráfico de droga. Como consegue um negro fazer isto, é uma questão colocada por uma personagem a meio do filme. Fácil Lucas transforma e gere a sua operação de importação e tráfico como uma empresa ou seja com margens, uma ética e com discrição, ao invés de seus concorrentes que não passam de "gangsters" tout court.
Alias é interessante ver a questão das margens ao longo do filme. O seu protagonista quer fazer negócio e ganhar a sua parte, para tal contrata com a Máfia certos aspectos, com intermediários locais outros e ainda com elementos de todo o aparelho do Estado e das Forças Armadas. Todos ganhavam a sua comissão e todos eram felizes pois o negócio era proveitoso a todos pois todos recebiam. Contudo nos momentos em que o tráfico de heroina parece uma coisa até com uma certa ética o realizador brinda o espectador com cenas de dura realidade, de consumidores com overdoses, de crianças abandonadas, de todo um mundo que circula em torno do comércio de drogas e do flagelo que o vício causa aos seus consumidores.

Mais se poderia escrever contudo é ao bom leitor que cabe fazer a sua análise.

5ª Feira Obsessões Governamentais

O governo deste pais, contradição nos termos decidiu que a opção de manter o aeroporto na Portela está fora de questão, juntamente com o Montijo ou outra. O Estudo da ACP demonstra diversas vantagens na solução que há muito defendemos, ou seja a criação de dois aeroportos diferenciados consoante a qualidade de serviço que o cliente deseja contratar. Ou seja Portela serviço normal, Montijo low cost. Infelizmente o bom senso nacional é, além de rapar o tacho dos impostos, criar projectos megalómanos e farónicos nos quais o custo e as vantagens económicas raramente são variáveis a considerar.

OTA, OTA, OTA, só OTA, um aeroporto a 50 km's de Lisboa com redes de alta velocidade e auto-estradas reforçadas, milhares de mil´hões de toneladas de terra movimentadas tudo em prol de que interesses? Porque a OTA, porque o novo aeroporto e não aproveitar os recursos existentes, porque esta aversão a novos estudos?

Medina Carreira há muito respondeu à questão do porque na OTA....

Porque é mais caro! O que se esconde por detrás já todos sabemos bem....

Etiquetas: , , , ,

quinta-feira, novembro 22, 2007

Mais uns bitates sobre Chavez!

(i) Chavez e Socrates

Que a política se faça de momentos que nem todos se orgulham acreditamos, que os interesses de Estado muitas vezes justifiquem a reunião com governantes de paises cujo caminho e opções só podemos repudiar também e ainda que os negócios o obrigem ibidem, desde que sejam respeitados limites do estritamente necessário. Não devemos ser ignóbeis ou mesmo ingénuos quanto às relações internacionais neste ponto.

Alias e fazendo um paralelismo com a vida quotidiana muitas vezes por motivos profissionais somos obrigados a privar com indivíduos que além de motivarem a nossa repulsa e desinteresse, jamais dirigiriamos a palavra numa ocasião social ou convidariamos para casa.

Sócrates recebeu Chavez e fecharam-se uns negócios. Há uma comunidade portuguesa na Venuzuela que justifica especiais atenções por parte da nossa diplomacia, nomeadamente se considerados eventos recentes como rapto de cidadãos portugueses ou o impacto da política económica chavista nesta comunidade.

Não desejando desenvolver muito a questão dos contratos da Galp e outros, assim como do papel de Mário Soares e da sua fundação, subsidiada com dinheiros públicos, neste assunto queremos somente lembrar que uma coisa é fazer negócios com Chavez, outra pior é caucionar a sua actuação política interna e externa.

Foi este o tópico de reflexão oferecido por Pacheco Pereira (JPP) ontem na quadratura do círculo e com o qual concordamos. A actuação de Sócrates, motivada por razões de Estado compreende-se, já palmadinhas nas costas e juras de amor não.
Infelizmente em Portugal e por motivos de diversa índole, nomeadamente o «nacional porreismo», são ambos os campos difíceis de separar, alias o português padece do mal de meter tudo no mesmo saco e de dificilmente conseguir separar dois planos distintos ou seja o profissional ou os negócios do pessoal ou afectivo.

É assim que somos, recebe-se um malandro em casa e trata-se como se fosse o melhor amigo, com expressões como «sinta-se em casa» ou simplesmente «que somos povos parecidos». Talvez isso explique o Estado de coisas presente e o facto de sermos atavicamente periféricos e paroquianos.

Aproveitando o método de Marcelo Rebelo de Sousa, nota 10. Fez-se o negócio muito bem mas a partir daí esta-se a caucionar um ditador em potência.

(ii) Chavez é ditador?

Os benévolos acólitos da esquerda dizem que não, que o indivíduo foi democraticamente eleito e que governa através de referendos às suas medidas. Algumas luminárias bem pensantes que somente a esquerda consegue produzir e para simpatia de muitos vão mais longe e louvam de sobremaneira a democracia directa do líder da Zarzuélia...

Factos, Chaves promoveu eleições que ocorreram em clima semi livre e nas quais a Oposição recusou em participar. O congresso da Venuzuela é composto somente por membros lá da tribo o sítio somente. Será isto democracia? Depende das condições em que se realizaram as eleições entre outras. Salientamos antes do mais que Chavez já encerrou um canal privado televisivo e faz "letra morta" de contratos privados ou públicos de concessão, alias como se vê na esteira da polémica do "porque no te callas".

Mais ainda a Democracia Chavista vale tanto como a da "noite fascista em Portugal", pois nas eleições do pós-68 e mesmo antes as oposições perderam muitas vezes por falta de comparência, alegando a falta de condições para a realização das eleições. Mais ainda a Constituição de '33 foi inicialmente referendada também portanto e obviamente não esquecendo as diferenças entre ambas as situações poder-se-ia pelo mesmo critério de maioria de razão dizer que ambos os regimes foram democráticos.

Oh Louçã e outras luminárias, respondam a esta!

Se um foi ditador como a jorros o consideram o outro pelo mesmo critério também o será! Tenho dito. Já agr entre as conversas em família do Dr. Caetano e as prédicas de longas horas do Sr. Chavez acho que a maioria preferia o Dr. Caetano, não obstante os minutos do "Zip-Zip" ou outra qualquer programação que dava à epoca e cujo conhecimento me escapa.

Imagine-se hoje predicas de horas em prime time sobre as novelas da TVI ou da SIC. Desconfio que até o Sr. Louçã se importaria...

(iii) O regresso do Dr. Soares

Depois de há quase 2 anos ter sido pulverizado eleitoralmente o Dr. Soares regressa, desta vez aportando na mão uma resma de contratos da Galp e um raminho de oliveira tentando reconciliar o Rei de Espanha com Chavez. Já nos idos de 90 tentou o Dr. Soares em Belém uma solução para o conflito israelo-palestiniano e para a Guerra do Golfo que certamente teria suscitado "comic reliefs" nas chancelarias do mundo caso tivesse sido levada minimamente a sério, o que para bem da credibilização do pais não veio a suceder.

A proposta de bons ofícios e paninhos quentes felizmente só aqui na paróquia teve ecos, ou seja mais um episódio para consumo interno. Todo o episódio é grotesco a começar pela buçal conduta de Chavez e que teve resposta à altura. Para gaúdio dos amantes do socialismo Chavez retaliou tal qual um qualquer régulo ou soba africano, ou seja contra os que nada têm que ver com a historieta. Neste caso a fava calhou às empresas espanholas que fazem negócios na Venuzuela. O nexo de causalidade, simples ou seja eram espanhois e está tudo no mesmo saco. Argumentação própria de um delirante ditador, já agora eram judeus, negros ou whatever...

Nem Idi Amin se lembraria de melhor desconfiamos.

Ora voltemos à pomba de Novembro, o Dr. Soares por um lado junto do monarca de Castela e o Sr. Sócrates do outro junto do Coronel das Bananas. A ideia além de risível é ilustrativa da atávica dimensão do nosso pais e pequenez mental. É o costumeiro luso-feitio distribuindo boa vontade gratuitamente num mundo bem mais sério e complexo.

Tristes figurinhas, todas menos o Monarca de Castela... e nos a darmos crédito a Chavez e afins.

(iv) O avião de Fidel

Chavez deslocou-se no seu périplo de boa vontade no avião de fidel, que ostenta as cores flamejantes da linha aéria "Cubana". Falamos pois de um belo iliushin 96, igual ao de putin. Provavelmente dos aviões menos eficientes em termos de consumo do mundo, especialmente em comparação com os Airbus e Boeing's da praxe. Tal não relevaria se Chavez não viesse pregar sobre energias renováveis e ecologias... Para rir....

Já agora lata, pra sucata!

(v) Os agit props do costume

Parece que meia dúzia de aves raras ainda foi elogiar Chavez com pancartas ilustrando "Soberania sim, ingerência não". A proveniencia daquelas criaturas é uma de duas, ou os mesmos figurantes da agência de casting do Choque tecnológico ou pior as velhas e genuinas aves vermelhas do PCP.

Ambos os casos são tristes, contudo se foram os bolcheviques é risível não somente pelo historial vermelho de ingerências mas também por Chavez ser o maior destabilizador da Colômbia (também soberana) tendo uma política para com as FARC de muitísssimo condenável. Aos bonequinhos de serviço portanto uma palavra: Palhaços!

Etiquetas: , , , ,

terça-feira, novembro 20, 2007

Notas sobre Espanha

(i) 20 N

Apraz aos castelhanos há muito já qualificar as datas da forma em epígrafe. Em 20 de Novembro de 1975 falecia o Generalíssimo Francisco Franco, Caudilho de Espanha. Uns comemoram a data, outros lamentos e outros ainda a consideram com a soberba indiferença do dia a dia.

Este ano contudo, tal qual nos longínquos idos de 1975 esta data têm algo de único, é o último ano em que a comemoração do franquismo e do regime vigente em Espanha entre os anos 1939 e 1975 pode de forma livre e em paz com a sua história celebrar a efeméride ou ignorar esta, consoante a vontade de cada um. Porque?

A resposta é de chapa, ou decreto, por conta da Lei da Memória Histórica. Esta peça de revisionismo legislativo visa por decreto mudar a história. Nada de novo para a esquerda que parece padecer de um certo alzheimer selectivo no tocante à história, ou seja, honra e lembra-se somente do que lhe interessa e por decreto anula e visa alterar o resto. A absurda construção legal visa consoante o juízo do momento "acertar as contas com a história", retirando símbolos franquistas e mudando locais emblemáticos como o Vale dos Caídos entre outros.

A lei como o dissemos antes é abstrusa e absurda pois é motivada por puro revenchismo com o facto de num conflito civil o lado que hoje se encontra em maioria ter perdido. Tal é errado pois não permite uma verdadeira reconciliação histórica uma vez que esta é espontânea e sem quaisquer subterfúgios legais. Infelizmente nos últimos anos a actuação de certas forças políticas, respaldadas no PSOE de ZP conseguiram por em discussão tudo sobre a Transição que se seguiu ao Franquismo.

Diram alguns que as coisas não devem continuar imutáveis e inalteráveis. É um facto, contudo a afirmação caí pela base no tocante a Espanha uma vez que a Espanha de '75 é bem diferente da de hoje, não só em termos de riqueza económica mas também e mais importante em pluralismo saudável criado naturalmente e não por decretos. A Lei da Memória histórica demonstrará que sob os auspícios das melhores intenções se escondem acertos de contas e agendas políticas que não hesitam em utilizar a história como arma de arremesso.

(ii) Reforma Fiscal

Mariano Rajoy definiu já o tema que será a guideline principal para a campanha eleitoral do próximo ano. Reforma Fiscal. A sua proposta simples e eficaz. Isenção total de IRS a todos os cidadãos com rendimentos globais inferiores a €16.000 ano. A isto junte-se o facto do IVa e demais impostos sobre o consumo serem já baixíssimos em Espanha.

Transpondo a Portugal a realidade continuamos com o Seu Menezes a dizer que baixa de impostos «Nim», o Teixeira dos Santos o mesmo. Como termo de comparação um indíviduo com rendimento inferior a 16.000€ ano em Portugal encontra-se no escalão dos 23,5% de IRS. Admitimos estar somente perante uma promessa eleitoral, contudo se tal fosse transposto para o lado de cá da fronteira implicaria que muitas pessoas deixariam de andar a trabalhar 1/4 do ano aproximadamente para pagar impostos sobre o trabalho, cujo peso se faz sentir no corpo de quem se alça cedo da cama em vez de ficar à espera das "novas oportunidades", de "rendimentos de inserção", de uma casinha do estado ou outras esmolas que prodigamente se distribuem. Há coisas fantásticas não há? Claro que sim, mas é para lá de Badajoz.

(iii) O cozinheiro e o HIV.

É de conhecimento comum que a SIDA nao se transmite por beijo, por toque etc, contudo vivemos num mundo em que os standarts sanitários são crescentes, as embalagens devem estar etiquetadas, os alimentos rotulados e separados uns dos outros em câmaras frigoríficas distintas. O pessoal deve obedecer a crescentes exigências sanitárias. O episódio descrito por AOC e sua posição são por mim secundadas.

A sida não se transmite por o cozinheiro ter SIDA como é consabido contudo há um risco em quem lida com alimentos e instrumentos acutilantes em induzir o contágio. Os imans do politicamente correcto vituperam a relação de Lisboa por entre outros aspectos ter realizado um juízo de prognose sobre o risco, o risco de uma infecção do pobre cozinheiro, um corte, uma ferida etc, além do alarme aos colegas de profissão e aos clientes.

A questão não é se os profetas do sanitarismo ou os "geriartricos" juízes têm ou não razão, mas antes do risco que se passa a correr, não apenas jurídico mas antes do mais de saúde pública. A Relação assim decidiu, e bem na nosssa opinião.

Ademais não se preclude o direito ao trabalho aquele cidadão, pelo contrário, o que se diz é que aquela actividade representa um risco acrescido que a sociedade não deve correr. O mesmo se passaria com um piloto que por acidente têm tonturas ou episódios psicológicos, de um enfermeiro psicopata ou outros exemplos mais sãos que os expostos visto ser um argumento ad absurdum... já agora para quando se proibem os políticos cleptomaniacos ou megalómanos?

Etiquetas: , , , , ,

segunda-feira, novembro 19, 2007

Vamos lá ver se nos entendemos

Caros,

Li esta notícia http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1311099&idCanal=62 e resolvi escrever um post, nomeadamente por causa dos inúmeros posts por essa blogosfera afora relativamente à mente "fechada" e "vexatória" dos juízes do Tribunal da Relação de Lisboa.

Gostava de deixar bem claro a minha posição. Estou a favor desta decisão! Não propriamente por achar que não deve haver cozinheiros portadores do VIH Sida, mas antes porque não deve haver a ideia, no meu entendimento, de que todas as profissões são passíveis de serem praticadas por todas as pessoas, por igual.

O igualitarismo com que a sociedade politicamente correcta olha para os seus membros, faz com que tudo pareça igual, tudo seja equilibrado, tudo seja pesado e repesado. Ora este igualitarismo não contempla o simples facto de que um portador do VIH Sida não poder ser igual a um Tubercoloso que por sua vez não é igual a uma pessoa saudável (o que quer que isso seja).

Alguem dos queridos e amáveis amigos que nos lê, pensa antes de ir jantar se o cozinheiro que nos prepara a refeição está doente? Ou se padece de alguma doença grave?

Provavelmente diria que não pensava, antes deste acordão. Mas não pensava porque depreendia. Depreendia que, alguém que não esteja em perfeitas condições de saúde pode ser um risco para os seus colegas de trabalho, ou para os clientes do restaurante e consequentemente não vai trabalhar.

Diferentemente, no presente caso, o cozinheiro portador do VIH Sida sabe que pode tomar todas as precauções possíveis, mas existe sempre, um risco (por mais pequeno que seja) de infectar alguém.

Como explicar a esse alguém, que o restaurante tem um cozinheiro portador de VIH Sida que por um azar dos távoras, o infectou? De quem seria a responsabilidade?

Etiquetas:

quarta-feira, novembro 14, 2007

Antecipando a borrasca

Antecipando a crispada tempestade de comentários que sucederam às declarações do embaixador americano em Portugal sobre as parcerias estratégicas da Galp com a Gazprom e a empresa nacional de petroleos da Venuzuela é nosso interesse tecer considerações que se querem breves.

[ler aqui http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=305828]

O que o embaixador americano disse acerca dos parceiros de negócio da Galp é inteiramente verdadeiro, além de ser do mais elementar bom senso e julgamos ou esperamos do conhecimento da Administração da Galp. Sem nos perdermos em considerações sobre as melífluas Gazprom e a PDVSA, ambas controladas pelos respectivos Governos, lembramos dois episódios que sucederam recentemente. O primeiro a iniciativa chavista de nacionalizar todas as fontes de petróleo por decreto, em despeito a todos os contratos de concessão entretanto firmados com as petrolíferas internacionais com direitos na Venuzuela. A Gazprom e o Governo russo no ano passado e no pico do inverno por retaliação à actuação do Governo da Ucrânia cortaram o fornecimento de gás natural, assim como a parte da Europa Ocidental. Isto no meio do inclemente inverno.

Ambas as actuações são exemplos do que havia já sido descrito no livro de Alexandre Adler acerca das ameaças para o século XXI ou seja do petróleo e o gás natural serem utilizados como armas políticas ao arrepio das regras ou contratos estabelecidos com esses mesmos países. Alias é com temor que se olha para a Rússia de Putin por conta desta "arma" económica.

Imagino que a admnistração da Galp saiba de ambas as circunstâncias e que conheça e aceite do risco do negócio na expectativa que não obstante a extorcionária postura de ambos os governos o negócio compensa. Assim o exijo alias como accionista (fica para o futuro como declaração de interesses.

Assim o que o Embaixador dos EUA diz é do mais elementar e comum bom senso. Fazer negócios com parceiros voláteis é sempre arriscado, recomendando-se sempre prudência. Não obstante é também do mais elementar bom senso que o "parolame" militante anti-americano vai ressurgir sobre as mesmas declarações brados sempiternos de "yankees imperialistas" entre outros ainda mais imbecis e idiotas que demonstram uma aversão primária anti-americana destituída de qualquer racionalismo apenas por se pronunciarem estas declarações sobre os interesses da Galp.

Será interessante ver as araras vermelhas ou as aves raras na direita a vituperarem os EUA com argumentos de todo o tipo enquanto defendem um multinacional. Tudo em nome claro do já antedito ódio primário americano...

Cheira-me que daremos umas boas gargalhadas ainda a ver o Sr. Louçã ou outros no PS a fazerem o pino e outras coisas para criticar os EUA...

Etiquetas: , ,

segunda-feira, novembro 12, 2007

Dicionário de Politiquês em Portugal II

Persistindo no esforço de dotar os leitores deste blog instrumentos lógicos que lhe permitam ler os chavões da política e comunicação social nacional cá vão mais umas achegas a tão nobre propósito

Prevenção rodoviária - Caça à multa para tentar mitigar o facto de que a condução é uma actividade que requer alguma inteligência e portanto incompatível com o luso gentio.

Valores - coisa que não existe em Portugal, moldáveis consoante as circunstâncias e as ocasiões.

Debate na AR- (i)Contradição nos termos, debate na AR pressupões dois interlocutores com capacidade de entendimento e raciocínio; (ii) troca de argumentos que redunda sempre em duas posições extremadas, a de que o Governo pôs o pais no caminho e no progresso e a de que tudo está mau e a culpa é do presente Governo.

Austerlitz de Sócrates - Não existe. Vide Aldeia de Potemkim

Aldeia de Potemkim ou de Sócrates - expressão que remonta aos tempos dos czares russos para ilustrar a discrepância entre os governantes e a sua ideia de pais desenvolvido encapotando o "pais real" ou seja a miséria a pobreza e a insalubridade; (ii) distribuição de coisas de alta tecnologia para mostrar inovação ao mesmo tempo que continua tudo na mesma; (iii) alter ego do choque tecnológico.

Choque tecnológico- (i) embate entre duas concepções vigentes no mesmo pais a de um atraso enorme com uma modernidade resplandecente; (ii) cosmética social e empresarial, meia dúzia de portais de internet e outros para maquilhar a lentidão e atraso estrutural do pais; (iii) propaganda chavista importada para a paróquia local.

Choque fiscal -(i)vide (i) supra; (ii) buraco negro da política, ausência de matéria e substância.

Santana Lopes- (i) político e ex-primeiro ministro; (ii) méscola entre Lázaro, alvo preferencial de comunicação social e máquina de lotaria, anda à roda e faz sempre alguém feliz; (iii) mito, objecto de adoração feminina; (iv) ódio de estimação e temor de muita gente.

José Socrates - (i) bacharel de engenharia do ambiente; (ii) licenciado em engenharia do ambiente; (iii) pos graduado em engenharia do ambiente; (iv) colosso de inglês técnico; (v) a retórica do vazio; (vi) político e amorfo e destituido de sentido perene, consoante os dias; (vii) indivíduo a não insultar na companhia de um colega funcionário público; (viii) vide também conde de Abranhos em versão Margarida Rebelo Pinto;

Central de Comunicação - (i) entidade de contornos místicos vetada por Jorge Sampaio; (ii) entidade de contornos misticos que existe na PCMinistros mas que poucos ou nínguem fala e todos desconhecem; (iii) ministério da propaganda, Pide, Censura Prévia, ERC e afins todos e ao mesmo tempo coisa alguma.

Extrema direita - (i) linha que demarca um prédio rústico ao lado direito do indivíduo que está ao centro; (ii) gajos dementes que misturam Hitler, Rudolf Hess e Salazar, tudo à la minute e não se percebe muito bem coisa alguma; (iii) inimigos da III república, alvo priviligiado e coisa que não pode existir num regime democrático e de liberdade de expressão; (iv) massa pensante que consenguindo teorizar conceitos de direita os consegue extremar, se algum ; (v) esqueleto no armário nacional, inimigo público e ameaça imaginária de estimação de muitos políticos e forças sociais; (vi) todos os que não pensam como o Louçã ou o PCP; (vii) conceito vago e por definir consoante as coisas do momento; (viii) movimento de representação política marginal que partilha um ideário místico e complexo e que seduz e assusta muitos;

Extrema esquerda- (i) o oposto do conceito exposto em (i) supra; (ii) vanguarda proletária, herois da revolução; (iii) indivíduos que podem fazer tudo a coberto do ódio ao tio sam, as multinacionais ou seja a que for que não lhes permita manter um estilo de vida indigente e quasi-criminoso com o glamour do igualitarismo e fraternidade; (iv) iguais aos da extrema-direita mas tolerados pelo regime e protegidos por alguns políticos; (v) indivíduo ateu que odeia manifestações de religião cristã mas que tolera um extremista islâmico em prol do odio ao Tio Sam; (vi) escola de política indispensável dos anos 70 para para nos anos 80 em diante ser alguem na política; (vii) conceito vago que pode incluir tudo, inclusive os que defendem que a violência é legítima quando contra inimigos imaginários; (viii) indivíduos de salubridade mental e corporal duvidosa que se acham iluminados por serem arautos de uma contra cultura imbecil e triste; (ix) burguês com depressão social prolongada e em fase prolongada de negação; (x) gajos que simplesmente não querem trabalhar mas que por inveja, ócio ou simplesmente má formação mental querem que todos sejam à sua imagem;

Pró-europeu- (i) indivíduo que comunga de forma dogmatica a cartilha de Bruxelas; (ii) os "bons" no seio da comunicação social europeia dominante; (iii) indivíduo ao qual basta ser a favor da Europa, e que não discute o que esta é; (iv) ficção, clique burocrática que deseja etiquetar e criar uma utopia política e social de consequências graves;

Anti-Europeu - (i) alguem que tenha o desplante de raciocionar a europa em termos diferentes do modelo dominante de bruxelas; (ii) Anti-Cristo; (iii) Alguém que ache que a 9ª sinfonia de betoveen é somente isso; (iv) anti-federalista, anti-tratado europeu; (v) indivíduo que atenta contra a europa; (vi) pobre indivíduo que acha almeja por algum tipo de consulta popular à construção da UE;

Liberdade de expressão - (i) faculdade de enaltecer a UE gratuitamente; (ii) faculdade de exprimir através de palavras e gestos o seu pensamento político ou social, desde que enquadrado nos trâmites dominantes e com "respeitinho" ao politicamente correcto; (iii) coisa que existe para extrema esquerda e legitimada de qualquer forma; (iv) proibida à extrema direita;

Déficit - (i) obsessão governativa; (ii) deficiência crónica entre receitas e despesas que deve ser colmatada pelas classes médias de forma a permitir ao Estado Social gastar cada vez mais por menos serviços; (iii) Fado luso, gastar mais do que o que se têm e deixar que sejam os outros que paguem as contas;(iv) Malabarismo contabilistico manipulável consoante a criatividade ou o expediente político de circunstância; (v) monstro negado nos tempos de Guterres e Oliveira Martins, coisa de somenos importante considerada por Sampaio, desígnio nacional nos tempos de Sócrates;

Mário Lino - (i) nunca jamais em tempo algum; (ii) ministro multi-posições sobre a mesma coisa mas com a mesma cara; (iii) OTA; (iv) TGV; (v) Alcochete; (vi) ausência de credibilidade política; (vii) Potemkin

Austerlitz de Menezes - (i) batalha política imaginária ; (ii) triunfo unicamente possível por falta de comparência; (iii) populismo, menção obrigatória quando se escreve menezes de acordo com os imans do politicamente correcto;

Pensar - (i) acto de estimulação electrica mental que poderá conduzir a resultados imprevisiveis; (ii) agir somente identificado em portugueses de excepção, conta-se que o último faleceu em 1970, há quem duvide?!;(iii) faculdade permitida de acordo com o cancioneiro histórico somente a partir do dia 25 de Abril de 1974; (iv) faculdade gnoseológica de produzir um raciocínio elaborado e com lógica formalizada; (v) Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, António Barreto, Maria Filomena Mónica, Paulo Portas (se não tiver uma câmara de televisão por perto); (vi) qualkidade extinta na ocidental praia lusitana;(vi) qualidade nunca exportada na diáspora lusitana;(vii) faculdade mental da qual pessoalmente não sou capaz especialmente aquando escrevo muitas linhas neste blog;

Rio das Flores - (i) livro monstuoso em tamanho e sem qualquer conteúdo; (ii) história maçuda de uns tipos vagamente conhecidos de MST; (iii) Esmaltes e Joias!; (iv) romance histórico de enorme qualidade de acordo com a inteligenzia lusa assim como muitas fêmeas portuguesas; (v) publicação por mim comprada,lida e paga (infelizmente!)

MST - (i) Miguel Sousa Tavares; (ii) grande portista, (iii) indivíduo capaz em raras ocasiões de lampejos pensantes; (iv) amigo de VPV

Etiquetas:

terça-feira, novembro 06, 2007

Breves notas sobre o debate do OE 2008

Lamentando o longo afastamento das lides blogisticas, gostaria apenas de fazer umas brevissimas notas acerca do debate do OE de 2008.

O tão esperado embate Santana Socrates redundou numa troca amargurada e cinzenta entre dois membros do centrão. Lamentavelmente para o Pais Sócrates demonstra toda a sua garra, depois de repetidamente ter dito que não voltaria a falar do passado, em 2005, em 2007 volta à carga com o breve consulado de Santana. É triste, é triste porque desvirtua os meritos de todo e qualquer debate uma vez que redunda na velha lenga lenga do quem foi que fez primeiro e quem veio depois, tudo claro a expensas do contribuinte. Mérito relativo a Santana, que nem velho Leao lá rebateu a verve socrática bafenta dos tempos de oposição, que aceita com resignação o veredicto popular de 2005. Aquele que legitimou Sócrates em todo o seu esplendor, e suas promessas.

A velha lenga lenga portanto produziu pouco além de um debate azedo e descortes no qual Socrates dá nas vistas pela sua parolice bacoca revertida de léxicos modernos e face lifts de alta tecnologia. Na verdade o que esconde por debaixo é fácil de ver, um meio caminho entre lado algum e algum lado, sem modelo de governação, sem impeto reformista e pior ainda sem a menor ideia das funções do estado. Além disso o debate recai nos useiros e vezeiros dados estatísticos com percentis para todos os gostos. Aqui acompanho Paulo Portas há um indicador que salta à vista, o do peso das receitas fiscais na despesa (julgo) ou seja aquele que indica quanto do que o estado gasta vem dos contribuintes. Ou seja aquele que ininterruptamente não parou de aumentar...

Nota para os três pontinhos de Santana, o do IVA, das portagens nas SCUTs e o da Segurança Social, não vale a pena bater à volta do arbusto (do ingles literal), com investimentos e deduções de tostõeszinhos etc...

Nota final para a indelicadeza, arrogancia e azedume de Socrates no seu discurso denotando os efeitos nefastos do poder que intoxica demasiadamente. Tiques demasiados para tão banal estadista. Ficam estas brevíssimas palavras, mais o tempo nao permite.

Etiquetas: , , ,