A semana em linhas curtas
2ª feira -Pais Doente
Na passada segunda feira noticiava com enorme aparato o Jornal de Negócios que mais de 800.000 mil pessoas sofreriam de doenças raras. Em peça jornalistica de rigor inviesado escrevia o belo períodico nortenho que embora não havendo estudos em Portugal haveria de acordo com a OMS ou outra qualquer organização, uma estatística de que 8% da população mundial padecia de maleitas raras.
Além de por cá achamos que é Dr. House a mais lá para o lado da redacção, as doenças eram tão raras que nínguem sabia quais eram e aí em diante. De facto é notório que em Portugal os nativos são apegados a maleitas e achaques e piripaques diversos, sempre raros e sempre graves. Alias desafio os jornalistas a, fiando nas diversas estatísticas que diariamente entopem os noticiários a encontrarem um português saudável e sadio.
Provavelmente esse das duas uma ou já morreu ou então ainda estará para nascer. Uma notícia
original com rigor é igualmente rara.
3ªfeira Fair Play e Desportivismo
É raro neste blog postar acerca de situações pessoais, não gosto, caí mal e é transformar este Olimpo da liberdade e das discussões saudáveis em coluna do leitor, ou pior ainda no diário pessoal de A ou de B, isto claro na expectativa de que existem leitores, o que a mim me é indiferente claro...
Continuando e sem demoras, o autor destas linhas é participante em torneio de futebol com laivos de profissionalismo. Ou seja uma liga organizada com equipas que jogam somente por prazer do desporto. Seja por que motivo for os jogos são caracterizados com galhardia e animo na disputa do jogo. Padecem contudo o luso gentio de enormes defeitos, que também se vêm no futebol profissional e daí serem de interesse. Primeiramente espera-se sempre que o arbitro seja omnipresente e que veja todos os lances, especialmente os foras de jogo entre outros, causando-se pausas desnecessárias de jogo em protestos espúrios e pedidos de faltas ou outras cominações. É típico mesmo... Em segundo lugar terminam muitas vezes os jogos com trocas de "piropos" entre participantes, desenbocando em insultos mais ou menos gritantes. Raras vezes como na passada semana resultaram em desacatos e cenas de pancadaria fora do campo e depois do periodo de jogo dignas de porteira de prédio, com vários individuos pegados e sempre todos se queixando.... Luso Fado, sem dúvida, mas pior ainda é que os nativos desconhecem a palavra fair play num jogo intrinsecamente de contacto, não sabendo nem querendo distinguir entre a malícia e a perícia ou o modus agendi de jogo.
Nós por cá somos ou gostariamo-nos de considerar desportivistas q.b. e especialmente correctos dentro e fora do campo. Infelizmente não somos imunes a provocações mas também não as alimentamos.
A atitude britânica muitas vezes propalada é um modelo com as limitações de carácter de cada um e do povo ao qual o autor faz parte por nascimento e cultura, para o bem e para o mal, é erradamente interpretada, não implica palmadinhas nas costas e afectos como muitas vezes se julga mas antes o contrário, ou seja jogar o jogo como este é mas com correcção para com os demais participantes e ao adversário. Nada de "intimidades" excessivas, nada de arrogâncias desmesuradas, mas antes uma atitude correcta. Ou seja e como o próprio étimo que lhe dá origem diz, ser FAIR. É esta a génese do fair play. Parece simples e até redundante mas saberá o nativo comportar-se conforme?
Cabe aqui evocar um episódio do saudoso Eça de Queiroz em os Maias, o da corrida de cavalos, que termina com um sururu e rixas valentes.
4ª Feira American Ganster
O filme de Riddley Scott com Russel Crowe e Denzel Washington é merecedor de todos os cêntimos dispendidos na aquisição do ingresso. A história de Frank Lucas, sua ascensão, zénite e queda é mais do que isso. É um retrato de uma época na cidade de Nova Iorque. Pano de fundo e evento que condiciona a história, a Guerra do Vietname, não como driver da acção ou seja cenário, não como mal ou bem que se deseja criticar, mas antes como linha histórica interessante que condiciona subrepticiamente o filme.
O realizador ao longo de todo o filme insere menções muito suaves de diversos momentos do conflito, normalmente por intermédio de imagens míticas de televisão ou fragmentos que acompanham ao de leve a acção do filme. Ao contrário do que muitos julgam não se vêem no filme os "peace ralies", Woodstock, os Hippies ou outros elementos que geralmente se associam a esse período histórico. Alias e excepto o consumo de heroína e seus efeitos na população militar que regressa do Vietname pouco mais transpira do conflito, além claro da ténue imagem paralela que acompanha a acção do filme.
Pelo contrário, o filme trata da corrupção que decorre da guerra, mas não só, da brutalidade de NY no final dos anos 60, da inoperancia do sistema legal e da preponderância da criminalidade organizada em todos os ramos de actividade na rua. A imagem é contudo dada de forma brutal, seja a do flagelo da heroína, da laxividade das autoridades e mesmo de uma cultura de corrupção, seja de que de facto naquela altura o império da lei tinha um significado diferente.
Denzel é Lucas que passa de ajudante de antigo "ganster" de Harlem a nº1 no domínio da importação e controlo do tráfico de droga. Como consegue um negro fazer isto, é uma questão colocada por uma personagem a meio do filme. Fácil Lucas transforma e gere a sua operação de importação e tráfico como uma empresa ou seja com margens, uma ética e com discrição, ao invés de seus concorrentes que não passam de "gangsters" tout court.
Alias é interessante ver a questão das margens ao longo do filme. O seu protagonista quer fazer negócio e ganhar a sua parte, para tal contrata com a Máfia certos aspectos, com intermediários locais outros e ainda com elementos de todo o aparelho do Estado e das Forças Armadas. Todos ganhavam a sua comissão e todos eram felizes pois o negócio era proveitoso a todos pois todos recebiam. Contudo nos momentos em que o tráfico de heroina parece uma coisa até com uma certa ética o realizador brinda o espectador com cenas de dura realidade, de consumidores com overdoses, de crianças abandonadas, de todo um mundo que circula em torno do comércio de drogas e do flagelo que o vício causa aos seus consumidores.
Mais se poderia escrever contudo é ao bom leitor que cabe fazer a sua análise.
5ª Feira Obsessões Governamentais
O governo deste pais, contradição nos termos decidiu que a opção de manter o aeroporto na Portela está fora de questão, juntamente com o Montijo ou outra. O Estudo da ACP demonstra diversas vantagens na solução que há muito defendemos, ou seja a criação de dois aeroportos diferenciados consoante a qualidade de serviço que o cliente deseja contratar. Ou seja Portela serviço normal, Montijo low cost. Infelizmente o bom senso nacional é, além de rapar o tacho dos impostos, criar projectos megalómanos e farónicos nos quais o custo e as vantagens económicas raramente são variáveis a considerar.
OTA, OTA, OTA, só OTA, um aeroporto a 50 km's de Lisboa com redes de alta velocidade e auto-estradas reforçadas, milhares de mil´hões de toneladas de terra movimentadas tudo em prol de que interesses? Porque a OTA, porque o novo aeroporto e não aproveitar os recursos existentes, porque esta aversão a novos estudos?
Medina Carreira há muito respondeu à questão do porque na OTA....
Porque é mais caro! O que se esconde por detrás já todos sabemos bem....
Etiquetas: Cinema, Doenças, Ganster Americano, Ota, Sociedade